terça-feira, 27 de agosto de 2019

“OBRAS DE SANTA ENGRACIA” FINALMENTE ARGOSELENSES E ROMEIROS PODEM VER!...





Esta fase das obras de beneficiação e recuperação do recinto de São Bartolomeu de Argoselo, já estão concluídas. O espaço beneficia agora de parques de estacionamento, um parque de merendas e uma zona envolvente com árvores.

É com grande satisfação que eu vejo esta mordomia constatar que está a dar seguimento a esta obra, e lembra que foi todo um trabalho pensado e desenvolvido pela mordomia anterior, recordando que tudo começou quando se decidiu avançar com um projeto para a beneficiação do recinto, e posteriormente projetado e concretizado por esta atual mordomia “com financiamento muito relevante”, por parte dos romeiros com as suas promessas.

A mordomia reconhece também neste projeto uma mais-valia para o Santuário, para a Vila de Argoselo e para os romeiros que aqui se deslocam a visitar este local, esperando que as seguintes mordomias, continuem a desenvolver e a valorizar o recinto.

Através de um projeto também foi melhorada a iluminação, substituindo-se os cabos aéreos pelo subterrâneo, procedendo-se também à substituição das lâmpadas normais por LEDs. Estes melhoramentos, embora progressivos, são fundamentais para o bem-estar de todos quantos frequentam o Planalto de São Bartolomeu!...

No entanto, o recinto não está concluído, deverá continuar a crescer e também privilegiar a componente de alguns largos que não foram incluídos nesta fase. “Mesmo assim a mordomia, entende que é um local de visita obrigatória” porque este sítio vai com certeza passar a fazer parte dos roteiros turísticos do concelho, com os quais a Vila de Argoselo pretende dinamizar alguma economia local.

Argoselenses e Romeiros revêm-se no trabalho que foi realizado no Recinto por esta mordomia, e que esperam que venham a fazer algo que dê mais visibilidade e dimensão a este lugar fantástico, onde todos se sentem bem. Que para isso, aja união e contas certas…

Os parabéns a todos sem exceção…

Ilídio Bartolomeu


domingo, 25 de agosto de 2019

QUEM SEMEIA VENTOS COLHE TEMPESTADES!...


Hoje lembrei-me deste provérbio / fábula e de o ouvir contar aos meus pais, que igualmente me contaram uma “história” ocorrida numa ocasião”, pois era também com “uma ocasião”, que começavam todas as suas histórias

Toda e qualquer pessoa necessita sentir-se amada/o, em algum momento precisa saber que pode receber carinho quando precisa e que alguém a admire, dentro de uma família todos podem sentir isso, mesmo com todos os defeitos que possam ter.

Uma família sempre concordará e apoiará os filhos em tudo que eles fazem, desde que as coisas sejam razoáveis dentro das regras familiares, é ela quem provoca o sentimento de conforto e segurança dos filhos.

Cabe aos pais educar os seus filhos para que no futuro eles possam cuidar de si mesmos e também dos seus criadores, ensinando e passando o exemplo para eles. A educação implica no uso de autoridade para estabelecer limites; dar ordem e proibir o indispensável que possibilite a criança a controlar os seus impulsos: todas as crianças nascem egoístas; ela passa a respeitar os outros através da educação e da disciplina, mas, principalmente pelo exemplo dos pais.

Quando uma criança ainda é pequena os pais decidem o “onde”, “quando” e “como”, dessa forma tendo grande controlo sobre os seus filhos e por eles tomarem as decisões que consideram corretas. Os pais apreciam esse certo controlo que possuem sobre os filhos, em muitos momentos sentem-se felizes com essa dependência que os filhos têm. Mas quando a criança chega à fase da adolescência e os pais não têm tanto controlo dos filhos, eles muitas vezes sentem-se desesperados.

 Quantos pais não dizem que sentem saudades da época de quando os seus filhos eram apenas bebês? Admitir que o seu filho cresceu equivale a reconhecer que eles estão a ficar mais velhos. Muitos pais não se conformam que perderam o “posto” de herói insubstituível do filho, não conseguem suportar o olhar crítico dos jovens

Há pais que começam a controlar exageradamente a vida dos filhos, como se pudessem com isso, fazer com que eles voltem a ser crianças: não respeitam a sua privacidade, querem participar da vida deles de forma integral, usam para o controlo deles, os perigos que existem nessa idade.

O problema muitas vezes não está apenas nos pais, também estão nos filhos. Os filhos por certa ignorância não querem ouvir os seus pais, acham que sempre estão certos, que tem experiência de vida o suficiente para comandar o seu próprio destino. A impaciência dos filhos com os pais é muito grande nos dias de hoje, muitas vezes fazem com que os pais sofram agressões dos seus próprios filhos. Está claro que também existem pais que criam os seus filhos com algum ódio e impaciência, como se essa fosse a única coisa que os seus pais lhes ensinaram e que do mesmo modo eles os tratarão com esses mesmos sentimentos no futuro.

 Mas isso não justifica as maldades que muitos filhos fazem com os pais, como dar respostas “mal-educadas”, injuriar, bater e até mesmo matar. Muitas destas coisas vêm de influências externas, como colegas que agem dessa mesma forma com os seus pais, mas também vem do interior da própria casa, do controlo que os pais têm dos filhos. Mas também não é espancar, maltratar que se resolvem as coisas, um pai tratar mal os seus filhos, a bater demasiadamente e injuriando…

Sinto muito, mas não esperem que depois eles vão tratá-los bem no futuro, pois os filhos tendem a agir da mesma forma como foram criados. Claro que em certos momentos umas boas palmadas ajudam, pois, as crianças têm que criar nas suas mentes, que para toda ação existe uma consequência, mas a conversar e dialogar nesse momento, é muito mais essencial do que qualquer outra coisa.

O maior papel dos pais é educar, compreender e dialogar sempre com os seus filhos. E o papel dos filhos é ouvir, respeitar e ter paciência com os seus pais, porque muitas vezes, por pior que isso possa parecer, eles sempre estão certos.

Neste mês de agosto fim de festas, vamos todos a refletir nestas palavras e homenagear nossos pais e avós e lembrar-nos que este costume não existia apenas naquela terra distante, nem era apenas dos tempos de antigamente, pois, na nossa terra, nos nossos dias também se faz e são precisamente os idosos que mais sofrem com o abandono

Os filhos tornam-se para os pais, segundo a educação que recebem, uma recompensa ou um castigo. Já agora, vale a pena pensar nisto.

 

Ilídio Bartolomeu


sábado, 17 de agosto de 2019

O QUE A LENDA NOS DIZ SOBRE SÃO BARTOLOMEU...


Temos obrigação de salvar tudo aquilo que ainda é suscetível de ser salvo, para que os nossos netos, embora vivendo num Argoselo diferente, se conservem Argoselenses como nós, e capazes de manter as suas raízes culturais mergulhadas na herança que o passado nos legou.

De acordo com a tradição local e com as histórias que o povo conta, São Bartolomeu foi morto e esfolado, uns dizem que foi deitado ao mar e outros que foi deitado num rio, aparecendo o seu corpo na água dia 24 de Agosto

Diz a lenda, que em tempos que já lá vão, dois pastores durante o inverno guardavam as suas ovelhas na Capela Primitiva de São Bartolomeu, os dias iam passando e as ovelhas começavam a ficar sem lã e depois apareciam mortas. Os pastores não compreendiam a razão das suas mortes, e começaram a culpar o Santo por esta desgraça. Para se vingarem, levaram o santo a rastos pela ladeira abaixo até ao rio Sabor. Quando chegaram ao rio um dos pastores disse para o Santo: Já estás cansado? Fuma primeiro este cigarro! e meteu-lhe um cigarro na boca. Depois diz o outro: Tu deste-lhe de fumar e eu vou dar-lhe de beber. Agarrou-o, amarrou e espetou-o com a cabeça no rio. Feito isto, abandonaram-no para que a corrente o levasse e vieram embora.

Um peliqueiro que se deslocava de Coelhoso para passar o rio no local onde era mais baixo, viu o Santo na margem e reconhecendo-o carregou-o na mula, levou-o para a capela e colocou-o novamente no seu altar. Quando chegou ao povo contou o que se tinha passado e as pessoas questionavam quem teria sido.

Entretanto, a mula do peliqueiro que tinha trazido o Santo para cima, durou anos e anos e nunca mais morria. O Peliqueiro teve durante anos aquela mula em casa e acabou por mandá-la matar, pois já estava tolhida e não andava.

Dos dois pastores só se ouviu falar mais tarde quando as suas famílias, depois de um ter morrido queimado (o que lhe pôs o cigarro na boca) e outro afogado (o que o pôs no rio), terem contado o que tinha acontecido.

Mais tarde foi construída no local, a uns trezentos metros um majestoso Templo com uma Torre, bem como depois uns anos mais tarde seis Capelinhas com os Apóstolos, transformando o sítio no atual Santuário de São Bartolomeu.

Esta é a lenda contada pela maioria dos argoselenses. Noutras terras, em que também é feito o culto a São Bartolomeu existem outras lendas com versões diferentes.

Apesar de ter um Templo, o Santo permanece todo o ano na Capela Primitiva. Isto porque, segundo a população, ele “prefere” estar na Capela dele. Então, em Procissão dois dias antes da festa, é que é mudado para o Templo, para depois no dia da festa, numa grande procissão, ser levado de novo para a capela de origem, onde fica até ao ano seguinte.

A festa de São Bartolomeu que decorre todos os anos no dia 24 de Agosto é, pela sua projeção para além-fronteiras, a mais conhecida da região. São verdadeiras enchentes de romeiros que se deslocam ao santuário situado nas imediações desta terra, vindos de todo o distrito e não só (há inclusive muitos emigrantes que vêm exclusivamente para as cerimónias religiosas) para prestar devoção ao Santo

Durante o resto do ano, também vale a pena visitar este santuário de beleza paisagística inigualável, onde se pode ter uma magnífica panorâmica sobre o vale do Sabor e apreciar um saboroso piquenique à sombra de ramosas árvores em qualquer época do ano.

As mordomias de São Bartolomeu, são nomeadas de quatro em quatro anos e todas elas, têm feito algumas obras conforme se verificam no Santuário, mas muita gente de Argoselo e os muitos visitantes devotos do Santo ficam perplexos como ainda não se fizeram esforços para o melhoramento do recinto.

Sabemos finalmente que a mordomia atual tem um projeto para requalificar o recinto com obras que rondam os 300 mil euros conforme projeto divulgado e exposto no recinto em 2014. Aguardamos ansiosamente pelas mesmas duma vez que são tão necessárias.

Em Argoselo vivem-se dias de festa com a duração de dois dias 23 e 24. O ponto alto no dia 24 de Agosto é consagrado ao Santo, sendo as celebrações antecipadas por uma Procissão de velas no Planalto. Não existem muitas mudanças a assinalar, pois desde os primórdios a romaria conserva as genuínas tradições, onde as festividades religiosas e pagãs se misturam.

Antigamente, inúmeros romeiros chegavam a pé ou em burros. Vinham de longe ou de perto trazendo valiosas oferendas, e prestar culto ao seu Milagroso São Bartolomeu, como sinal de pagamento de promessas realizadas.

As cerimónias religiosas começam com uma missa na Capela Primitiva (Capela Velha) da parte da manhã, a partir da tarde destaca-se a Eucaristia celebrada no Templo (Capela Nova). Finda a missa segue-se a procissão desde o Templo até à Capela Primitiva num percurso de trezentos metros acompanhada pela banda de música, no final o sacerdote profere uma curta homilia e o adeus até o ano seguinte. Para finalizar há uma grande salva de morteiros. Esta é conhecida por ser uma das mais grandiosas procissões Argoseleiras e da região.

Estes rituais tradicionais misturam-se com a religiosidade. Há crenças, devoções e superstições que o homem mistura com a fé acreditando podendo ser a chave de alguns problemas.

Ilídio Bartolomeu


O RESULTADO DO QUE FIZERMOS NA VIDA


O que temos na vida, são as colheitas do que plantamos, são os resultados do nosso querer, agir, plantar, procurar, aceitar, viver e respirar. Assim se gostamos do que temos é porque este resultado foi uma boa colheita da nossa plantação, se não gostamos, foi porque esta não foi bem planeada e nem sempre como esperamos.

 Um casal tem três filhos, dois bons e um ruim, eles não plantaram um filho ruim, eles não planearam um filho ruim e não queriam um filho ruim, mas a vida pode dar estes resultados. O resultado mau, nem sempre é mau no todo, pois tudo tem uma finalidade, às vezes é para que nós possamos ter referência em relação aos outros filhos, é também para que outras pessoas tenham essa relação ao resto da humanidade. Não existe o bom, sem o mau, sempre haverá uma distinção.

Nós nos regozijamos com as coisas boas e que gostamos. Embora nada é unânime, às vezes consideramos uma coisa boa, mas outras pessoas podem ter outro ponto de vista e assim não ver, nem entender da mesma forma, é por isso que sempre haverá vários ângulos de uma mesma questão.

 É como esquerda e direita na política, cada um acha melhor o seu lado. Existem aqueles radicais que fazem um esforço danado para defender a sua posição e tentar bloquear o outro lado, embora o correto seria procurar encontrar um ponto de equilíbrio para a convivência.

Aceitar o resultado do que temos é uma dávida que pode melhorar em muito a nossa vida e apreciar o que temos, seja de bom ou de mau, do que gostamos demais e o que gostamos de menos, tudo é importante, pois tudo é o resultado de nós mesmos, do que fizemos no passado, ou do que encontramos no nosso caminho para nos modificar, nos melhorar, ou nos piorar.
De tudo isto, não entregar só na mão de Deus ou da fé, pois precisamos continuar, plantando e não nos acomodar na vida sem nada fazer, só irá com certeza piorar os nossos dias, quem faz quem luta, pode não alcançar o resultado esperado na sua plenitude, mas com certeza estará caminhando para um mundo melhor.

 

 Ilídio Bartolomeu