quinta-feira, 31 de janeiro de 2019

QUANDO AS SAUDADES SUFOCAM…

É durante o dia e na escuridão do silêncio da noite que algo fica diferente em mim. É algo que se vai instalando aos poucos, tirando-me toda a minha vontade pela escrita. O meu isolamento do computador vai ficando cada vez mais distante. Na minha cabeça gira um tornado de pensamentos: as mãos tremem, a garganta fica seca e a voz enfraquecida.

Sinto aquelas pequenas gotas a formarem-se nos meus olhos, eu sei que elas querem sair, que elas querem deslizar pelo meu rosto. Tento prendê-las, tento fugir, tento de tudo, para escrever, mas sei que não consigo esquecer. As saudades apertam, Terra que me viste nascer.

Eu sei que tento ser forte, não quero sair como vencido, não quero ser dominado pela fraqueza e pela tristeza, porém, todo esse esforço não é suficiente, as saudades são mais fortes do que eu, as lágrimas são lâminas que cortam os meus olhos e um manto negro envolve-se em mim e a melancolia abraça-me. Quero libertar-me, quero gritar, mas a única coisa que consigo fazer é lembrar-me de ti e chorar.
Quando as saudades apertam, tudo fica mais cinzento, o mundo desaba e o coração estreita. Amanhã tudo vai passar, mas o tempo é lento e a vida tem gosto em me torturar. Mas há algo que não tem faltado em mim todos os dias, de querer continuar a mandar mensagens.

As saudades mais dolorosas são aquelas que não podemos matar, aquelas que ficam a doer no peito, carrego-as todo o dia, elas tentam sair da minha mente, mas, não têm como sair quando estou sozinho, dia após dia com este aperto no coração que cada vez vai aumentando, vai crescendo e asfixiando.
Talvez um dia esqueça estes maus momentos. Talvez um dia acorde com um enorme sorriso e com uma onda de felicidade a percorrer as tuas ruas. Um dia, em que me sentirei completamente libertado desta dor em que deixarei o passado no seu devido lugar e sentir aquela vontade de viver o futuro.

Pela noite dentro fecho os olhos e viajo no passado, viajo para aqueles momentos que tanto quero e gosto, viajo para de novo começar a escrever, mergulhado no sonho em busca de calma e tentar apaziguar esta dor de saudades… a sonhar com a terra que me viu nascer e crescer, ao abrigo da terra que escolhi para viver. Por essa razão escolhi esta – Estoril, para escrever com alegria e não com lágrimas nos olhos. Não é preciso atravessar montanhas e oceanos para chegar à terra em que nasci e cresci, pois ela está dentro de mim. Saudades sim, muitas saudades!...

Todas as terras são lindas e espetaculares, desde que as amemos de forma intensa e incondicional.

 Ilídio Bartolomeu