sexta-feira, 27 de janeiro de 2017

CIDADANIA EM ARGOSELO PARA ALGUNS AINDA É UM POUCO AMBÍGUA…


A cidadania é o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. O conceito de cidadania sempre esteve fortemente ligado à noção de direitos, especialmente os direitos políticos, que permitem ao indivíduo intervir na direção dos negócios públicos onde vive, participando de modo direto ou indireto nos destinos da administração, assim torna-se um cidadão interventivo à vida comunitária e social. O direito, portanto, de ter uma ideia e poder expressá-la, e poder votar em quem quiser sem constrangimento, de praticar o exercício pleno dos direitos civis.
A cidadania expressa um conjunto de direitos que dá à pessoa a possibilidade de participar ativamente da vida do seu povo. Quem não tem cidadania está marginalizado ou excluído da vida social e da tomada de decisões, ficando numa posição de inferioridade entre os demais cidadãos.
A cidadania deve passar por temáticas como a solidariedade, a democracia, os direitos humanos, a ecologia e a ética. A cidadania é tarefa que nunca termina. Não é como um dever de casa, onde se faz a parte que pertence a cada um e pronto, acabou. Enquanto seres que somos, sempre estaremos buscando, descobrindo, criando e tomando consciência mais ampla dos nossos direitos. Nunca poderemos chegar a entregar a tarefa pronta, pois novos desafios na vida social surgirão, exigindo novas conquistas e, portanto, mais cidadania.
Ser cidadão é ter consciência de que é obrigado de direitos. Direito à vida, à liberdade, à igualdade, enfim, direitos civis, políticos e sociais. Mas este também tem um lado da moeda. Cidadania pressupõe também deveres. O cidadão tem que ter consciência das suas responsabilidades enquanto parte integrante de um grande e complexo organismo, que é a coletividade, para cujo bom funcionamento todos temos de dar a nossa cota parte de contribuição. Somente assim se chega ao objetivo final, o coletivo: à justiça em seu sentido mais amplo, ou seja, ao bem comum.
Portanto, para efetivamente exercer a cidadania, o indivíduo deve conhecer os direitos dos quais é titular, bem como suas repercussões no meio social em que convive, assim como ter plena consciência de seus deveres e entender que atua, com sua conduta ativa ou passiva, também sobre a esfera jurídica de outras pessoas, e não apenas sobre a sua própria. Em última análise, deve-se entender como parte integrante da comunidade em que vive, e, portanto, capaz de nela intervir, afetando a si próprio, a terceiros e a comunidade em si.
É deste modo de ver na sociedade, que se mostra os valores ético-políticos em que se orienta na ação do comunitarismo e propõe uma filosofia baseada no pertencimento social. Ao mesmo tempo que os valores concelhios ressaltam ao ideal da virtude cívica sob o lema de que o bem deve ser semelhante ao justo, pretendendo destacar a conformação social e do viver comum.
A cidadania no desenvolvimento da sociedade…


Ilidio Bartolomeu

domingo, 15 de janeiro de 2017

O CANTAR DAS ALMAS EM ARGOSELO


Também conhecida por "encomendação das almas", esta tradição terá surgido após a Igreja Católica ter assumido, no Concílio de Trento (1545-1563), que havia Purgatório, tem nos últimos anos, caído em desuso na freguesia de Argoselo.
A Encomendação das Almas é uma manifestação popular de carácter religioso em que alguns grupos de pessoas saem na altura da Quaresma, durante a noite, rezando e cantando pelas almas dos mortos.
Estes são os seus principais objetivos, é justamente rezar pelas almas do purgatório, pedir intercessão pelas almas dos que já morreram e assim reciprocamente, que as almas intercedam pelos que fizeram orações.
Esta tradição religiosa que ainda persiste em menor quantidade em Argoselo, juntando grupos de homens e mulheres que, vestidos de negro, saem pela calada da noite, teimando em fazer sobreviver um ritual cuja origem, como na maioria das tradições, se perde no tempo e corre, como tantas outras, o risco de se perder.
Eu lembro-me que estas iniciativas contavam com a participação de quatro e cinco grupos, conforme as promessas que as pessoas tinham.
A sua continuidade devia ser apoiada pela junta de freguesia depois duma cuidadosa recolha nomeadamente junto dos mais idosos que habitualmente saíam a cantar as almas, e que ainda possivelmente alguns deles podem fornecer preciosos dados.
Estes cânticos de carácter religioso, como a Encomendação das Almas, sempre foram bem interpretados por estas pessoas em que algumas ainda estão entre nós e bem conhecem. É por isso mesmo que as devem abordar e pedirem-lhes estes ensinamentos, fazendo questão de não deixar cair no esquecimento esta tradição secular nesta localidade de Argoselo, motivo pelo qual a Junta de Freguesia e Associações Culturais, devem diligenciar encontros de grupos e dinamiza-los.
Só assim se pode revitalizar a tradição do cantar das almas santas promovendo estas atividades: encontros, convívios entre grupos. Porque só com vontade, disponibilidade e comparticipação destas entidades, Argoselo tem oportunidade única para assistirmos todos os anos a uma das mais antigas tradições, com hábitos e costumes que muitos desconhecem.
Não vivamos só de memorias, cada argoselense possa contribuir dentro das suas possibilidades para as tornar vivas a favor da nossa tão querida Vila de Argoselo.
Uma comunidade vale sempre mais pelo que consegue realizar…

Ilídio Bartolomeu

segunda-feira, 2 de janeiro de 2017

DIA DE REIS EM ARGOSELO NA MINHA INFÂNCIA ERA ASSIM…

O Dia de Reis é celebrado anualmente a 6 de janeiro. Por norma, o Dia de Reis é celebrado já na noite de 5 para 6 de janeiro, ou seja, na véspera do Dia de Reis.
Este dia é também conhecido como Festa da Epifania.
Celebrado o Natal e o Ano Novo, eis que chega o momento de começar a pensar também no Dia de Reis, que se celebra no próximo dia 6 de janeiro. Por isso decidi lembrar como na minha adolescência se costumava celebrar este dia em Argoselo.

Hoje não sei, mas no meu tempo de infância, era a tradição em Argoselo, vários grupos de amigos juntarem-se e íamos fazer os Reis no campo, neva-se ou chove-se, para isso cada um pedia aos nossos pais; chouriços, alheiras, chavianos e outras coisas de fumeiro, e lá íamos para um lugar previamente escolhido para assar os enchidos e come-los com o pão.

Em Argoselo era comum sair à rua para Cantar os Reis, canções tradicionais sobre a vida de Jesus e saudações à família e donos da casa, à noite. Grupos de rapazes jovens reuníamos para cantar os reis de porta em porta, acompanhados por instrumentos que fantasiávamos com latas e paus, fazíamos o reco-reco, com uns ferrinhos batíamos um no outro e também uma pandeireta. E assim fazíamos animação à nossa música enquanto cantávamos. Como agradecimento recebíamos chouriços e outros enchidos, bolos, vários frutos secos e até dinheiro. Quem não nos abria a porta, dedicávamos-lhes um verso muito pouco próprio para se ouvir. 

Esta celebração católica está associada à tradição natalícia, que diz que três réis magos do Oriente, visitaram o Menino Jesus na noite de 5 para 6 de Janeiro, depois de serem guiados por uma estrela. Os três réis magos chamavam-se Belchior, Baltazar e Gaspar que levaram de presente ao Menino Jesus, ouro, incenso e mirra.

A tradição manda que neste dia a família se volte a reunir para celebrar o fim dos festejos de Natal. Os alimentos da noite de Reis são o bacalhau com batatas, bolo-rei, pão-de-ló, rabanadas, sonhos e filhoses, entre outras iguarias de Natal.
No dia seguinte ao Dia de Reis, as famílias começavam logo a retirar os enfeites de Natal que decoravam as casas durante a época de Natal.
Noutros países o Dia de Reis celebram-se de formas diferentes e em datas também diferentes.

Esta é mais uma tradição que me trás boas recordações dos meus amigos, que por motivos distintos o destino nos separou, procurando cada um o seu modo de vida por vários sítios do país e estrangeiro, outros restam as saudades.
Na verdade, é que os amigos vêm, e se vão! Mas os verdadeiros amigos, nem mesmo a morte os afasta de nós. São eternos e incondicionais.


Ilídio Bartolomeu