quinta-feira, 19 de julho de 2018

NOMES E AS HISTÓRIAS QUE “NÃO ESQUECEREMOS”





Temos de fazer as pazes com o nosso passado. Isto não significa que não o recordemos. Só não podemos tê-lo diante de nós, porque nos paralisaria! Não nos deixaria viver. O truque é mantê-lo ao nosso lado. Deste modo, tornar-se-á nosso aliado, ajudar-nos-á a não repetir os erros já cometidos
Devido a factos deste tipo, dentre outros como hábitos e costumes que podemos ter herdado de um antepassado, acredito ser fundamental que conservemos e compartilhemos quaisquer tipos de recordações sobre os nossos antepassados, seja ela relevante ou não, para que possamos ajudar a ‘’desvendar’’ e por fim sabermos mais sobre nós mesmos e as nossas gerações vindouras.
 A Aldeia, com o nome Argoselo, foi uma terra de grandes negociantes. Falemos pois destes verdadeiros negociantes chamados de peliqueiros. Enquanto criança foram eles que mais recordações me deixaram na memória lembranças de contos e ditos.
Nesta comunidade de peleiros, havia uns mais espertos do que outros. Quando os menos espertos queriam, chegavam mais rápido ao local com um burro velho do que os mais espertos com um bom macho, Como se sabe, este era o meio de transporte usado por estes comerciantes.

Todos começavam muito novos, alguns não sabiam ler nem escrever mas faziam contas como o melhor professor, aprenderam só com a lição chamada: a lição da Vida.
Quando o tempo estava desagradável, o que não lhes permitia sair para fazerem os seus negócios, juntavam-se e punham as suas conversas em dia.

Já quando estava bom tempo, aí, já ninguém os parava! corriam todo o Nordeste Transmontano de quintas a aldeias de vilas a cidades aos quinze dias, fora dos seus familiares. Circulavam batendo de porta em porta numa grande azáfama para ver quem chegava primeiro a fazer todo o tipo de negócio, além do principal que eram as peles, de ovelha, cordeiro, vitela, raposa, coelho e até lobos e cães, também negociavam em ferro velho, carniçoilo e lã etc.,. tudo isto em troca por produtos que levavam ou por dinheiro.

Estas pessoas por vezes enfrentavam as agruras do tempo e faziam grandes sacrifícios, não tinham hora marcada, saíam de noite à chuva, ao frio com gelo e neve, também com alguma fome e pouca roupa. Faziam muitos quilómetros sem saber o que lhes esperava, muitas das vezes sem destino e como se isso não bastasse, na volta o negócio foi fraco ou nenhum, mas traziam risos e outros choros e queixos baixos de tristeza. Quando eram bem-sucedidos aí então; comentavam dizendo que esta volta foi gratificante e, quando assim éra: cantavam, riam de alegria e falavam de negócios, por fim chegavam satisfeitos,
As suas esposas ansiosas estavam à espera que chegassem. A primeira pergunta para o marido era: então “Pantomina” calhou-te bem o negócio desta vez? Sim mulher! e toda a família começava a descarregar as cargas de material que traziam em cima dos animais. Quando o sucesso do negócio era auspicioso, tornava-se numa grande alegria e festa para toda a família.

Após um dia de descanso, vestiam umas calças e camisa lavadas com cheirinho a sabão, os sapatos engraxados com sebo, logo iam à procura de comprador para a sua carga. Pois, não era difícil encontrar quem quisesse comprar, ainda mal estava a chegar ao largo da praça, já estavam a perguntar:



C - Então compadre, viestes de fora? …

P -Sim compadre! Cheguei ontem e trouxe uma boa carga! Quereis comprar alguma coisita?

C -Vós nunca me vendeis nada! sois muito careiro!

P -Óh Seu Car***** vos, é que não me mandais o valor justo!  -  Quereis as coisas dadas…

P –Quereis vir comigo a casa ver que trouxe boa carga e matais lá o bicho?

P -Quando chegaram a casa, logo gritou à sua mulher:

P - Óh rapariga, trás lá aguardente e dois figos que está aqui o compadre!..

Esposa - Os figos acabaram e a aguardente também não ai! - Tu trouxeste alguma de fora?.

P – Olhai compadre… o mata-bicho fica para a próxima…
.
Esta rotina de vida de Peleiro era o meio de sobrevivência destes negociantes. Praticamente todos habitavam no Bairro de Baixo, ali nasceram e criaram os seus filhos, uns com mais ou menos fartura e outros com alguma fome…
Como era um meio de vida muito difícil, os filhos destas pessoas começaram a emigrar também, com muitas dificuldades e com muitas saudades desta rotina que ainda hoje, reconhecem que foram peleiros com muita honra.
De agricultura percebiam pouco, e o interesse também não era muito porque o cheiro às peles era lhes mais forte.
Queriam chegar a casa e ter a sua refeição na mesa, mas largar o dinheiro para comprar coisas, não era com eles…
A maioria de toda essa Boa Gente já partiu, não houve nenhum que levasse o burro ou as peles, mas ficaram para memória futura os seus contos e ditos e alcunhas assertivas e brejeiras, Vamos lá agora nomear algumas dessas "nomeadas ou Alcunhas" desses comerciantes valentões, que faziam negócios só com alguns tostões….Passo a citar:



Estes filhos que estiveram sempre ao seu lado, sendo um exemplo de força e dedicação. Agora, choram a sua perda, mas tentam pôr em prática aquilo que eles lhes ensinaram: viver a olhar em frente e a acreditar no futuro. Emigraram para procurarem outro modo de vida. Mas todos os anos, vêm no mês de agosto, para matar saudades dos seus antepassados, pois as suas vidas deram-lhes outras condições de viver mais desafogados.

 Texto elaborado tendo por base o Teatro da Festa da Amizade dos Peliquiros, que se realiza dia, 25 de Agosto.
 Agradecimentos aos Amigos, Festa da Amizade


Ilídio Bartolomeu





quarta-feira, 18 de julho de 2018

ERAM ASSIM AS MALHADAS EM ARGOSELO…

As Malhadas


Estamos praticamente no tempo das malhadas. Após as segadas, as malhadas tinham então o seu desenrolar depois transportados com carros de bois e posteriormente com tratores para as eiras que se repartiam um pouco pelos sítios da aldeia.
 Para quem ainda se lembra das malhadas com o malho, de certeza que não ficou com muitas recordações, já que o trabalho era árduo sobre um calor intenso e em geral, uma malhada poderia durar alguns dias à sua conclusão. Naturalmente as pessoas cantavam durante as malhadas, não só para passar o tempo como para distração.
Os tempos começaram a ser outros, foram-se modernizando com a vinda dos tratores ao meio agrícola. Começaram a aparecer as primeiras malhadeiras. Embora o trabalho fosse um pouco mais fácil e com certeza mais rápido, num dia só puderia-se concluir varias malhadas. O caraterístico grito de início da malhada era dado bem do alto da meda. O trator, malhadeira e homens começavam a trabalhar introduzindo os molhos na malhadeira para separar o grão da palha. E, assim os sacos de cereais já devidamente "atados" e prontos a ser transportados para os celeiros e outros para consumo do próprio.
Malhadeira


 Depois os homens e mulheres, todos os participantes nas malhadas, tinham um trabalho atribuído, as mulheres atrás da malhadeira apanhavam a palha para ser transportada pelo trator ou pelos tradicionais carros de bois ou mulas para os palheiros. Os homens, conforme o poder económico do patrão, acordavam um regime de assalariado ou de ajuda em troca, dispunham-se em torno do cereal estendido e, com as suas varas, batiam no mesmo num ritmo imposto por um dos trabalhadores.


Nas Eiras


Enquanto isso, cabia também às mulheres a preparação do almoço, merenda, jantar e também uma ajuda a varrer a eira de forma a juntar todo o cereal no seu centro. Terminada a malha, o cereal era separado da palha num local de perceção ventoso, que era posteriormente aproveitada para alimentar e fazer a cama ao gado, como também se usava para encher os colchões das camas.
Durante todo este trabalho, no final ou durante o dia, é claro que não faltava uma boa espanholada, vários enchidos fumados e o inevitável convívio.


Hoje em dia com as novas tecnologias as segadas e malhadas têm lugar nas terras aonde os cereais são semeados. Mais fácil e mais rápido. Estas hoje têm início e normalmente o final no mesmo dia. Agora só falta mesmo saber o que na próxima vaga de tecnologia nos vai aparecer.

Ilídio Bartolomeu

domingo, 15 de julho de 2018

QUEREM VER ARGOSELO PROGREDIR?

Alertando para o facto de que atitudes cotidianas e que muitas vezes passam despercebidas, na verdade, podem ser desvirtuações éticos que devem ser combatidos. Hábitos cotidianos de um povo podem refletir como são encarados casos de podridão.

“O respeito ao próximo deve estar presente tanto na esfera pública como na vida privada. Dê o exemplo! Diga não a todas as formas de corrupção, inclusive às do dia-a-dia, e faça a sua parte na luta”

Dizem que se conselho fosse bom não dávamos e, sim, vendíamos. Mas, dar sugestões às pessoas, não tem preço. Não vou dizer que as minhas opiniões e ideias são as mais certas ou as melhores. Mas, quando temos mais vivencia, maturidade, mais analisamos, pensamos e mais podemos opinar ou ajustar um comentário às pessoas. Falar o que desejamos é livre, desde que feito com bom senso e ética.

Quem ler o que escrevo e o que digo. Poderá refletir um pouco sobre as minhas ideias e mudar algo na vida das pessoas ou nos seus pensamentos, pode ser um ato espantoso, caso venha de bom senso sempre.

Pelo menos tenho feito algo de bom para as pessoas: para mim mesmo que pensei em assuntos e comentei para quem parou para ler e refletir nem que fosse por um minuto, provoquei um pouco de movimento na vida de alguém. Ou, um “agitar-se” nas ideias e pensamentos. Para quem pode estar a reclamar que a vida está parada, sem movimento ou sem melhora nenhuma, um pequeno movimento nas ideias já foi um bom começo.

Para quem reclama que nada acontece na vida ou que as oportunidades não aparecem, é bom abrir os olhos e a mente, pois todas as chances e oportunidades que a vida pode dar, estão bem na vossa frente ou batendo nas vossas portas. Basta então querer olhar, ver, achar e agarrar a chance e a oportunidade. E, quem sabe a vida melhorará ou começará a movimentar-se.

Sempre falo em entendimentos e reprogramação mental, se querem mudança na vida, mudem a vossa mente e vibração sobre respeito pelos outros.

Mas, se a vossa vida está inútil e desejarem mesmo melhorar, por favor, não peçam ajuda e nem escutem as pessoas falsas e negativas que estão à vossa volta. Estas pessoas só os puxarão para baixo e atrapalharão o vosso sucesso e crescimento. Em resumo, fechem os ouvidos para estas pessoas negativas e falsas. Façam como a fábula do sapo surdo.

A fábula dos sapos fala de uma corrida de uma centena destes bichinhos até o alto de uma torre. Os que assistiam à louca corrida gritavam para os sapos que eles não iam conseguir. Um a um, os sapos caiam antes do topo, sempre perante os gritos loucos e desmotivadores que assistiam. Para espanto de todos, um deles subiu, subiu, subiu e alcançou o topo da torre. E por que alcançou a meta? O sapo era surdo. Não poderia, de modo algum, ouvir o que lhe diziam os chantagistas. Logo, só tinha um grande objetivo pela frente: conseguir realizar o seu sonho de chegar ao topo da torre. A moral desta história é que alguém que quer chegar e alcançar os seus sonhos não deve dar ouvidos às pessoas pessimistas e chantagistas que constantemente nos rodeiam. Acreditem em vocês e nos vossos sonhos porque se tornarão realidade.

Fiquem aqui com a minha sugestão. Ou, melhor, opinião: fechem os ouvidos para os críticos e negativos da vida do que querem fazer.

Ficam com dúvida? Querem saber mais sobre os trabalhos de Ilídio Bartolomeu e valores dos trabalhos pessoais? Dê uma olhadela no Blogue São Bartolomeu Freixagosa, vejam como sempre fiz, faço e escrevo o que idealizo livremente sem que me preocupe com o que os outros pensam e dizem de mim.

 Argoselo e as pessoas estão sempre e estarão no topo das minhas preocupações intrínsecas por um melhor bem-estar da comunidade conforme sei e posso. Mas dirão? O que tu tens feito e com o quê tens contribuído para Argoselo? Eu nada, que fosse visível. Mas se dei, nunca tive necessidade de divulgar. Mas garanto-vos que dei conhecimentos ao mundo do nosso Argoselo! Agora se há pessoas que pensam doutra maneira, querer trocar logo o Fiat 500 por um Mercedes AMG-GT, estase mesmo a ver o que poderá sobrar para as restantes pessoas da população!...

Por um Argoselo que nos possamos orgulhar!

 Ilídio Bartolomeu



segunda-feira, 9 de julho de 2018

F. C. Minas de Argoselo apresenta equipamento alternativo para 2018/2019


O F. C. Minas divulgou o equipamento alternativo para a época 2018/2019 nas redes sociais. A revelação surge no âmbito da campanha "Nascidos para ganhar", em parceria com os associados.

Na fotografia publicada na conta do facebook do clube, pode ver-se nas camisolas o afastamento da cor Branca no Verde, desde a sua fundação, 1975-2018: 53 anos. Agora o equipamento novo dos 53 anos para 18-19", a camisola é ilustrada com o mesmo Verde e o acabamento em Preto nos Ombros, em vez do Branco. No peito lê-se: Vens comigo à Bola, na outra 100% Argoselo.

 A direção teve bom gosto nas escolhas do design. Agora eu, para dar o meu veredito deveria ter, mas não tenho, voto na matéria mas, para mim seria de bom gosto: 100% ARGOSELO, embora Vens comigo á Bola, seja outra boa escolha.

As Minas de Argoselo, tem assim um novo equipamento alternativo para a próxima época. A apresentação está a ser feita através das redes sociais pela Direção do Clube, ao critério e análise dos seus Sócios. O concurso é dirigido a todos os Sócios do Clube, Argoselenses residentes ou não em Portugal, de todas as idades, sendo que para participar os associados não deverão ter atraso no pagamento de quotas, até dia, 21-7-2018, culminando com um Jantar Convívio, com o capitão da equipa em primeiro plano. “Digo eu”

A equipa do G.D. M. A. vai ter, como segunda veste, uma camisola Verde com um acabamento Preto nos Ombros, em qualquer das duas escolhas de camisola. Está assim definida a alternativa ao equipamento principal, listado a Verde e Preto.

A segunda edição da iniciativa “da tua camisola”, que consiste na possibilidade de um Sócio do G.D.M.A. possuir e desenhar a camisola alternativa para a época de 2018/19, estará possivelmente disponível a partir do dia, 21-7-2018.

Desejo-vos entendimento na vida futebolística, às respostas que necessitem da Direção e do treinador em cada jogo, e alguma ajuda divina para alcançarem o que mais desejam, “ganhar os desafios”.

Que seja uma boa escolha…

Ilídio Bartolomeu


domingo, 8 de julho de 2018

COMO APARECE A INVEJA?


Começo este artigo com dois ditos populares que demonstram o quanto o assunto inveja, incomoda a humanidade desde o início da Criação: mau-olhado e ciúme. Se alguém duvida, responda por que motivo Cain matou Abel? Os ditados populares dizem-nos bem como às vezes são verdadeiros: "A inveja é como um sapo: tem olhos grandes, mas está sempre na lama" e "A inveja é o prêmio de quem nunca tem sucesso na vida".

Ninguém está livre de sentir uma pontinha de inveja ou ter que conviver com pessoas invejosas. Isso porque a inveja está diretamente relacionada com a insegurança, baixa autoestima e insatisfação pessoal — emoções e sentimentos que fazem parte da vida de todo ser humano.

Até o mais cético acredita no poder do mau-olhado, e no estrago que ele pode fazer na vida pessoal e profissional. Na minha experiencia de vida, as maiores reclamações que escuto das pessoas, é o facto de serem perseguidas ou afetadas negativamente por inveja e mau-olhado por outrem. Sempre aconselho a estas, como se proteger desta energia negativa e como fazer uma limpeza energética para "varrer" os ambientes destes micróbios tóxicos negativos.

Infelizmente a inveja é uma verdadeira praga energética que irá conturbar um ambiente familiar, de amigos ou de uma empesa atrapalhar o dia-a-dia. O motivo do porquê isto ocorre, é muito mais vasto do que se possa imaginar: insegurança, inferioridade, maldade, falta do que fazer, incapacidade de realizar etc. O mais importante é saber que podemos evitar, superar e eliminar estas energias e pessoas negativas das nossas vidas.

O que não se pode fazer é dar força à inveja alheia, acreditando que ela irá derrubar-nos. Aceitar que inveja existe é um bom começo para vencê-la. Acreditar que somos mais fortes que a inveja e os invejosos, é uma certeza de que já vencemos.

É muito importante também usar objetos e símbolos de proteção nas residências, empresas, carro, e uma proteção especial em cada um de nós. Ou então a melhor maneira de lidar com uma pessoa invejosa é afastar-se dela. Como nem sempre é possível manter distância de um familiar, a minha dica é mudar de convivência de modo a não se conectar com a inveja do outro. Em geral, incluímo-nos com a inveja quando estamos inseguros dos nossos potenciais.

Mas há outras maneiras: manter a boca calada, assim não entra asneira. Parar de falar sobre planos e da vida dos outros. Ter cuidado com as reclamações: evite que as pessoas fiquem a toda hora chorando, reclamando, falando mal, de outras pessoas dentro de sua casa e empresa, principalmente se forem pessoas de fora do ambiente.

Todas as pessoas têm potenciais capacidades únicas. Quando alguém conhece as suas próprias qualidades, elimina a necessidade de se comparar com os outros e deixa de rejeitar-se a si mesmo.

Pessoas insatisfeitas com as suas realizações pessoais sentem necessidade de olhar para a vida do outro. Portanto, foca-te nas tuas conquistas e percebe como podes sentireste satisfeito com tudo o que já foste capaz de fazer. Caso não te sintas satisfeito, pensa sobre o que precisas fazer para ser e chegar lá.

É muito comum desejarmos ser igual a outra pessoa, ou ter a vida que ela leva. Porém, fazemos isso sem argumentar se aquilo tem a ver com os nossos próprios valores e estilo de vida. Isso acontece porque não nos sentimos capazes e nem sequer sabemos o que queremos para as nossas vidas. Determinar aonde queremos chegar, conhecer os nossos valores, sabermos pois quais são as nossas preferências pessoais e foquemo-nos nisso.

Falar menos e fazer mais. Sempre que se usa energia para falar de alguém, deixa-se de fazer alguma coisa e sente-se mais incapaz. Quanto mais inveja se sente das pessoas, mais inveja atrai para tua vida, pois tudo começa em ti e volta para ti.

Isto, é o que me dá a entender nas gentes da minha terra, uns contra os outros infelizmente…

Ilídio Bartolomeu


sábado, 7 de julho de 2018

CASTROS E AFLORAMENTOS ARGOSELO


Na página 103 das notas monográficas do concelho de Vimioso, Adrião Martins Amado regista, de forma avassaladora, uma perfeita descrição orográfica e o melhor esboço daquilo que a arqueologia pode encontrar no termo da freguesia.

«Há em Argoselo ruínas e vestígios bem visíveis de três grandes fortalezas antigas: o Castro da Terronha, o Castro do Cabeço de S. Bartolomeu e o Castro do Serro Grande.
O primeiro é o mais notável e parece ter sido uma fortaleza árabe. A sudoeste vê-se ainda parte dos alicerces e muros de uma grande muralha e ao nascente as ruinas de dois grandes
torreões de forma piramidal. O terceiro encontra-se no lado oriental do Serro Grande à esquerda, indo da povoação, no alto da grande ladeira do rio Maças.

Lá encontrámos vários fragmentos de panelas e bilhas antigas. Há anos o nosso paroquiano Domingos da Costa ali encontrou uma adaga, um machado, um dardo e outros instrumentos em forma de escopro, que pareciam ser de oiro. Nas ingremes ladeiras do Sabor, em frente da Paradinha Nova, nas covas do Teixo, existe o Buraco do Fumo e a Sala Assobradada (aliás, Casa Assobradada, que fica no Cimo de Cavessilvar), que parecem ter sido habitação do homem pré-histórico. No cabo da rodeira da Terronha encontram-se as ruínas do Poço dos Lobos, que talvez fosse a grande cisterna do Castro que fica próximo. Estas estações prendem deveras a atenção do observador, evocando o viver dos povos desta região em épocas remotíssimas».
«Os horizontes que se descobrem do alto de S. Roque, do alto da Cabreira, do Seixagal e de outros pontos são grandiosos e deixam funda e agradável impressão no espírito do observador. Destes altos descobrem-se lindos trechos da Serra da Sanábria, na Espanha, coberta de neve durante quase todo o ano, os mais elevados píncaros das serras de Trás-os-Montes, grandes porções da raia espanhola, na fronteira da Galiza e Castela, os castelos de Outeiro, Algoso e Penas-Roias e muitas povoações dos vizinhos concelhos de Bragança, Macedo de Cavaleiros e Mogadouro. Dos píncaros do Serro Grande vários trechos do rio Maçãs e do Cabeço de S. Bartolomeu o rio Sabor apresenta um panorama interessantíssimo com o seu leito caprichoso e as suas ribas muito inclinadas e grandes e escalvados penedos».

Para aqueles que não sabem que a minha área de formação se situa na matemática e ciências naturais tenho de registar a ressalva que as minhas exposições neste espaço encontram ancoragem apenas no meu interesse pelo tema, tolhido pelas versões do património oral que me fez argozelense, não apenas por isso, as teorias apresentadas podem ser refutadas por argumentação de especialistas.

Repito - as minhas exposições neste espaço encontram enquadramento, não na minha preparação científica na área – que não tenho, mas interesse em perpetuar a memória dos nossos antepassados.

Apesar dos castros referidos no relato do séc. passado se encontrarem praticamente erradicados da paisagem, pelo abandono a que foram vetados, levando os céticos à sua negação, as provas ainda lá estão para quem as quiser ver. Quando uma pedra de xisto aparece no meio das pedras do serro, isso é um apelo descomprometido à curiosidade. Alguém a transportou para aquele local, porque a natureza não escreve essas linhas. Uma simples pedra, pela sua consistência ser menor do que os minerais de quartzo que constituem o afloramento rochoso a que chamam em Argozelo “O Serro” desaparecerá e consigo apagar-se-á uma história.

Os diversos achados arqueológicos provenientes de Argozelo perdem-se em acervos de museus inacessíveis e ou delapidados por curiosos. Chegaram até nós referências como aquela que vos trago em cima, com data do ano 107 da era dos romanos e uma lápide que fez capa da revista Sumagre no ano 2009 – dois bons exemplos de divulgação do património.

Os antepassados que fizeram a arte rupestre no Vale do Coa, muito provavelmente, deixaram registos nos afloramentos rochosos dos vales do Maçãs ou Sabor – é uma questão de procurar.
Quantas pedras não andarão desejosas de nos contar uma bela  História de milénios?

Assim, por ser imperioso dar às pedras, pedregulhos, calhaus e lapadas o seu devido lugar na História, declaro-me Auto proclamado Comendador Mor do Serro Grande! Sem votos nem reuniões aclamatórias! Quem vier a seguir que fique Comendador do Serro Pequeno.

Como primeira medida exijo que toda e qualquer pedra que possa servir para uma lapada, fique onde está - as pedras são pela paz!

Escrito por

 Luiz Rodrigues