Argoselo Vila é o lema para este espaço. O Argoselo dos nossos pais, o nosso Argoselo, dos nossos filhos e dos nossos netos, das histórias em família, dos nossos anseios, dos nossos sonhos, das nossas realidades… As saudades aumentam ao passar do tempo e, o que não é partilhado morre só… Se achar útil este blog São Bartolomeu Freixagosa, siga-me… os comentários são bem-vindos mas, moderados...
quinta-feira, 23 de julho de 2020
Nº1 PELAMES MEMÓRIAS DE SEMPRE
quinta-feira, 16 de julho de 2020
PODEMOS SER LEVIANOS, MAS NÃO SOMOS BURROS
Leviano. Gosto desta palavra. Leva-me para relembranças da minha infância quando a ouvia pronunciar na minha aldeia. É uma das muitas em via de não mais se ouvir apesar de ser simples e absolutamente exemplo de como com pouco se pode dizer muito.
Qualquer rapariga que
falasse com mais que um rapaz ao mesmo tempo, nem que fosse só palavreado
trocado, era leviana. Não pensava nas consequências e agia ao sabor do momento.
Era por certo agradável e sentia-se agradada pelas atenções recebidas. Olhava o
mundo todos os dias com muitos sorrisos ainda que ninguém hoje ainda saiba o
que está para vir.
Os rapazes quando mais
desmiolados ou desprovidos de empecilhos morais, sendo igualmente levianos eram
mais apelidados de petulantes, arma em habilidade de espingarda na era do cano
curto e outros mortíferos utensílios de cuspir fogo. Seja como for, ambos os
modos não seriam algo que recomendasse. Eram um estigma.
Mas ligando a peça ao
título antes que me transvie. Caso uma pessoa fique um migalho a olhar para o
que por aí se vê e ouve na praça pública acerca da coisa que é de todos e sobre
a forma como se desenrola a ação na fita, com o devido respeito por vossemecês
que isto leem, só resta que se afirme que Portugal é um país de levianos.
Carabineiros já fomos e
completos quando eramos transportadores de escravos capturados por outros na
selva, quando fazíamos uma guerra civil atrás de outra ou quando fazíamos uma
revolução por “dá cá aquela palha”. Pode parecer que não, mas já foi assim na
pátria lusa. Está nos livros. É só ir ver quem coloque dúvidas.
Depois amansámos e até
fizemos uma revolução com os cravos a brotar dos canos das espingardas e os
tanques a parar nos semáforos, mas ganhámos malícia e a leviandade refinou-se.
Aumentou a um ponto tal que se tornou regra para não dizer lei.
Não indo sequer ao tempo
em que sem planeamento a sério e largo destruímos infraestruturas como as
linhas férreas para construir autoestradas que ajudam a esvaziar territórios, quando
destruímos o tecido produtivo, não faltam situações de leviandade na governação
deste país tão celebrado. Diria mesmo invejado. Se a inveja matasse estávamos
mortos há que tempos. Digo eu.
Passando pelos anos em
que fizemos o papel do pobre da senhora rica, com muitas reverências feitas a
troco de boas graças convencidos que era esse o único rumo, a seguir dobrando a
espinha mais do que era exigido, chegando até hoje, a sensação que fica é que a
leviandade procurava na governação e seus afins.
Chegado o outono, não há
tragédias à vista, mas há desnorte como se estivéssemos num barco sem porto de
destino definido. Vamos ao sabor do vento que sopra com decisões que logo
deixam de o ser para serem intenções. As marés é que mandam. No, entretanto,
vamos discutindo assuntos de lana-caprina.
Podia ir agora por aí
abaixo a referir situações de ligeireza. Mas não quero abusar e sei que neste
ponto qualquer um já identificou umas quantas, pois somos levianos, mas não
somos burros. Somos até finos como o alho. Não estamos é para nos chatear. Mas
isso também é leviandade.
Ilídio Bartolomeu