O fim do Verão e o início
do Outono é sinónimo de colheitas, e em Argoselo abre-se a época das vindimas:
as uvas estão prontas para serem colhidas das videiras, num trabalho realizado
em ambiente de festa e convívio, para depois produzir o vinho do ano. Uma
tradição argoseleira que, apesar de modernizada em alguns aspetos, ainda é o que
era.
O trabalho da colheita
das uvas é visto, sobretudo, como uma autêntica festa. Familiares e amigos
juntam-se para as vindimas. O trabalho começa bem cedo, homens e mulheres a
cortar os cachos das videiras para os cestos de vime e baldes.
A meio da manhã
para-se para petiscar qualquer coisa e ganhar força para continuar sendo os
homens a carregar os cestos de vime já repletos de uvas até aos carros de bois,
enquanto as mulheres não deixam escapar nem um cacho das videiras.
O descanso merecido
depois de uma manhã inteira a vindimar acontece durante o almoço prolongado,
sempre em ambiente de festa. Ao anoitecer, a festa contínua no lagar onde os
homens, de calções ou calças arregaçadas, formam uma roda, a pisar as uvas.
Embora sem os contornos
de festa de tempos passados, as vindimas de hoje continuam a aliar uma forte
componente de convívio ao seu trabalho incontornável.
Continua-se a reunir
família e amigos em torno deste ritual anual onde, de tesouras e facas na mão e
cestos aos pés, se cortam cuidadosamente os cachos de uvas. A pausa a meio da
manhã para petiscar mantém-se, e depois concluído o trabalho, vem o almoço
tradicional, uma boa espanholada de bacalhau.
Os carros de bois deram
lugar aos tratores, e depois de colhidas as uvas, são levadas para os lagares
com o primeiro recurso a um equipamento mecânico para serem esmagadas e
finalmente pisadas por homens para se transformar em vinho.
Atualmente procura-se
manter esta tradição, acima de tudo é um dia bem passado a colher os frutos da
Mãe Natureza, e aguardar ansiosamente que o ano seguinte seja sempre melhor.
Ilídio Bartolomeu
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