domingo, 28 de agosto de 2022

“A VILA AINDA TEM MUITO PARA DAR”

 



Como  um filho que não esquece as suas origens, sigo atentamente, tudo o que vai acontecendo no  lindo e pacífico lugar onde nasci, cresci e vivi até aos 15 anos, os mais lindos e puros sonhos da minha vida.

Refiro-me  a sonhos, porque a vida é feita de sonhos e eu sonhei muito, talvez desde muito cedo, quando comecei aprender a ler, e    dizia que queria  aprender a escrever cartas ao meu pai e apontar as  medidas que ele tirava aos seus clientes. Era alfaiate

Uma aldeia que apesar, de grande, tem diminuído muito a sua  população residente, em relação ao seculo passado, porque muitos tiveram que lhe dizer “adeus” e partir para outras regiões do país, como eu, e muitos da minha geração, ou para o estrangeiro, à procura de melhores vidas.

Argoselo, uma aldeia do concelho de Vimioso - do distrito de Bragança - com um passado histórico muito rico, perto à fronteira, mas que como tantas outras por essa raia fora - tem vindo a emagrecer.

A Vila retrata uma sociedade de 1965, extremamente coletivista, na qual todos colaboram, vivendo de forma harmônica e preservando sentimentos bons e puros, principalmente a inocência.

O desígnio de criar a vila veio de um grupo de pessoas, que, infelizes com suas vidas na aldeia, resolvem morar numa Vila.

 Há quatro anos que eu não visitava a Argoselo, por questões de saúde, quando cheguei ao cruzamento de São Bartolomeu, e comecei a descer para a Vila, exclamei!  Será que estou a entrar em Argoselo? Por um momento achava que não,  o que vi  gostei! fiquei orgulhoso, agora sim; Argoselo tem um cheirinho a Vila. Hoje reconheço que essas pessoas começam a ter razões…

Em muitas aldeias de Vimioso os habitantes contam-se pelos dedos das mãos. Estão habituados a percorrer quilómetros para chegar onde é preciso.

Na Vila de Argoselo, moram entre 400 ou 500 pessoas durante todo o ano, metades estão reformadas. As casas habitadas intercalam-se com outras tantas de portas fechadas ou em ruínas. "Entre 1961 e 1968, havia muita gente, porque “em cada família eram muitos”, mas “emigrou praticamente tudo”. Atrás de uma vida melhor".

Apesar do esvaziamento da povoação, os que aqui vão ficando acreditam que a Vila "ainda tem muito para dar". "Estas casas podem ser restauradas”. “Isto não é para morrer", garantem as pessoas, que olham para o despovoamento com alguma melancolia. " Muitos dos que estão fora, gostam de vir passar aqui uns dias, mas só isso, ninguém quer viver cá", lamentam

O abandono, desertificação populacional e falta de jovens são sintomas de uma depressão demográfica que é um cenário predominante nas aldeias trasmontanas. É o resultado de anos de uma conjugação de fatores: “declínio da fecundidade, aumento da esperança média de vida e emigração, territórios onde não nascem crianças, onde os jovens saem e onde os que cá estão, estão cada vez mais velhos e a viver mais anos.”

A Vila de Argoselo é para quem precisa de fugir de vidas agitadas ou de dias rotineiros. É para quem quer sentir a força da terra e da natureza. É para quem valoriza o silêncio. É para quem gosta de caminhar. É para quem tem tempo para conversar com quem aparecer. É para quem procura conhecer tradições É para quem não se aborrece em terras tranquilas ou sabe tirar prazer do aborrecimento. É para quem tem saudades de andar descalço no campo.

Não pretendendo fazer uma lista com o que fazer na Vila de Argoselo – nem tampouco fazer alguma critica. É, tão somente, um registo de espaços de que eu gostei, cuja visita recomendo a quem estiver de passagem por Argoselo.

Na minha recente visita a Argoselo no mês de julho, acabei por dividi-la entre o São Bartolomeu e a Vila. De tudo o que tive oportunidade de ver, destaco a entrada com os respetivos passeios para a Vila.

Eu tinha um pressentimento de que um dia a Vila de Argoselo e a realidade; encarregar-se-ia de comprovar esse feeling.

Dito isto, se fosse hoje talvez tivesse ficado sempre na Vila de Argoselo, para poder usufruir do ambiente de vida que por lá se vive.

Continuo interessado em preservar o que de melhor nos legaram os nossos antepassados e dar-lhe vida, criar novas formas de atrair as populações de todo o país, valorizando o nosso Património material e imaterial.

Ilídio Bartolomeu


quinta-feira, 11 de agosto de 2022

A FALTA DE GENTE NO INTERIOR!


 

Quem passasse na aldeia de Argozelo há umas décadas atrás assistia a um povoado com movimento, muito comércio, uma “terra cheia de vida e de gentes”. E tudo por causa da mina. Nessa época empregava cerca de duzentos e cinquenta trabalhadores, oriundos de vários sítios do país.

As minas de Argozelo contribuíram para que muita gente enriquecesse. Não só o volfrâmio dava lucro, como também outros serviços foram crescendo.

 As mercearias e comércios abundavam, os barbeiros, alfaiates, serrilharias, padeiras, os talhos e outros lucravam. Também os particulares se governavam bem à custa dos mineiros e famílias. António da Veiga contava que, naquele tempo, vendia muito dos seus produtos: “eu vendia aquilo que colhia. Azeite, vinho e assim. Vinha aqui muita gente comprar coisas”. E Maria acrescentava: “ele ia para a mina e eu ia para o campo. Fabricávamos batatas, cebolas, feijão, vinho e lá íamos vendendo tudo. Agora não! Agora não há quem compre nada!”.

Com o encerramento das minas, muitos foram os que tiveram que abandonar a vila, rumo a outras paragens em busca de trabalho e melhores condições de vida. Uns partiram para Espanha, mas a grande maioria das gerações mais jovens foi em França que fixou raízes e, ainda hoje, por lá se encontra. Também os filhos do casal Veiga tiveram igual destino.! Depois, a mina fechou e foi tudo embora. Agora, o povo fugiu todo e está tudo para o estrangeiro. Eu tenho oito filhos e só tenho cá uma rapariga. Nunca pensei que, cheia de filhos, ficasse sozinha! Estão todos fora, porque aqui não há futuro. Estão quase todos em França e vivem melhor do que se estivessem aqui. Todos têm a sua casinha!”, contava Maria da Veiga.

Ilídio Bartolomeu

quinta-feira, 4 de agosto de 2022

QUEM É ANTÓNIO PRETO TORRÃO?


Natural de Terras de Vimioso, continua a escrever no Facebook Atalaia. Fá-lo, independentemente, de não fazer disso uma atividade profissional. Só um homem de coração aberto, olhar atento e ouvidos pacientes sabe...Este prazer é para poucos, " Um homem bom, atento e disponível”. Na relação com os outros não existem barreiras nem bloqueios. “É um homem que cultiva a amizade e a camaradagem porque sabe que na vida e na política, nada se pode fazer sozinho”.

Nas palavras dos amigos sempre encontram em António Preto Torão "a compreensão de um amigo". Não o conheço, mas sei dar valor às pessoas que dedicam algum do seu tempo a informar aqueles menos atentos.

Homem  popular, sem ser populista. Está sempre próximo, sem nunca banalizar a proximidade. conhecido e cidadão comum. É muitas vezes discreto, mas está sempre presente. Um homem justo, corajoso, mas sem medo de escrever seja o que for. Com ele, aprendemos sempre algo. Concordemos, discordemos, conspiremos. O que é certo, tem dado um valiosíssimo contributo para dignificar e a prestigiar a nossa Terra.

É um homem de causas e valores praticados. Todos os membros do Atalaia podem e devem orgulhar-se de António Preto Torrão, por servir tão bem o Atalaia. Não há membros dispensáveis, por isso, não podemos dispensar António Preto Torrão.

 É também um momento para lembrar o quão afortunado é o Atalaia por ter, em António Preto Torrão, um dos seus cidadãos mais ilustres.

 

Ilídio Bartolomeu

 

terça-feira, 2 de agosto de 2022

20 ANOS DE PAIXÃO, CULTURA E TRADIÇÕES!!!

Duas décadas passaram desde os primeiros passos do NOSSO BLOG. A paixão pela tradição, usos e costumes Argoselenses mantém-se, mas encontrar jovens que apreciem a tradição pode não ser fácil, contudo a cultura usos e costumes não se faz apenas do passado. Os mais novos são o presente e o futuro.

No entanto, confesso que manter a jovialidade é um trabalho diário e que o “bichinho” é algo que se pode ganhar de um ano para o outro: “Isto são hobbies, não é trabalho ou uma obrigação. Tento cativá-los e fixá-los nestas vivências. As tradições não parece afugentar os jovens quando têm “o interesse de viver o bairrismo” é só olhar para os do Bairro de Baixo.

“Lutar para que as tradições não morra” poderia ser a máxima dos jovens e das Associações Recreativas e Culturais de Argoselo. Além disso, Argoselo é um lugar que tende a reviver o passado e honrar os personagens da história. Os santos são muito celebrados e o tempo de exploração e descoberta é lembrado dentro de seus costumes.

Um dos contextos sociais mais relevantes para os Argoselenses é a família. A lealdade e a união prevalecem, assim como as tradições familiares. É comum que os domingos sejam dedicados às pessoas mais próximas.

Argoselo, possui uma longa tradição católica, a maioria identifica-se com o catolicismo, grande parte da população costuma frequentar missas regularmente.

Os Argoseleiros podem tender a debater euforicamente ou apaixonadamente, para que possam ser confundidos com uma luta. É muito comum os de fora pensarem que alguns  estão a malbaratar quando estão realmente discutindo ou debatendo um tópico.

Ilídio Bartolomeu