terça-feira, 22 de setembro de 2015

COMENTÁRIO QUE DÁ ORIGEM AO 1º CAPITULO DO FILME


CRUZEIRO DE SANTO AMARO

 Argoselo é uma das freguesias do concelho de Vimioso com uma população de cerca de 1500 habitantes e 500 fogos. hoje fica a 15 quilómetros de Vimioso e a 30 de Bragança.

A Freguesia divide-se em três bairros: Latedo onde se diz que era habitado pelos agricultores, bairro de baixo e bairro de cima pelos negociantes.

Em tempos remotos sediaram-se em Argoselo mais propriamente no bairro de baixo, inúmeros Judeus que deixaram importante presença económica e cultural.

Segundo a tradição local, o negócio das peles em Argoselo tem raízes judaicas. Assim referem os relatos dos antigos peliqueiros e os vários documentos históricos escritos sobre as origens desta Terra. Por este motivo as fabricas dos curtumes designados como “Plames”, se situavam entre a zona do prado e o bairro de baixo.Mas, para além dos relatos populares, também esses emigrantes Judeus que no século XV vieram para o nordeste de Portugal estabeleceram-se em várias povoações, acrescentando que “nos lugares de Argoselo e Carção exerceram uns a indústria de surradores de peles”. 

PELE DE VACA CURTIDA NOS
ANTIGOS PLAMES

Em Argoselo, é comum dizer-se que foram os Judeus, “finos” para o negócio e com tradições de comerciantes, e os grandes responsáveis por terem deixado a “semente” dos peliqueiros, é por isto mesmo que a compra de peles (bovinas, ovinas e caprinas) está relacionada com Argoselo, daí, que os seus habitantes tenham sido apelidados de peliqueiros.

No plano artes e ofícios havia: funileiros, ferreiros, alfaiates sapateiros, barbeiros,  carpinteiros, eletricistas, albardeiros e mais recentemente instalou-se Indústria de serralharias, alumínios, lagar de azeite estâncias de construção civil e industria de transformação de madeiras . 

É uma das mais importantes Freguesias do concelho de Vimioso e não só, também uma das mais importantes do distrito de Bragança pela sua agricultura, comercio e pela excelência das suas terras, ficando situada entre duas bacias hidrográficas, do rio Sabor e rio Maças. Produz cereais, azeitona, castanha, batata, gado ovino, e bovino, e é rica em floresta e o seu solo abundante em água.


FONTE DA ESPADANA

Neste contexto havia várias fontes na Freguesia: no prado, uma fonte e um tanque, na espadana, duas fontes e um tanque para as lavadeiras, no bairro de baixo, a fonte das nogueiras, nas eiras das éguas, a fonte da aquinhó e o tanque da escola, na praça, uma fonte e um tanque cumprido, na gabilana, uma fonte. Por incrível que pareça atualmente só existe: a fonte na espadana e a fonte da aquinhó, todas as outras foram deitadas a baixo. Lembro que todas elas eram de valor patrimonial para Aldeia.

Também foram importantes para a economia de Argoselo até aos anos 80 as minas de volfrâmio e estanho situadas no sítio da cabreira onde empregava à volta de 250 pessoas. Enquanto funcionaram tiveram grande influência no desenvolvimento da Aldeia, tanto em movimento de pessoas como de capitais. Hoje, as minas como a maior parte destes serviços, estão encerrados ou simplesmente já não existem.

TANQUE DAS LAVADEIRAS NA
ESPADANA
Argoselo desde que eu me lembro as casas começavam no cruzeiro de Santo Amaro e acabavam no cruzeiro de São Sebastião, a partir dos anos 50, estendeu-se muito para um lado e para o outro, ao ponto de Argoselo ser elevada a Vila em 19-4-2001.

mês uma feira na Vila. Anualmente também se realiza a festa/feira da rosquilha que tem como objetivo criar um certame de promoção e fomento das atividades económicas, valorizando os produtos locais e regionais e a cultura. A rosquilha, nesta época tem a sua importância para a Vila onde ocorre significativamente gente à procura deste produto. A festa/feira da rosquilha já vai na sua nona edição à época, e é organizada pela Junta de Freguesia com a colaboração da Camara de Vimioso.

CRUZEIRO SANTO AMARO

Durante o ano realizam-se varias festas em honra dos Santos existentes na Freguesia, mas é durante o mês de agosto que muitos filhos da terra regressam de vários pontos do país e estrangeiro para visitarem a família e assistirem às festas, de Nossa Senhora das Dores,  Santa Barbara e de São Bartolomeu.

Hoje a Vila de Argoselo, confronta-se com um grave problema, a desertificação humana e tudo em geral.


                                   
 Ilídio Bartolomeu  




QUEM NÃO GOSTA DE FÉRIAS…


 A Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima esteve de visita ao concelho de Vimioso. A visita á paróquia de Argoselo decorreu no dia, 19-7-2015.
A peregrinação à Vila de Argoselo iniciou-se no largo da praça às 14 horas, com a receção das autoridades civis e eclesiásticas, seguida de Procissão, até à Igreja Matriz onde decorreu a Eucaristia celebrada pelo Bispo D. José Manuel Garcia Cordeiro.
 
Este reencontro à “Jovem Vila de Argoselo” com a Imagem Peregrina, depois da primeira e única visita, ocorrida há 66 anos, vai ficar como “o dia mais cheio da sua história”.
 Esta visita da Imagem peregrina enquadra-se na peregrinação a todas as Dioceses do País, terminando no dia 13 de maio de 2017, no Centenário das Aparições de Fátima, com a provável presença do Papa Francisco.


Ilídio Bartolomeu

AS VINDIMAS EM ARGOSELO..




O fim do Verão e o início do Outono é sinónimo de colheitas, e em Argoselo abre-se a época das vindimas: as uvas estão prontas para serem colhidas das videiras, num trabalho realizado em ambiente de festa e convívio, para depois produzir o vinho do ano. Uma tradição argoseleira que, apesar de modernizada em alguns aspetos, ainda é o que era.
O trabalho da colheita das uvas é visto, sobretudo, como uma autêntica festa. Familiares e amigos juntam-se para as vindimas. O trabalho começa bem cedo, homens e mulheres a cortar os cachos das videiras para os cestos de vime e baldes.
A meio da manhã para-se para petiscar qualquer coisa e ganhar força para continuar sendo os homens a carregar os cestos de vime já repletos de uvas até aos carros de bois, enquanto as mulheres não deixam escapar nem um cacho das videiras.
O descanso merecido depois de uma manhã inteira a vindimar acontece durante o almoço prolongado, sempre em ambiente de festa. Ao anoitecer, a festa contínua no lagar onde os homens, de calções ou calças arregaçadas, formam uma roda, a pisar as uvas.

Embora sem os contornos de festa de tempos passados, as vindimas de hoje continuam a aliar uma forte componente de convívio ao seu trabalho incontornável. 
Continua-se a reunir família e amigos em torno deste ritual anual onde, de tesouras e facas na mão e cestos aos pés, se cortam cuidadosamente os cachos de uvas. A pausa a meio da manhã para petiscar mantém-se, e depois concluído o trabalho, vem o almoço tradicional, uma boa espanholada de bacalhau.

Os carros de bois deram lugar aos tratores, e depois de colhidas as uvas, são levadas para os lagares com o primeiro recurso a um equipamento mecânico para serem esmagadas e finalmente pisadas por homens para se transformar em vinho.
Atualmente procura-se manter esta tradição, acima de tudo é um dia bem passado a colher os frutos da Mãe Natureza, e aguardar ansiosamente que o ano seguinte seja sempre melhor.


Ilídio Bartolomeu