sábado, 10 de maio de 2014

ARGOSELO, NOTAS MONOGRÁFICAS




BRASÁO DE ARGOSELO
Argozelo é uma freguesia do extremo noroeste do concelho de Vimioso, situada a cerca de onze quilómetros da freguesia-sede. É delimitada a ocidente pelo vizinho município de Bragança, sede de distrito, e a norte pela Espanha. O povoamento da área da atual freguesia remonta ao período pré-Nacional. De resto, Argozelo é uma das freguesias do concelho com um maior número de vestígios arqueológicos. O povoado fortificado de S. Bartolomeu, ou Freixagosa, começou a ser utilizado na Idade do Ferro e prolongou-se até ao período romano. Seria composto por duas linhas de muralha. Entre o espólio recolhido nas diferentes escavações, hoje conservado numa casa pertencente à Confraria de S. Bartolomeu, contam-se fragmentos de mós, uma cruz em xisto de especto bastante arcaico, uma fíbula de bronze e uma pequena estela funerária romana. Do mesmo período é o povoado fortificado de Terronha / Geada, conhecido também como Castro dos Mouros. Localizava-se num cabeço rodeado por pequenas linhas de água afluentes do rio Sabor, com uma excelente posição estratégica e razoáveis condições de defesa natural. Tinha uma única linha de muralha. No interior, foram recolhidos alguns fragmentos de cerâmica.

SERRO DE ARGOSELO
O Castro do Serro Grande, no lugar do mesmo nome, data também da Idade do Ferro, embora tenha sido ocupado até à Idade Média. Sobranceiro ao rio Maçãs, está localizado no ponto mais elevado da crista quartzítica do Serro Grande, facto que lhe permitir uma ampla visualização sobre as terras em redor. O sistema defensivo era constituído por duas linhas de muralha. Foram detetados no interior do recinto fragmentos cerâmicos. Há ainda referências ao aparecimento de vários objetos metálicos, entre os quais um fragmento de fíbula de bronze. A Bocarra de Argozelo é uma mina explorada pelos romanos aquando da sua passagem por Portugal. Apareceram aí duas moedas desse período, uma do imperador Tibério e a outra do último quartel do século II. Aliás, no termo da freguesia, a norte da sede da freguesia, foram encontrados vestígios de galerias de exploração de minério, nomeadamente estanho e prata. Na parede de um forno de cozer pão da aldeia, foi encontrada uma estela funerária do período romano, conservada hoje em Bragança. A inscrição diz o seguinte: CLOVTINA / TRITI AN / XXXV. Inicialmente denominada Ulgoselo, esta freguesia surge na documentação medieval desde 1187. Nesse documento, os monges de Castro de Avelãs dão ao rei a sua herdade de Benquerença, no local que é atualmente Bragança. Em troca, a coroa dava aos referidos monges a igreja de S. Mamede e as suas vilas de Santulhão, Pinelo e Argozelo, à época Ulgusello. Ao contrário do que parece, o topónimo Argozelo não é uma variante de Arcozelo, nome relativamente vulgar no norte do país. Ao invés, provém do latim vulgar "Ulgosello", "terreno pequeno onde abunda a Ulrica", sendo "urica", no latim clássico "ulex", uma variedade de rosmaninho. É, pois, um topónimo de origem vegetal. Em 1290, D. Dinis deu carta de foro à freguesia, que a partir daí ganhou uma independência administrativa relativa. A partir de 1317, Argozelo foi integrada no concelho de Miranda do Douro. Passou para o de Outeiro em 1530, mas com a extinção deste, em 1839, integrou de forma definitiva o de Vimioso. A 19 de Abril de 2001, Argozelo foi elevada à categoria de vila pela lei número 42/2001, de 12 de Julho de 2001. Esta elevação deveu-se certamente ao desenvolvimento económico que registou ao longo dos finais do século XX e inícios do século XXI. 
IGREJA MATRIZ DE ARGOSELO
Hoje em dia, estamos em presença de uma freguesia que aproveita a sua excelente localização geográfica, entre o rio Sabor e o rio Maçãs. Em Argozelo, são produzidos cereais, vinho amêndoa, azeitona e azeite de alta qualidade e há criação de gado bovino (raça mirandesa), ovino e caprino. Outras atividades são a extração de cortiça, a construção civil, a serralharia e a indústria de transformação de madeiras. Em termos de património edificado, a Igreja Paroquial de S. Frutuoso foi construída na primeira metade do século XVIII. Templo de características neoclássicas, nela sobressai, no interior, o retábulo-mor em talha dourada. A Capela do Senhor do Bonfim está situada no centro da povoação. Foi construída em 1780, conforme inscrição na verga do portal. É um templo de planta longitudinal, de interior indiferenciado com cobertura de madeira. A fachada principal termina em empena truncada por sineira. Exteriormente, é marcado pela sobriedade. A decoração concentra-se essencialmente na sineira, que trunca a empena sobrelevada da fachada principal. A decoração é geometrizante e envolve o arco e as pilastras. No interior, salienta-se o retábulo-mor em talha policroma de planta reta e três eixos, de inspiração rococó. A tribuna foi fechada por pintura sobre tábua, de perfil inferior recortado, e carácter naif, com a Virgem e São João Baptista ladeando Cristo na cruz. Apesar de muito adulterado por obras ao longo dos séculos, este interior continua a ser muito interessante. De acordo com o parecer emitido nos termos da Lei n.º 53/91, de 7 de Agosto, pela Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, a ordenação heráldica da freguesia é a seguinte: Escudo de prata, com uma vagonete de mina, de negro, guarnecida de ouro, entre dois ramos de rosmaninho de verde, floridos de púrpura, com os pés passados em aspa; em chefe, pelica de vermelho e, em campanha, ponte de um arco de vermelho, lavrada do campo e movente dos flancos. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ARGOZELO”. Bandeira: esquartelada de verde e branco. Cordão e borlas de prata e verde. Haste e lança de ouro.

Publicado por
Blogue São Bartolomeu


quinta-feira, 1 de maio de 2014

1º MAIO EM PORTUGAL




Em Portugal, o 1º de Maio começou a ser festejado a partir de Maio de 1974, após a revolução do 25 de Abril.

O Dia do Trabalhador é comemorado em todo o país, com manifestações, marchas e comícios, de forma a apresentar ao Governo e entidades patronais quais as necessidades dos trabalhadores.

A data remonta ao dia 1 de Maio de 1886, nos EUA, quando mais de 500 mil trabalhadores saíram às ruas de Chicago, em manifestação pacífica, exigindo a redução da jornada para oito horas de trabalho. Em consequência a polícia tentou dispersar a manifestação, ferindo e matando dezenas de operários.

A 5 de Maio de 1886 os operários regressaram às ruas e registaram-se novamente feridos, com manifestantes a serem presos. A opinião pública repudiou a ação da polícia e do Governo, assim como das entidades patronais, e em 1889 o Congresso Operário Internacional, reunido em Paris, decretou o 1º de Maio como o Dia Internacional dos Trabalhadores.

Portanto, hoje comemoram-se os 125 anos do 1º Maio como Dia internacional dos Trabalhadores. 125 Anos de uma incessante, dura e heroica luta dos trabalhadores de todo o mundo pelos direitos e pela emancipação do trabalho, por uma sociedade em que o trabalho, finalmente livre da exploração, constituía a realização plena das capacidades criadoras do ser humano.

125 Anos de fulgurantes avanços, de dolorosos recuos, de tenaz resistência dos trabalhadores. Enquanto persistir a exploração, nenhuma conquista dos trabalhadores, é definitiva ou está segura. O 1º de Maio e as suas palavras de ordem universais fora historicamente construídos sob a mais repressão, ao preço de incontáveis lutas, sacrifícios, vidas perdidas.

Consolidou-se a cada avanço dos povos na conquista das liberdades. Sofre e sofre recuos de cada vez que as circunstâncias históricas permitem ao grande capital passar à ofensiva.

Em 125 anos, o 1º de Maio tornou-se a mais alta bandeira da afirmação universal dos direitos do trabalho e do internacionalismo de combate contra a exploração.

 

Ilídio Bartolomeu