domingo, 28 de junho de 2020

UM BRILHO DE SOL


     

                                                                             Da sacada da varanda, de onde consigo avistar o manhoso sol revelando-se atrás da montanha, aquela bolota no céu lança-se à superfície, parecendo divertir-se pela saliência escarpada como se estivesse numa pista. Depois disso vem ele correndo pela rua como um atleta na procura de manter o seu preparativo físico em dia e, quando se aproxima de mim, sou recebido pelo seu caloroso e envolvente abraço. Após esse momento de carinho de uma velha amizade segue numa maratona pela sinuosidade da rua. O vejo também ardiloso afugentando-se pelos telhados da casa alheia sem qualquer temor a uma chamada de atenção. É um garoto astucioso, mas às vezes desengonçado quanto tenta enfiar-se numa rachadura do elemento urbano ou da própria natureza.

Mas no dia de hoje, esse clarão absoluto que reina nos céus e na terra, parece trazer algum archote de esperança. Posso estar enganado quanto a essa permanente sensação, mas aquela bolota imensa detalhando-se no azul celeste, retratando uma bola de cristal da via láctea, prevê um próspero acontecimento, sem dúvidas. Pode ser uma iminente vitória sobre a pandemia que assola o mundo e uma retomada de todas as atividades, pode ser uma expectativa de dias mais produtivos, um salto na carreira profissional, um reconhecimento aguardado durante anos. Pode ser uma infinidade de coisas, mas certamente o astro rei está empenhado nessa função. O seu brilho voraz neste dia, sem qualquer empecilho capaz de ofuscá-lo, é a prova real disso.

A luz de esperança que alimenta a alma e dias melhores, hoje veio convalescida e representada em supremacia pelos raios de sol. Jamais percam a esperança!

Ilídio Bartolomeu

sábado, 20 de junho de 2020

COMO É POSSÍVEL A HUMANIDADE TÃO DESUMANA?

Apavorados acompanhamos as noticias que nos vem de todas as partes do mundo, mostrando o quão desumano é o chamado ser humano, que não sabe, nunca soube e acreditamos que jamais saberá o que é ser humano, incapazes de entender quando deve esquecer a vaidade pessoal e  pensar um pouco em solidariedade, sem entender que existe muita gente a viver o mesmo momento.

Quando não são notícias de atrocidades cometidas em todas as partes do mundo, passando pelas mais diversas regiões do planeta, que são grupos que procuram dizimar-se e, sob os mais diversos pretextos aleijam e matam muitos inocentes, que nada tem a ver com todo o problema. Apenas pagam tributo por pertencer a esta ou aquela raça, ter esta ou aquela cor, ou simplesmente por estar na hora errada, no lugar errado e ter sido “encontrado” por uma bala perdida.
Fala-se que são os problemas da vida moderna que provocam certas crises e causam tais agitações, mas, na realidade, desde que o mundo é mundo sempre se cometeram barbaridades sob os mais pretextos.

Senão vejamos o que a História nos conta sobre a Inquisição, ou sobre o que ocorreu em Auschwitz, ou em campos de concentração nazistas, japoneses, americanos e quaisquer que sejam, onde a famosa Convenção de Genebra foi milhares de vezes rasgada, ou então o que se fazia nos navios negreiros, quando os candidatos a escravos eram tratados como coisas e não como gente, ou o que os romanos faziam com os cristãos no Coliseu. A História é farta em narrar atos de selvageria cometidos sob as mais diversas justificações, sem falar nos crimes cometidos contra a Natureza, com queimadas nas florestas e derramamento de óleo no mar É realmente incrível a fertilidade de espírito humano em descobrir os meios para torturar os seus semelhantes esquecendo-se que os atos violentos sempre poderão provocar represálias ainda mais violentos.

Sempre as vítimas de torturas, tentarão “pagar na mesma moeda”, e a coisa entra num círculo vicioso sem fim e por vezes a própria Natureza retribui a "gentileza", com tsunamis, tornados, terremotos, etc... Sem falar nos vírus que aparecem misteriosamente e que não se sabe se é coisa da Natureza, ou castigo Divino para chamar a atenção sobre o que se está a fazer no mundo, lembrando da necessidade de pensar na vida e bem-estar de todos, sem exceção.

Embora já estejamos um tanto quanto “anestesiados” com a sempre crescente ferocidade do “bicho homem”, não deixamos de nos surpreender com a evolução que se vem verificando, pois a arte de destruir está cada vez mais aperfeiçoada e os autores já agora, não procuram mais a clandestinidade como em outras épocas. Atualmente assumem o que fazem, posam para as fotografias, noticiam nas redes sociais, chamam a televisão e fazem questão de que todos saibam que espécie de bichos eles são.

Certos factos verificados em diversas partes do mundo, apenas vem comprovar a que nível estamos a chegar, pois quase ninguém mais se choca com tais factos, quase os acham naturais, enfim...

Assim caminha a humanidade, que se esquece cada vez mais de que Deus criou um mundo para se viver em PAZ. E quando o ser humano começar a ser humano e entender isso, que maravilha será. Mas a principal preocupação do “bicho homem” parece ser o culto ao ódio, à represália, à “afronta política”.

 A velha lei olho por olho, está mais viva do que nunca.  Sempre tentamos pagar na mesma moeda o que nos é feito, ao invés de, se não for possível perdoar, pelo menos esquecer o sentido de vingança, para não entrar na roda fatídica de matar alguém apenas porque o meu avô matou o teu.

O que os netos têm a ver com o crime dos avós? Porquê matar indiscriminadamente pessoas apenas porque são de outra raça? Porquê perseguir um povo inteiro, apenas pelos crimes de seus líderes? Como explicar esse instinto cruel e desumano de torturar pessoas apenas pelo prazer de vê-las sofrer? Ou de perseguir alguém apenas porque não gostamos delas?

A melhor maneira de viver, é deixar viver. Não podemos esquecer-nos disso, pois todo o mal que fizermos contra alguém, poderá voltar contra nós mesmos e se não for através de represálias das vítimas, poderá ser através de doenças que podem atingir a todos, indiscriminadamente, talvez para mostrar como causam dano os crimes cometidos contra a humanidade.

Pois bem, não se pode mais ver e fingir que não se trata de nós mesmos. Ver e nada fazer é mesmo que ser conivente e permissivo com as perversidades que se cometem debaixo dos olhos tão humanos, tão prevalecidos e omissos.

 Vamos tentar olhar para dentro de nós e ver se estamos felizes com os nossos atos, se estamos a tratar os nossos semelhantes como gostamos de ser tratados. Vamos olhar-nos no espelho, para ver como fica a nossa expressão quando pensamos em alguém de quem não gostamos. E principalmente, vamos procurar ter um lindo dia, desejando de coração, que todos o tenham, e assim poderemos estar a fazer a nossa parte para espalhar pelo menos um pouco mais de Luz, Paz, Amizade, Amor, Solidariedade no mundo, ao invés apenas de apregoar castigos para os culpados.

Vamos auxiliar as vítimas inocentes...

Ilídio Bartolomeu


terça-feira, 9 de junho de 2020

MALHAR EM FERRO FRIO


Tenho a mais absoluta certeza de que não se serve a Nossa Terra, abrindo-se mão daquilo que temos de mais sagrado: as nossas convicções e a nossa consciência. Um homem que trafica, condescende, aliena ou comercializa as suas ideias, perde a sua dignidade e respeito, deixa de ser um cidadão, pode até possuir poder, bens e posição social, mas é literalmente, um intocável.

A razão de sermos um “Povo Fraco” está ligado a essa falta de convicção, posição, ideias, ideais e coragem cívica dos cidadãos. Principalmente daqueles que tiveram o privilégio de frequentar a escola, dos que possuem mais informação e um pouco de cultura.

Um Povo constrói-se com homens capazes de lutar por aquilo em que acreditam e não com os que desdenham das ideias. Vejam as aldeias mais desenvolvidas, lá os cidadãos não vivem mudando de ideia e nem de ponto de vista, e nem por isso deixam de progredir.
 Nessas aldeias os representantes dos partidos são estáveis, não há essa desfaçatez de mudar de partido. 

Os vira-casacas são exagerados. Infelizmente digo isso com tristeza, sou obrigado a reconhecer como verdadeiras três opiniões sobre o nossa Vila: A primeira delas é "A Vila do carnaval".  Segunda "A Vila não é uma a sério. E a terceira "A Vila é o paraíso dos descarados”.

Até lá, reflitam, outubro está perto, se acham que tudo está bem continuem. Se acham que tudo está na mesma, esperem pelos Seixos do Serro que se transforme em ouro, para resolverem todos os vossos problemas.

Ilídio Bartolomeu