domingo, 24 de agosto de 2025

“CARREGO SEMPRE A LEMBRANÇA SEMPRE DE ONDE VIM, POIS ISSO TORNA-ME MAIS FORTE”

 

Levei quase 66 anos para voltar às minhas origens, Argoselo. Vivendo no Estoril, aguardava ansiosamente o momento de regressar para a minha amada terrinha. Muito da minha ansiedade deve-se ao momento difícil em que me encontro. E vou contar aqui, as minhas impressões da aventura que foi estar “de volta à terra natal”.

Voltar à terra natal é sempre uma sensação agradável, muitas vezes comparada a um sonho. Rever lugares antigos onde outrora a vida sorria e a alegria era constante e real... Encontrar velhos amigos e abraçá-los e relembrar momentos de paz e de intensa felicidade.

Recordar passeios e brincadeiras sadias que o tempo e a distância não conseguiram apagar... É o reencontro que marca o retorno às raízes e enche o coração de alegria e muitas vezes os olhos de lágrimas. Tudo recomeça de volta à terra natal.

O coração bate mais forte, a curiosidade é aguçada diante de tudo que se descortina e toca. Sons e imagens que antes faziam parte apenas da imaginação, agora são realidade, algo palpável que sorri e nos convida.

O vento, símbolo da liberdade, bate no rosto, espalha os cabelos e comunica a sua mensagem e oferece a sua especial receção. As ruas com as suas esquinas parecem entender o momento e se enchem de novidades que podem ser pequenos detalhes que agora revemos e amamos. É a alegria presente em tudo vestindo de cores o doce regresso. Cada passo que se dá é como se os pés pisassem um solo sagrado. Às vezes uma pequena flor se transforma num lindo objeto. Um pássaro que passa voando parece dizer com a sua beleza que em cada recanto dessa terra se respira amor e liberdade.

Tudo tem um significado maior e uma atração quase irresistível.

O Rio Maças calmo e cristalino no verão, evoca momentos de intenso prazer quando na infância tomava-se o inevitável banho e realizava-se as peripécias da adolescência. É o passado que reaparece e deixa no peito as suas marcas.

Uma saudade teimosa chega nas asas do vento e traz nuances de um lindo passado. Quanta recordação nos vem nesse enlevo feliz! Mas é preciso ater-se ao presente e aproveitar um mundo de novidades que parece não ter fim. O passado não pode se impor em detrimento do presente.

Em meio a tantos sonhos, recordações e uma agradável realidade, de repente paira um sentimento diferente, e uma outra realidade aparece e mexe e aflora outras reações que vêm em forma de tristeza... Aquela alegria aos poucos se desvanece, o sol esconde-se nos montes... O que será que está acontecer neste momento?

Um olhar fixo e profundo pousa sobre tudo ao redor. Uma dor aguda, sintomática aperta o peito... Aproxima-se o momento de deixar a terra que me acolheu, o berço que me albergou com tanto carinho me transmitiu as primeiras lições,... é verdade com alguns altos e baixos, mas fazendo o balanço em todos estes anos, foram mais positivos do que negativos. Enfim, aproxima-se a hora da despedida. “Um dia é preciso parar de sonhar e de algum modo partir”. Malas prontas, passagem comprada, agora só resta aguardar o momento de dizer adeus. É difícil despedir, mas isto é fundamental. As dificuldades que vou superando são os degraus que me levaram ao sucesso.

Acredito ser esse uma dos melhores prazeres da vida, essa liberdade que temos para ser o que quisermos, ainda que seja mais fácil para uns do que para outros.

Nunca esqueça de onde veio é uma frase que carrega um profundo significado sobre a importância das nossas origens e experiências que moldaram quem somos. Lembrar-se de nossas raízes nos ajuda a manter a humildade e a gratidão, mesmo diante do sucesso e das conquistas. Essa reflexão nos conecta com as pessoas e os lugares que nos influenciaram, permitindo que valorizemos as lições aprendidas ao longo do caminho. Além disso, reconhecer de onde viemos nos encoraja a ser mais empáticos e solidários com aqueles que ainda estão em busca de seus próprios caminhos, reforçando a ideia de que, independentemente das circunstâncias, cada caminhada é única e merece ser respeitada.



Blog Freixagosa


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