domingo, 30 de maio de 2021

EM DEFESA DA CULTURA E DAS TRADIÇÕES DE UM POVO!

Costuma-se dizer que as expressões culturais são as raízes de um povo. Dizem ainda mais, que povo sem cultura é povo sem raízes. para os antropólogos, a cultura é o que constitui a maneira de viver do povo, a soma dos padrões de conduta aprendidos, atitudes e coisas materiais.

A identidade de um povo está na sua cultura. Podemos entender como tudo aquilo que é construído pelo ser humano: os mitos, símbolos, ritos, todas as crenças, todo o conjunto de conhecimentos e todo o comportamento etc. A definição popular de cultura inclui sempre as crenças, os padrões sociais, os princípios, os valores religiosos, os usos e costumes e os traços materiais. Portanto, conhecer e valorizar a  cultura Argoselense, são auto-afirmações do que somos.

Contudo, as gestões públicas locais, não se têm preocupado muito com os movimentos que mantém a chama acesa da identidade do povo… Talvez por acharem desnecessário manter viva esta identidade, cujo nascimento vem das classes mais desfavorecidas do nosso passado. É o que acham estes gestores; o que morreu esqueceu… mas o povo, diz: não!... “A alma de um povo é a sua cultura que todos devemos manter”… Ao contrário, poderemos ser conduzidos por qualquer outra tradição que chegue, desconsiderando os Valores Culturais de um Povo, já existentes e merecedores do nosso apoio.

Em relação à cultura, estes gestores não perguntam se o povo quer, eles ligam-lhe muito pouco e impõem a que eles querem. Por isso, não poderemos consentir que o Patrimônio Cultural de Argoselo seja esquecido ou trocado, mas sim manter sempre viva esta cultura popular, não desvalorizando os grupos teatrais e a arte das comédias. A cultura é uma preocupação constante e permanente em qualquer Povo. Todos querem entender como é o modo de vida de uma sociedade onde nós vivemos, isto é, como as pessoas se relacionam entre si, de forma mais ou menos organizada, cooperando umas com as outras, na qual se manifestam de forma especificas e às vezes até divergentes. 

Complemento, dizendo que cultura é a somatória dos costumes, tradições e qualquer manifestação de criatividade humana. Os contatos entre diferentes bairros marcaram a civilização dum povo ao longo da história, promovendo transformações culturais tanto pelos movimentos internos, inter-bairros, como pelos movimentos externos, entre as várias localidades vizinhas. É assim que eu entendo a cultura.

 Há muito que o ser humano tem rebuscado de várias maneiras identificar-se, tomar consciência de si mesmo, orgulhosamente nas experiências vivenciadas pelos seus antepassados. Torna-se prudente preservar os bens que compõem a história vivida, individual ou coletivamente, considerando as expressões dessa diversidade, um suporte para a sustentação desta identidade cultural.

Cultura é a maneira de falar, de vestir, de morar, de comer, de trabalhar, de orar, de se comunicar com todos. Desta forma essa cultura fica a garantia, a defesa e subsistência da vida de um povo.

No instante em que as pessoas não perceberem que o passado não são só restos, ou só histórias contadas através de monumentos materiais, que se relacionam com o tempo ou factos aqui ocorridos, nós não estamos a assumir um novo legado de descobertas e valores, associando o conceito de bens, tradições ou patrimônio, abrangendo as relações estabelecidas entres os nossos antepassados. Sendo assim, as manifestações culturais de um povo passam a ter elementos do passado que vinculados a técnicas do presente possibilitam a ligação entre a história e a vida atual. Mas para que tenhamos de acautelar o rico património deixado pelos nossos antepassados, no cuidar desse Patrimônio deve-se considerar o restaurar e não simplesmente o derrubar e deixar desaparecer de vista.

Os gestores na altura, tudo que era património deixado pelos nossos antepassados, foi destruído ou vendido a patacas, simplesmente para imporem a sua vontade. Hoje talvez não fosse bem assim, porque o estado dispõe de dispositivos legais para subsidiar a comunidade nas ações de integridade e preservação das propriedades culturais. Dirão algumas pessoas… estás bem enganado… estarei… compreendo-vos muito bem! Só quem está no convento, é que sabe o que lá vai dentro…

Quando a cultura de um povo é destruída pelo domínio de outra cultura, o povo fica desprotegido culturalmente. Todo o povo só existirá enquanto não perde os seus valores sociais, culturais e religiosos e, não se deixar dominar, destruir, invadir, influenciar por outras culturas. Na medida em que conseguir resistir a sua identidade cultural, ele se fortificará e ficará sendo a razão do existir de um povo que tem cultura própria, porque vive a sua própria identidade cultural. Por isso que se diz: “Cultura é a alma de um povo”. Povo sem cultura é um povo sem alma e sem identidade própria.

Nas relações estabelecidas entre toda a comunidade, deve-se evidenciar urgência em preservar a herança patrimonial, pois só é possível dela usufruir quando se reconhece no modo que existiu e querem que continue. Seria interessante que vocês próprios fizessem uma sondagem aos familiares oriundas destes antepassados, se tivessem alguns objetos inerentes desse tempo, se podiam abdicar deles. Depois disto sim; os gestores locais que começassem a encaminhar algumas verbas para  recuperar o que ainda fosse possível reaver os (Pelames), e sedimentar um projeto de valor incalculável deste património inexplicável no respeito à história, à cultura e à natureza. Se a cultura é a alma de um povo, o povo tem que ter um caminho para seguir a sua história cultural com a sua fé. Todo povo tem cultura. Não existe povo sem cultura. Portanto, cultura é tudo o que um povo faz para poder sobreviver e se relacionar com os outros.

Enfim, deve haver entre o patrimônio e a comunidade uma espécie de cordão umbilical onde o homem, ser social, estabeleça uma relação de vida preenchida de sentimentos, de valores e de cuidados que espontaneamente entrelaçam passado, presente e futuro.

O povo de Argoselo praticamente não fala em conceito de “história e tradições familiares”. Mas quando uma pessoa nasce, ela começa a escrever uma história com as ações que vai praticando. Se pararmos e pensarmos bem  a história de cada membro da família, encontrará semelhanças essenciais e objetivos comuns dos seus antepassados. Parece que cada um é um capitulo de uma historia maior, seguindo as tradições ao longo de diferentes gerações.

Para assegurar a permanência dos valores identificados. dos bens culturais advindos do modo de viver dos seres humanos, torna-se importante caracterizá-los considerando três grupos: natureza e meio ambiente, técnicas de saber fazer e conservar patrimônio material e imaterial, bem como respeito pelas tradições herdadas.

A que propósito  escrevo tudo isto? É simplesmente para manifestar o meu repúdio ao divorcio com que é tratado o especto cultural em Argoselo. Temos talentos, diversidades culturais, em função de uma população oriunda de culturas, cada bairro com as suas crenças, tradições e costumes, temos todo um potencial que é ignorado ou menosprezado. Esboços de projetos são lançados e logo esquecidos. Somos mais ou menos seiscentos habitantes, e o povo hoje tem espaços decentes onde se possa expressar as manifestações culturais.

Acho que está na hora de se pensar com seriedade no assunto. Penso que é chegado o momento da sociedade Argoselense manifestar-se a este respeito…

Viva a verdadeira identidade de um povo… A sua cultura popular!

 

Ilídio Bartolomeu

 

domingo, 23 de maio de 2021

CRÓNICA DE UMA ALDEIA TRANSMONTANA!

Não é de todo exagero referir que estas memórias extravasam o tempo, ao trazer o passado para o presente, pormenorizando histórias e narrativas de vida que se passaram. O leitor encontrará nesta crónica, um valioso espólio etnográfico que vale a pena conhecer ou relembrar, lendas, mitos e paisagens de uma beleza  singular da Aldeia que me viu nascer.

 É verdade que muito tem sido apontada como a aldeia do "fim do mundo", "atrás do sol-posto", "tradicionalista" "tolerante". Por um lado ainda bem porque é uma boa maneira de dizer a quem não conhece esta parte de Portugal, que dê cá "um saltinho".

Nasci, cresci e estudei na aldeia até aos dez anos. A escola começava às nove da manhã e terminava às três da tarde. Éramos muitos. Somando as seis turmas seríamos perto de 140, em três salas. Acredito que aprendemos lá, principalmente com a professora Dona Maria Cepeda, as principais bases do conhecimento e de preparação para a vida. Mas os melhores ensinamentos chegavam depois das três. Mal ela dizia "podem sair", corríamos que nem desalmados,  que até se escutava em toda a aldeia.

Alguns iam para casa (tínhamos entre 6 e dez anos). Outros, como eu, era sagrado! Jogávamos desenfreadamente a bola pela estrada. Quando parávamos ao pé de alguns velhotes que estavam sentados  nos bancos da praça, a história era outra! Ou melhor, as histórias.

O “ti Marroeiro” era um homem forte em estatura e de uma vivência enorme. Tinha sido contrabandista e só isso já dava "pano para mangas" a muitas passagens mirabolantes que nós escutávamos sem pestanejar. As fugas aos carabineiros (Guardia Civil espanhola) e aos Fiscais portugueses embebedava-nos  o espírito da aventura. Imaginávamos tudo e entrávamos nas histórias contadas com uma mestria de avô paciente. O “ti Marroeiro” não tinha estudado mas conhecia a vida de cor. Ria-se quando tirávamos os livros das bolsas e lhe dizíamos que a terra era redonda. Não acreditava! A ida do homem à lua era, para ele, uma invenção dos Americanos.

Mas a maior invenção do “ti Marroeiro” foi ensinar-nos a jogar às cartas. Ensinou-nos tudo o que sabia. Os jogos todos. A bisca dos nove, o estenderete, todos inofensivos para crianças e também os jogos para adultos (era o que nós queríamos para nos sentirmos grandes), a "batota", o chincalhão e a sueca, principalmente a sueca que foi inventada por mudos, dizia, talvez para nos manter calados.

O respeito pelas cartas todas do baralho e pelas outras do adversário era a essência para sabermos a mão de cada um e ir a jogo, sempre com astúcia, para ganhar o jogo. Ensinou-nos tão bem que no fim já lhe ganhávamos. Nunca esquecerei a paciência do “ti Marroeiro” como dos outros velhotes que estavam sentados com ele. Aqueles dias com eles foram uma verdadeira "escola" para nós.

Era o tempo em que sabíamos tomar conta de nós. Cada um em equilíbrio com a sua natureza. Tempo em que não se ficava em casa para não estragar as audiências na televisão, tempo em que éramos pobres de quase tudo mas ricos de tempo, havia tempo para aprender a ser humano e tempo para viver em ajuda mútua. Este era o método mais avançado da evolução das nossas qualidades que utilizávamos para viver e ajudar a viver.

Era o tempo em que éramos, estávamos, sem consumos obrigatórios, renda da casa, água, luz, telefone, gás, casa de banho e sem pensar em vestir muito caro. Sou do tempo onde cada um sabia da bisbilhotice que trazia união, era assim que se comunicava em que cada um procurava só a informação necessária à ação. Não era melhor - não seria pior - mas era desta maneira na minha aldeia, e noutras aldeias vizinhas não seria diferente. Nessa altura sentíamo-nos confinados a este modo de estar, era como se nos tivessem raptado e nos afastassem de todas as coisas boas ou más que estavam a acontecer no mundo, à espera que o tempo passasse e nos levassem até à civilização.

Está quase aí o tempo de férias e muita gente já está a planeá-las! Certamente vão ser diferentes dos outros anos! Por norma as pessoas iriam passa-las em vários países por esse mundo fora, mas a pandemia veio trazer muitos constrangimentos,  assim sendo, quem ganha é o nosso pais. Fazer férias lá fora, mas cá dentro… 

Aqueles que  ficam a passar o tempo nas suas próprias terras, juntam-se nos bancos espalhados pela aldeia e falam de tudo um pouco, e a desconfiança com que olham para cada carro que passa ("olha! estes são estrangeiros, devem ir para Miranda ou Vimioso"), da forma diferente como vivem o tempo parece que estão ali desde sempre, que são velhotes desde sempre, que se entretêm com as mesmas coisas desde sempre: dar dois dedos de conversa, comentar a vida alheia, estar atento a quem passa.

 Imagino que seja assim em todas as aldeias. Um dia tive a felicidade de estar presente quando um deles me  interroga; deve aborrecer-se com a nossa conversa, ou não? Disse-lhe que não, que não me aborrecia nada. Que, na verdade, gostava mesmo muito de aqui estar, que me sabia bem este ritmo e esta despreocupação. Talvez porque sei que é por um tempo limitado, que a minha vida não é assim todos os dias, esta calmaria.

É mesmo verdade que aqui não se passa nada. A maior agitação está guardada para as manhãs, quando o carro do peixe do pão ou da fruta entram pela aldeia a buzinar desenfreadamente logo às cinco seis sete da manhã. Depois pronto, não acontece mais nada. Contam-se os carros que passam, almoça-se, dorme-se a sesta, volta-se de novo para os bancos da rua, e é isto. Já não há crianças a brincar na rua como havia noutros tempos. Cresceram, foram fazer a vida delas para outro lugar qualquer. Não há muitos anos lembro-me de haver muitos jovens a jogarem às escondidas e à buxa nova nas noites de Verão, até às tantas. Não havia perigos, eram felizes. Hoje infelizmente já não é como noutros tempos, não se vê praticamente uma alma na aldeia.

 Não há gente nova, só velhotes, e esses deitam-se cedo. No Inverno ainda é pior. Na aldeia, já houve oito ou nove cafés e outros tantos comércios. Agora estão dois ou três cafés abertos. É assim que hoje o comércio da aldeia hoje Vila se resume, praticamente a isto.

Nada será como antes, mas ainda temos a chance de recomeçar, reinventar tudo o que um dia pensávamos que se tivesse perdido no tempo.

Ilídio Bartolomeu

 

quinta-feira, 20 de maio de 2021

SER EMIGRANTE, É PASSAR NOITES MAL DORMIDAS…


Até aos anos 60 as pessoas emigravam para o Brasil. A partir desta década começaram a emigrar sobretudo, para a  Europa, particularmente Espanha, França, Alemanha e Suíça.

Já se falou muito sobre este tema. Mas todas as abordagens que se fazem são sempre diferentes, por serem diferentes os intervenientes em cada momento e local desta região. No caso do Ambrósio “nome fictício” a partida para França era a primeira da sua terra. E a primeira é sempre mais dolorosa e difícil que as restantes.

Há algum tempo que o Ambrósio tinha colocado na sua cabeça a necessidade de ir trabalhar para terras diferentes da sua, pois na sua não conseguia ser retribuído de forma a dar à sua família uma melhor qualidade de vida. Na sua aldeia como em todas as outras a fome apertava. Fruto que os trabalhos no campo lhe proporcionavam, fosse a cavar terra, fosse a cortar e transportar lenha, fosse a arrancar as batatas, cavar as vinhas e tantas outras sessões que de forma gratuita estavam disponíveis naqueles tempos e locais  que geralmente todos os habitantes frequentavam.

Mas, como tinha nascido para trabalhar e trabalho era coisa que não lhe metia medo,  então resolveu ir para França. Foi falando com quem podia orientá-lo e estava prestes a iniciar uma parte da sua vida deveras complicada. É que naquele tempo ir a salto para França era um crime punível pelo regime e por isso tudo era tratado clandestinamente. Aliás coisas tratadas de forma clandestina são uma garantia para quem as trata e nenhuma garantia dão aos eventuais tratados. Isto é se a coisa desse para o torto e algum fosse preso, naturalmente que apenas ele era sancionado.

É importante referir, para que se perceba esta prosa, que na aldeia o Ambrósio era o primeiro que partia… para  França, não sabia uma palavra de francês e não tinha ninguém à espera dele lá.  Tinha que descobrir tudo num local onde ninguém o entendia, e passar perigos na viagem que certamente alguns um dia contarão.

Passados alguns anos,  o Ambrósio voltava na altura do natal que passava invariavelmente com os filhos e a mulher na casa que ambos tinham construído na aldeia e que já tinham dotado de condições sanitárias. Voltou apenas quando já tinha pago tudo o que devia a quem lhe tinha emprestado.

Isto aconteceu há 60 anos, e o filho Ambrósio lembra-se perfeitamente da despedida do pai como se fosse hoje. Claro que o Ambrósio já se não lembra, pois o campo do silêncio da aldeia há muito que o reclamou e obteve para si a tempo inteiro. Mas, mesmo hoje, tenho dúvidas que o Ambrósio esteja a descansar. Ele sempre trabalhou e não é certamente a morte que lhe vai tirar esse hábito!…

Há pessoas que pensam que a vida de emigrante é fácil pois não imaginam o quanto é difícil estar longe daquelas pessoas que amamos, isto porque nunca saíram da sua "zona de conforto" para ir à luta de uma vida melhor, num país que não é o nosso.

Há quem se queixe que trabalhe longe e só pode ir ao fim-de-semana a casa para estar com a família e os amigos, eu também já fui uma delas, mas acreditem que é muito mais difícil estar a milhares de Km de distância, e só poder estar com quem amamos uma vez por ano.

E se hoje estamos aqui, é porque infelizmente Portugal não nos oferecia a vida estável que tanto precisávamos... É preciso tomar decisões, lutarmos por algo melhor, e acreditarmos que no final tudo irá dar certo! Mas acreditem, que há dias bons, há dias menos bons, há dias em que sabemos que isto é o melhor para nós.

A vida de emigrante não é fácil, não é uma vida de luxos e extravagancias como muitos pensam. É preciso ter muita coragem, força e determinação para deixar tudo em busca de uma vida melhor num país que não é o seu.

Podem acreditar só quem passa por uma situação dessas é que sabe o enorme sacrifício que se faz. Eles não vivem, apenas sobrevivem, eles até podem estar noutros países, mas o coração deles está aqui, no seu verdadeiro cantinho.

Este mundo está cheio destes heróis e heroínas, emigrantes e imigrantes, homens de H grande e mulheres de M grande que lutam pela vida.

A todos esses homens e mulheres de letra grande, eu desejo a maior sorte e felicidade.

Ilídio Bartolomeu

 

terça-feira, 18 de maio de 2021

A HUMILDADE É UMA VIRTUDE!

Quem passa por aqui sabe das minhas origens humildes. Sabe também como me orgulho delas. Sabe ainda como me orgulho dos pais que tive, sem escolaridade. Sabe como me orgulho de ter nascido naquele cantinho de Trás-os-Montes, exatamente na família em que nasci. Sabe que fui imigrante, e que os meus pais ficaram. Quem passa por aqui sabe que não me arrependo de nada, que me orgulho de tudo, sobretudo porque sou hoje fruto de tudo o que já fui!

Sei que o ponto onde partimos na vida, condiciona muito o ponto onde chegamos. Hoje, aos 74 anos, sei que não escreverei tudo o que gostaria de escrever, que não irei a todos os lugares onde gostaria de ir. Por vezes, mesmo gostando da vida que tive, da vida que tenho, sinto que uma vida não me chega para fazer tudo o que gostaria de ter feito nesta vida. Não a trocaria por outra, mas sei que, hoje, aos 74 anos, tenho aspirações que não tive aos 15 e que, se calhar, deveria ter tido!

Aos 15, estava simplesmente, a fazer o caminho que me tinha sido destinado. Hoje tenho consciência do esforço que representava para os meus pais deixarem-me ir, abdicar do pouco trabalho que eu fazia.

Não somos apenas aquilo que queremos ser. Somos aquilo que a vida fez de nós. Por vezes, penso que alguns se esquecem disso, quando apelidam o outro de preguiçoso, porque não tem emprego, certamente porque não estudou. Por vezes julgamos o ponto de chegada sem olhar ao ponto de partida. Julgar os outros é fácil, muitas vezes ignorando a sua história.

Todos temos a nossa história e todos vivemos com ela. É, no entanto, muito fácil julgar depressa demais, exigir que todos estejam alinhados num determinado ponto, sem perceber que nem todos partiram do mesmo lugar!

Por vezes, sinto que uma vida não me chega e, mesmo assim, agradeço a vida que tive, a vida que tenho e penso que muitos, ainda hoje, demorarão uma vida inteira a chegar ao ponto de onde eu parti!

Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De modo que o nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que fomos e o que somos, para sabermos o que seremos.

O segredo para ser feliz, é aceitar o lugar onde estamos hoje na vida, e dar o melhor de nós todos os dias.

Ilídio Bartolomeu





sábado, 15 de maio de 2021

UMA SÓ VIDA POR VEZES NÃO CHEGA…

Quem passa por aqui sabe das minhas origens humildes. Sabe também como me orgulho delas. Sabe ainda como me orgulho dos pais que tive, sem escolaridade. Sabe como me orgulho de ter nascido naquele cantinho de Trás-os-Montes, exatamente na família em que nasci. Sabe que fui imigrante, e que os meus pais ficaram. Quem passa por aqui sabe que não me arrependo de nada, que me orgulho de tudo, sobretudo porque sou hoje fruto de tudo o que já fui!

Sei que o ponto onde partimos na vida, condiciona muito o ponto onde chegamos. Hoje, aos 74 anos, sei que não escreverei tudo o que gostaria de escrever, que não irei a todos os lugares onde gostaria de ir. Por vezes, mesmo gostando da vida que tive, da vida que tenho, sinto que uma vida não me chega para fazer tudo o que gostaria de ter feito nesta vida. Não a trocaria por outra, mas sei que, hoje, aos 74 anos, tenho aspirações que não tive aos 15 e que, se calhar, deveria ter tido!

Aos 15, estava simplesmente, a fazer o caminho que me tinha sido destinado. Hoje tenho consciência do esforço que representava para os meus pais deixarem-me ir, abdicar do pouco trabalho que eu fazia.

Não somos apenas aquilo que queremos ser. Somos aquilo que a vida fez de nós. Por vezes, penso que alguns se esquecem disso, quando apelidam o outro de preguiçoso, porque não tem emprego, certamente porque não estudou. Por vezes julgamos o ponto de chegada sem olhar ao ponto de partida. Julgar os outros é fácil, muitas vezes ignorando a sua história.

Todos temos a nossa história e todos vivemos com ela. É, no entanto, muito fácil julgar depressa demais, exigir que todos estejam alinhados num determinado ponto, sem perceber que nem todos partiram do mesmo lugar!

Por vezes, sinto que uma vida não me chega e, mesmo assim, agradeço a vida que tive, a vida que tenho e penso que muitos, ainda hoje, demorarão uma vida inteira a chegar ao ponto de onde eu parti!

Não há transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De modo que o nosso futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que fomos e o que somos, para sabermos o que seremos.

O segredo para ser feliz, é aceitar o lugar onde estamos hoje na vida, e dar o melhor de nós todos os dias.

Ilídio Bartolomeu

quinta-feira, 13 de maio de 2021

A MONDA DOS CEREAIS, MAS QUE SAUDADES!

Quando a primavera está a chegar, o tempo começa a ficar mais ameno, chega o cuco, chega a popa, e as searas começam a verdejar fruto da velocidade de crescimento das plantas e das ervas daninhas, é altura de fazer a monda.

A Monda era mais uma das tarefas que se tinham que executar sobre as searas principalmente de trigo, por forma a remover do seu seio, as ervas daninhas. Era executada por norma no principio da primavera, mas como em quase tudo no campo, dependia essencialmente do tempo. Dependia do desenvolvimento das plantas que por sua vez dependia do tempo que esteve antes, e do tempo que está. Entenda-se tempo por clima, meteorologia.

No caso das searas de centeio geralmente não se fazia a monda por várias razões: O centeio que é uma cultura de sequeiro, por norma era produzido nas terras mais pobres, isto é, nos locais onde a quantidade de terra o subsolo rochoso não atingia uma altura significativa, sendo vulgar, quando se lavrava com os animais, sentia a relha do arado a raspar nesses maciços rochosos. Por isso, em locais com pouca terra, nem as ervas daninhas se desenvolviam.

Ligado diretamente a esta situação, encontra-se o facto de, não havendo grande quantidade de terra, e sendo a sua composição mais arenosa, a água das chuvas não se retinha nos regos o que originava um menor desenvolvimento quer do centeio quer das outras plantas que eventualmente nascessem.
Por último, as searas de centeio eram por norma grandes o que à partida tornava extremamente custosa qualquer monda manual que eventualmente se decidisse fazer. Por isso,  normalmente, na nossa zona não se fazia a monda das searas de centeio. Muitas vezes, quem menos ligado se encontra às tarefas do campo, tem dificuldade em reconhecer uma seara de centeio, de trigo, ou de cevada.

No caso das searas de trigo, que por norma eram semeadas nos chãos de «melhor terra» fazia-se a monda. Era, naquele tempo a monda manual, efetuada por norma por grupos de mulheres que percorriam a seara rego a rego, eliminando (arrancando) as ervas daninhas.

A monda era executada quando o trigo ainda não estava espigado mas já suficientemente desenvolvido em termos de altura. Por norma as plantas tinham na altura da monda um palmo ou qualquer coisa parecida.

A monda era executada à mão, isto é, as ervas daninhas eram arrancadas com a mão e não com qualquer outro objeto, como por exemplo um sacho, pois facilmente se percebe que isso acontecesse danificava-se o  trigo que não é o objetivo da monda.

A natureza tem destas coisas: numa seara até a altura da monda, as plantas que se desenvolveram mais rapidamente são as ervas daninhas. E, com esse desenvolvimento, se nada for feito, sugam os nutrientes do solo e, consequentemente, dificultam o crescimento do trigo.

É fácil perceber que as searas de trigo, depois da monda, quando vinha uma chuvada, desenvolviam-se muito rapidamente pois podiam dispor da totalidade dos nutrientes da terra. Com o calor e o passar do tempo as searas adquiriam a cor castanho claro como que a convidar para a próxima tarefa, a ceifa

Depois da monda, depois das chuvas de Abril, depois do calor começar a chegar, a seara desenvolve-se mais rapidamente e, com a proximidade do verão, chega a altura da segada. Mas essa tarefa vai ser lá para junho.

Ilídio Bartolomeu

 

sábado, 8 de maio de 2021

TENHO UM BLOG, EIS A QUESTÃO…

 

É, eu tenho um blog, mas não tenho um blog pretendendo ser uma celebridade nacional, eu simplesmente gosto de escrever, gosto de partilhar coisas, embora a maioria das pessoas não goste de uma boa conversa.

 O Blog dá-me voz, e posso ser ouvido e sei que de alguma forma, alguma coisa que escrevo para alguém, isso motiva-me a continuar a escrever. Escrevo porque é durante esse processo de criar que me sinto cheio de energia. Escrevo porque gosto de trabalhar as palavras e porque é uma maneira de dividir os meus pensamentos e leituras. Escrevo porque é uma paixão e coisas pelas quais temos paixão nos motivam constantemente.

Uma das coisas que mais me perguntam nos mails que me enviam é: tenho um blog, como é que posso ter muitos leitores/ganhar dinheiro com ele/ fazer com que seja conhecido?. Nunca respondi a nenhum destes mails, essencialmente por não saber o que dizer. Quando criei o meu blog, não tinha nenhuma espécie de ambição com ele. Basicamente, queria escrever as minhas parvoíces, fosse sobre o que fosse. No ano 2000, já estava reformado do trabalho, apôs uns dias percebi  logo que não ia ser fácil gastar tanto tempo disponível sem fazer nada.

Ora como os blogs estavam a dar os primeiros passos nessa altura em Portugal, achei que era uma boa plataforma para os meus devaneios. Pouca gente ligava a blogs nessa altura. Não havia nenhum  interesse por parte das pessoas. Não sei quantos leitores tinha por dia (só instalei o contador de visitas uns quatro anos depois), só me guiava pelos comentários deixados que foram crescendo. Ao longo destes anos o blog passou por altos e baixos. Há  alturas em que me apetece escrever várias vezes por dia, e alturas em que perco a paciência e me apetece mandar tudo para o inferno.

Eu tenho um canal do Youtube e gosto de gravar vídeos, mas se me pedissem para escolher entre blog e Youtube com certeza eu escolheria blog. Primeiro porque eu gosto escrever, quem me acompanha desde há muitos anos atrás sabe que eu gosto da escrita e segunda porque sei que muitas pessoas ainda gostam dos blogs e por mais que o youtube seja legítimo, no blog a pessoa consegue muito mais informações.

Que me lembre encerrei por uma vez o blog mas só por um tempo reduzido. Para quem, como eu, criou um blog para escrever, é difícil fechar portas. Sente-se a falta. E para quem tem a total liberdade de escrita (porque agora cai o Carmo e a Trindade se vem de lá uma piada ou uma opinião mais polémica), o blog diverte-me mesmo muito, porque me dá prazer. Dá, continua a dar. É apenas diferente.

Ninguém sabia quem eu era, ninguém me conhecia a cara e, durante alguns anos, nem o meu nome era conhecido. Mas, mesmo assim,  chegavam cada vez mais leitores. Ao mesmo tempo, iam aparecendo cada vez mais e mais blogs. Arrisco dizer que, hoje em dia, toda a gente tem um blog. O que não é uma coisa má. Eu sou um mau blogger. Mas sem dúvida que os blogs têm um papel importante. Puseram as pessoas a escrever e a ler mais.

Há blogs para todos os gostos. Agora... criar um blog para ter sucesso e ganhar dinheiro? Isso, sinceramente, não sei como se faz. Porque não criei o meu blog para isso. Não nos façamos de sonsos: um blog com muitos leitores atrai coisas boas (e más, ui, tantas coisas más). E, para além do prazer da escrita e da partilha, ter um blog proporcionou-me, efetivamente, coisas boas: experiências únicas.

Muita gente diz que este blog está carregado de textos aborrecidos e longos;  meus amigos - estou apenas a falar de coisas que gosto e acho giras (sem receber nadinha por isso). Eu falo daquilo que gosto. E podem ter a certeza que nunca aqui recomendei nada em que não acreditasse. Porque, para mim, só faz sentido se for assim. E porque este continua a ser um blog pessoal. E acho que é precisamente por ser um blog transversal que acaba por criar empatia. É o blog de uma pessoa normal escrito para pessoas normais.

Tentar manter um blog durante 20 anos. Tentar com que se mantenha interessante. Tentar agradar a gregos e a troianos. Tentar abstrair-me para não mandar à "merda" diariamente os muitos idiotas que aqui vêm destilar ódio e frustrações. Tentar escrever todos os dias. E, no meio disto tudo, tentar não perder a essência. E não esquecer porque é que se começou. Não há truques para um blog ser conhecido. Tirando o facto de que, nos dias que correm, facilmente se lança um blog e se faz com que seja conhecido. Mas depois falta o resto. Que é aguentar. E mantê-lo. E ter prazer com isso. Porque se for só uma obrigação, um meio para se atingir um fim (sucesso), então podem esquecer. Começam a fartar-se, a perder a paciência para as coisas chatas (que as há, e ao fim de meio ano o blog já era).

 Gosto de ser blogger. Gosto mesmo muito de ser blogger. E de mandar nesta barraca há mais de 20 anos. Ah, e tal, é tão fácil ter um blog, qualquer um tem. Aguentá-lo é que é mais difícil. Comecem um blog porque acreditam que têm alguma coisa a dizer ao mundo (não importa se é sobre o vosso cão, os progressos escolares ou a vossa tara por oculos). Há sempre espaço para mais um. E se, pelo meio, conseguirem coisas boas, então espetacular. Não pensem é que este é o caminho mais fácil para atingirem um fim. Porque, muitas vezes, o caminho não é mesmo nada fácil.

“Eu cá não sou nenhum Shakespeare” – mas na verdade a maioria dos bloggers também não o são. No entanto, escrever regularmente irá realmente melhorar estas suas capacidades de escrita. Além disso, hoje em dia existem muitas ferramentas online que podem ajudá-lo a manter-se afastado dos grandes erros dos blogs.

Quem ainda não tem um objetivo na vida, perde muito tempo passando por caminhos cheios de espinhos que não levam a lugar algum!...

Ilídio Bartolomeu

terça-feira, 4 de maio de 2021

DEPOIS DA TÃO DESEJADA REFORMA, QUE FAZER?


A data parecia distante, até que chegou. A vida no trabalho já estava marcada pela desmotivação. De repente, acorda-se e está-se reformado. O que fazer depois com tanto tempo?

Passamos quase dois terços da nossa vida a trabalhar. Durante todos estes anos, queixamo-nos sempre de alguma coisa, independentemente de gostarmos ou não daquilo que fazemos. É que a repetição da rotina aborrece e faz-nos pensar nos sonhos que não estamos a concretizar.

Mas o que é que faço ao meu dia? E amanhã? E depois? É que a força dos hábitos não desaparece na mesma velocidade repentina. Depois, há os amigos e colegas que se deixam nos locais de trabalho. Há a necessidade de se encher todo esse tempo.

Apesar de décadas ao serviço tornarem o descanso mais do que merecido, somos seres de hábitos. Durante toda a vida, habituamo-nos a trabalhar e a desempenhar funções para uma empresa, para uma instituição, para a sociedade. Quando, de repente, isto acaba, nasce uma espécie de sensação de vazio, de perda de utilidade. Um dos maiores problemas associados à reforma é a perda do sentimento utilidade. Por vezes até se diz: Eu sinto-me uma inútil.

Esta crença não deve ser alimentada, sob o risco de a saúde mental ficar afetada. Manter a crença de que se é um inútil, de que já não se é válido por ter uma idade avançada, caso não mantenham amizades ou um contexto social favorável e disponível, poderá dar lugar à tristeza, isolamento e depressão. É preciso é contrariá-la.

A ritmos distintos, essa sensação de inutilidade vai-se dissipando. Mas não é ao acaso,  tem de se fazer por isso. Os primeiros tempos, é que são duros, como acontece sempre que se atravessa a estranheza da adaptação. Embora haja a vantagem de se dormir e acordar quando se quer, há decisões a tomar sobre o tempo em que se está acordado. E é aí que reside a maior dificuldade.

Assim  os primeiros meses da reforma é preciso  cuidar da saúde física. Ir ao ginásio se possível, correr, andar, passear. Esta vontade de comunicar é outro ponto importante. Não raras vezes, a rotina do trabalho acabava por criar um afastamento do núcleo de amigos mais antigos. Ao mesmo tempo, aqueles que no emprego eram os nossos companheiros de todos os dias ainda estão entregues às obrigações de trabalho. Por isso, a reforma também pode representar algum isolamento, que tem de ser combatido. A proatividade é, na realidade, uma postura fundamental para que se ultrapassem as vicissitudes deste admirável e bizarro mundo novo.

Com os anos, deixamos de ter tanto contacto com as pessoas. Quando nos reformamos, temos de fazer um esforço para tentar procurá-las, para dar dois dedos  de conversa seja no banco do jardim ou no café, para nos  distrairmos. Se não formos procurar as pessoas, nem que seja no café, passamos um dia sem falar com ninguém. Faz-nos mentalmente bem conviver com outras pessoas, por isso temos de arranjar forma de o fazer.

Além de atividades individuais (hobbies em casa, estar na internet, ler um jornal, ver um filme), quanto ao exercício físico, é fundamental apostar numa vida social para manter a saúde psicológica. É importante relacionarmo-nos com outras pessoas. E, apesar de já não existir a imposição de horários de antes, alguma disciplina é indispensável ao bem estar.

É importante criar uma nova rotina, um horário pessoal flexível, mas existente, para se sentirem bem e úteis. Por exemplo: apesar de se saber que a partir desta altura se pode comer às horas que quiser, acordar quando bem lhe apetecer, convém continuar a cuidar de si e estruturar o dia, manter um horário para dormir e alimentar-se bem.

Quem ainda tiver saúde, deve manter-se ativo, fazer algo que o faça sentir-se útil, mesmo depois da reforma. O voluntariado é uma opção. É uma fase na vida que pressupõe ajustamentos e mudanças mais ou menos substanciais na vida da pessoa. Esta reorganização pode ser por vezes motivo de stresse.

Usar o lazer para fazer algo útil, promover a felicidade dos outros ou conhecer pessoas, ajudando-as serem úteis com outros propósitos.

Ilídio Bartolomeu

 

domingo, 2 de maio de 2021

DIA DA MÃE! SER MÃE!!!

O Dia das Mães é um dia para celebrar e agradecer a todas as mães pela dedicação, amor e carinho que dão aos seus filhos diariamente. É comum no Dia das Mães os filhos fazerem surpresas às suas mães, dando presentes ou organizando atividades que demonstrem toda a admiração que sentem por ela.

Quem me conhece sabe que nunca gostei muito de mostrar o que sinto, nunca fui dado a gestos de carinho ou palavras doces, contudo nunca significou que o meu amor pelas pessoas fosse menor. O mesmo se aplica a ti Mãe, hoje tenho 74 anos e não seria quem sou sem a tua existência, sabedoria, trabalho e empenho. Eu tinha 24 anos quando te escrevi duas cartas, o meu sentimento não mudou e espero que saibas disso independentemente de quantas vezes possamos discutir por tu seres mãe galinha ou simplesmente por termos formas diferentes de encarar a vida.

Tu que nos guardaste no teu ventre aquecido e do mundo fomos protegidos. Tu que nos trouxeste para a vida, o que mais poderíamos querer? Deste um cantinho dentro de ti e já crescidinhos nascemos para te conhecer. Nos teus braços fomos acalentados com o teu amor e dedicação.

Conhecer-te por fora é só uma forma de nos fortalecer para o mundo, mas o que há de mais profundo vem do teu íntimo Ser… Oh! Maravilhosa Criatura… Nascida do Amor Divino, que nos ampara a todos os momentos do nosso Viver! O que mais poderíamos querer?

Rogar com todas as forças que Deus abençoe a todas as mães, e se nem sempre ao nosso lado a podemos ter, até a tua lembrança nos faz reviver. Que maravilha…

Sei que não digo o quanto gosto de ti, as vezes que deveria, contudo mais facilmente mostro o quanto aprecio e gosto das pessoas quando falo delas do que lhes digo, é talvez uma falha de caracter que possuo, contudo continuo a gostar de ti e amar-te independentemente do tempo que passe, no fim de contas és mãe e mãe sempre será mãe, mesmo que os filhos sejam de coração.

Tu nunca estarás sozinha Querida Mãe!

Ilídio Bartolomeu