sexta-feira, 28 de setembro de 2018

SENSO, PROXIMIDADE E HARMONIA…


Por mais crível mesmo, é que já tenha vindo aperceber por várias vezes, que o leitor saiba das minhas convicções pelo “valor do local”. Inúmeras vezes e com vários propósitos aqui o tenha escrito. Na verdade, acredito que a “Nossa Terra”, os seus recursos e patrimónios, é o melhor que cada um tem além da família e amigos que, curiosamente, também devem ser incluídos nesta mais-valia local. Quanto afirmo e reafirmo esta ideia, convém deixar muito claro que ela não deve ser confundida com o lugar comum “pensar e agir local”. Pelo contrário, esta ideia tem contribuído para desmascarar a coisa, isto é, o dito, cada vez mais intocável e inexistente, pois só serve para ir aguentando um modelo a todos os níveis absurdo e insustentável. Por muitas habilidades que se possam fazer, dá uma enorme ajuda, todos compreendemos que esta “verdade” em que temos vivido tende rapidamente para o fim.

O conjunto de crises, moral, social, económica, financeira e outros, que nos têm batido à porta, anunciam-no inequivocamente. Embora com erros ortográficos, já aqui escrevi alguma coisa sobre o incontornável decrescimento da Vila de Argoselo. Será mesmo possível acreditar num crescimento ao longo dos próximos anos? Como? Tenho duvidas. Este é o “milagre”, pois perde-se a noção dos limites. A realidade vai-nos obrigar, mesmo que alguns (muito poucos) dos confortavelmente sentados neste “modelo ” o não querer a mudar de vida por razões óbvias. É aqui que vamos voltar a ter que contar com o que “temos à mão”, isto é, com os recursos e saberes locais. Para além do imaginável, o mais provável é termos que recordar muito do que, entretanto, fomos esquecendo, sem sabermos hoje de forma clara o que isto significa.

 Parece-me certo e seguro que quem souber viver e tirar partido da terra, em todos os seus sentidos e valores, vai ser rico. Estes serão os verdadeiros novos-ricos. Vamos voltar a sentir melhor as estações do ano e a fazer contas à maior ou menor quantidade das coisas disponíveis para os diferentes usos. Embora possa parecer, este não é um discurso retrógrado e obtuso, é antes a realidade que nos está a bater à porta. Dizer que vivemos numa Terra onde todos dizem à boca cheia têm muito dinheiro, não pode ultrapassar a capacidade de reabilitação do diálogo. É algo demasiado óbvio para ser ignorado por mais tempo. Por esta e outras, que daqui decorrem, convido o governo local a pensar, cada vez mais, numa palavra que é a solução para muitas das crises que atualmente assolam a Vila de Argoselo, a proximidade. Redes de partilha de recursos e saberes próximos são no que nos devemos focar de forma a assegurar um futuro possível.

Numa lenta agonia, o modelo atual vai debater-se acenando com palavras vans  e magia de que isto tudo se vai resolvendo. Sem extremar o discurso o caminho tem de ser o da suficiência local, apesar de tudo o que de duro e até má memória, esta expressão possa ter.

Felizes aqueles, quanto mais depressa e sem demora, decidam por uma outra solução que mais interesse os objetivos da Vila de Argoselo e a de todos Argoselenses…
Seria bom se assim fosse possível!... já…

 

Ilídio Bartolomeu


sexta-feira, 14 de setembro de 2018

A VERDADE PURA E DURA…


Como todos sabemos, existe no Concelho de Vimioso políticos oportunistas por todas as aldeias. Infelizmente. Essa deformação do caráter humano causa profundas mágoas e ressentimentos em todos nós; afinal, o oportunista é uma espécie de traidor da nossa boa-fé, confiança, e factos que por vezes só descobrimos muito tempo depois. Embora o oportunismo esteja por toda parte, há uma área em que ele fica mais evidenciado, neste caso refiro-me à prática dos políticos do nosso Concelho. Há políticos que não pensam nem duas vezes para mudar de partido, obviamente para atender aos seus interesses mais imediatos, digamos. E o programa do antigo partido que ele jurava defender e cumprir? E os seus eleitores que, esperançosos, confiavam nele, votando e elegendo-o quando ele ainda defendia os ideais do outro partido? Sem a menor cerimônia, tudo isso será simplesmente mandado às favas no primeiro momento em que o político oportunista vislumbra uma nova situação que melhor satisfaça os seus interesses, nem sempre confessáveis.

Nesse campo, o oportunismo não fica só nisso, não. Existe uma espécie muito comum de político que, ao se candidatar, vira outra pessoa de uma hora para a outra, passa a cumprimentar: conhecidos, desconhecida toda agente, interessa-se pelos problemas das pessoas mais simples, dedica atenção a todos, sejam ricos ou pobres, olha nos olhos e procura transmitir franqueza e sinceridade, etc. Pessoas de costumes fechados, algumas até arrogantes e antipáticas, como num consentimento de mágica, quando se candidatam, transformam-se em simpáticas e atenciosas figuras, acessíveis a todos. Mas, que ninguém se engane; passada a eleição, tudo voltará ao normal. Principalmente diante de uma derrota, o lobo rapidamente tira a pele de cordeiro e volta ao seu estado de natureza. A providência seguinte é desaparecer das ruas e praças, pois agora ele não terá mais de se dar ao trabalho de cumprimentar as pessoas do povo. Em seguida, dá adeus aos sorrisos simpáticos, fingir tentar esquecer tudo o que foi dito e prometido no período de campanha eleitoral. Aí está o retrato acabado do mais puro e deslavado oportunismo político, infelizmente muito comum neste Concelho de Vimioso.

Quando essas pessoas estão no poder, o oportunismo expressa-se sob diversas modalidades. A primeira delas é a farra da divisão dos cargos públicos, onde o que menos conta é a competência de quem será nomeado. Os cargos e as funções serão ocupados de acordo com os mais baixos interesses partidário que, depois de vencida a corrida eleitoral, estão ansiosos pelo poder. E, nessa azáfama, os oportunistas não se fazem de desentendidos; ao contrário, adotam uma postura agressiva e partem para cima do bolo, para garantir logo a sua fatia. Algumas vezes, não há cargos suficientes para acomodar toda a gente. Nessas horas, o que fazer, então? Simples: criam-se mais um cargo, somente para atender aos objetivos eleitoreiro e saciar o apetite do falso aliado.

Enquanto isso, o interesse do povo ficará relegado às moscas, até que aconteça nova campanha eleitoral, em que o oportunismo de plantão fará com que as esperanças (do povo e destes polítiqueiros!) sejam renovadas, com as conhecidas promessas que eles bem sabem, mas que nunca sairão do papel. Como o povo, além de boa-fé, tem a memória curta, muitos oportunistas voltarão e, com um discurso recauchutado, repetirão a cantilena do velho roteiro previamente traçado, em que a ordem é transmitir sinceridade, esperança, prometer progresso, geração de empregos, boas escolas, saúde, etc. O político oportunista é como se fosse um deus da mitologia greco-romana que tinha duas caras: uma que olhava para frente e outra para trás. Aqui no Concelho de Vimioso, como sempre, inovamos em matéria de esperteza, os nossos políticos oportunistas que não são mais que um “simples” Janus, pois têm várias caras. O pior de tudo é que, quase todas essas caras, além de serem de madeira, são cínicas e nenhuma delas tem sequer um resquício de vergonha. Lamentavelmente, muitas dessas pessoas passam uma vida inteira representando, traindo a fé dos povos do Concelho de Vimioso, sendo eleitas e reeleitas… E então em Argoselo é por demais!... é impressão com  que fico...

 Ilídio Bartolomeu


quinta-feira, 13 de setembro de 2018

UMA HISTÓRIA DE CONFLITOS PESTE


A Igreja Matriz de Argozelo deve ter sido fundada entre o ano de 659 – em que morreu o seu orago – e o ano 1187 em que a aldeia foi trocada pelos terrenos da cidade de Bragança (relatado anteriormente). O edifício atual, da nossa lembrança, apesar de mandado construir no ano de 1722, deve ter demorado a sua conclusão, aproximando-se do início do séc. XIX.

A História que vos trago é da capela de S. Sebastião que guarda alguns dos materiais de uma outra anterior que também serviu de Igreja Matriz.

Em Argozelo houve, em tempos, duas capelas de S. Sebastião, a primeira localizava-se perto ou no Bairro de Baixo, de pequena dimensão, que não cumpria o objetivo de substituir dignamente o papel atribuído à Igreja principal e a outra é aquela que nos recebe e dá as boas vindas. A escolha deste santo (porventura para 1.º orago) está intimamente ligada aos factos históricos que enquadram a vida na época da fundação da freguesia.

No século XIV, com o aparecimento da Peste Negra, o Padroeiro S. Sebastião era um dos santos que mais devoção concitava, sobretudo depois da oferta de uma relíquia sua a D. João III. Aumentou a fama com o facto de ter nascido no seu dia (20 de janeiro de 1554) o desejado Rei D. Sebastião – aquele “maluco” que ficou de voltar num dia de nevoeiro, mas nunca apareceu!

Obviamente os surtos da praga foram transmitidos pela Tradição Oral com elevada frequência e intensidade. Segundo as estimativas mais credíveis matou, entre um terço e metade da população, levando a nação ao caos. Foram inclusivamente convocadas as Cortes em 1352 para restaurar a ordem. Muitas aldeias desapareceram do mapa e os sobreviventes desejaram, por todos os meios, não voltar a presenciar tamanho horror.

A Peste Negra era comparada a «setas que se cravavam no corpo», por isso, S. Sebastião passou a ser invocado como protetor contra essa praga e todo o tipo de morte provocado por objetos que trespassavam o corpo (três setas, uma em pala e duas em aspa, atadas por um fio, constituem o seu símbolo heráldico).

Por todo o reino se levantavam ermidas à sua invocação, muitas vezes nos sítios afastados onde se instalavam as «casas da saúde» para os doentes ou degredos preventivos. A capela de S. Sebastião, aquando da sua construção, localizava-se com certeza afastada do núcleo populacional, mas não tanto como a capela de S. Roque (mais recente).

Tal como S. Sebastião, também S. Roque é um santo da Igreja Católica Romana, protetor contra a peste. Dois padroeiros para o mesmo mal! A intromissão de S. Fabião é algo talvez mereça uma explicação lógica que eu não encontrei, mas, como em tudo, os pormenores são os que têm mais significado.

S. Fabião, papa romano, não tem qualquer hipótese de competir com o santo S. Sebastião, daí a minha dúvida em vê-los juntos que será objeto de análise posterior. Contudo, adianto que há uma Cabeça-Relicário de São Fabião na Igreja Matriz de Castro Verde (imagem anexa).

É um relicário de prata com a forma de cabeça de tamanho natural que possui relíquias de São Fabião, com data do séc. XIII que, para além da fama de milagreira que atraía peregrinos e romeiros de outros locais, esta cabeça-relicário está associada a rituais de benzedura do gado que funcionaria como um saudador curando as doenças do gado através do bafo.

Faz sentido! Também houve a preocupação em manter o gado, afastado das pragas! Quem sabe se essa Cabeça-Relicário não terá passado por aqui, em tempos distantes!?

Na História de Argozelo a mensagem é clara - é necessário redobrar a luta contra as pestes, para que fiquem bem longe! Nunca fiando

 

Escrito por 

Luiz Rodrigues


terça-feira, 4 de setembro de 2018

JOVENS, QUE FUTURO QUEREM PARA A VOSSA TERRA?

Gente que ainda tem que vir e possa reunir uns jovens, que tenham estudos (educação) claro, das mais diversas vertentes educacionais, humanas ou biológicas, pode conversar e anotar os pontos principais da conversação em tópicos e veja o que é a prioridade para o Concelho de Vimioso, que seja interessante para a sociedade de forma humana, não egoísta, mesmo que o egoísmo seja uma característica humana, pelo menos façam uma reforma bem estruturada.

Falando concretamente, Argoselo está Velho e só esses jovens podem ser capazes de dar um futuro. Deixar o futuro nas mãos deles, é claro com alguma supervisão, não venham eles também a descambar porque jovens sem maturidade para resolver inúmeras coisas, só com o tempo e experiência de vida serão capaz de fazer. E porque acredito que a inocência desses prováveis jovens, que não tiveram ainda tempo de se corromper, haverá muita coisa que precisam mudar, por exemplo: serem capaz que muita gente seja mudada de mentalidade.

 Os gritos de indignação seletiva, que abafaram o debate de ideias nos últimos tempos, tanto no âmbito da política formal, quanto no espaço das redes sociais, poderiam dar a falsa impressão de que somos incapazes de estabelecer um diálogo qualificado e construtivo. Isso não é verdade. O Concelho de Vimioso dispõe de gente preocupada com os rumos, que ele leva, quando há pessoas com ideias e projetos que podem colocá-lo nos eixos. Sem milagres, com propostas concretas, elaboradas a partir de experiência e estudos. E mais ainda, sem palavras de ordem. Sem ofender os que pensam de modo diferente. Esta vontade reúne algumas pessoas para tratar de áreas fundamentais para o interesse do Concelho. São especialistas e intelectuais de alto nível, com bons propósitos, detentores de senso de responsabilidade com relação aos caminhos que nosso Concelho pode e deve trilhar, e que oferecem aqui sugestões sólidas para o “futuro que queremos”. Um livro para todos aqueles que acreditam que é possível.

 Incentivando ações destinadas a ajudar as pessoas e as aldeias a avançarem em direção a uma economia mais suscetível de criar mais empregos, gerar maior prosperidade, reduzir a pobreza e assegurar que todos possamos viver em comunidades dignas e seguras, melhorando a forma como gerimos os desafios do desenvolvimento sustentável a nível do nosso Concelho.

A iniciativa "O futuro que queremos" utilizará tecnologias de comunicação modernas, designadamente os meios de comunicação social e a Internet, para promover a participação de pessoas de todo o Concelho num diálogo sobre o tipo de futuro que desejaríamos para a Vila de Vimioso e neste caso também a Vila de Argoselo, Aldeias e Bairros. Mas é necessário todas as pessoas saberem, também, o que desejam aqueles que não têm acesso à Internet.

 Os promotores para o diálogo da iniciativa "O futuro que queremos" contém sugestões sobre a forma de levar às pessoas de todas as idades e de todo o Concelho a participarem neste diálogo usando as ferramentas de que dispõem. Enviem as vossas ideias sobre aquilo que o futuro poderá ser na vossa Aldeia mais sustentável, especialmente no vosso caso e no caso da vossa família e vizinhos. Sejam realistas quanto aos problemas que estão a enfrentar e têm de superar. Mas também demonstrem esperança e uma atitude positiva e construtiva  enviem-nas para Rede Atalaia no Facebook

 As ideias podem ser apenas vossas ou surgir no contexto de projetos realizados, reuniões comunitárias, grupos sociais ou inquéritos informais à vossa comunidade. A decisão é sempre vossa. 

 Imaginem que, em 2025, a vossa comunidade, Aldeia ou Bairro é o sítio onde desejam continuar a viver ou onde a vossa família deseja estar a viver. Que aspeto tem? O que está a vossa comunidade a fazer para lidar com questões como a água, a energia, o saneamento, o emprego, a saúde pública e a segurança? A vossa comunidade reflete a vossa cultura, os vossos valores e as vossas tradições. Não tem necessariamente o aspeto que têm hoje outas comunidades de outras Regiões do Pais. A vossa é única e especial no vosso sítio em que vivem com a vossa família.

 Ilídio Bartolomeu