Quando nos acontece algo de inesperado e desconhecido ligado à função renal é natural termos medo e nos assustarmos, pois estamos a enfrentar algo novo e desconhecido.
A insegurança e o medo na sua maioria entra num quadro depressivo,
uma grande tristeza toma conta do nosso ser... E agora?
São muitas as perguntas, turbilhões de pensamentos... Em muitos
podem gerar sentido de culpa, por nunca ter feito exames de rotina,
devido a sedentarismos... e fica perdido nos seus pensamentos.
Quando da admissão à clínica, os pacientes e a família têm
acompanhamento psicológico. Depois de todos os passos importantes após o
diagnóstico terem sido atendidos, há que habituar a nossa vida com a diálise. E à
medida que os sentimentos iniciais de confusão e medo acabarem, é hora de
assumir o controlo regularmente.
O medo, e sentirmo-nos deprimidos quando se descobre e se inicia o
tratamento da doença crónica é natural. Este sentimento pode atingir os seus
familiares e amigos próximos. A depressão aparece pelas incertezas, pela perda
da autonomia e liberdade em certos aspetos da vida, por sintomas físicos e por
nos sentirmos sozinhos muitas vezes. A depressão deve ser tratada com o seu
nefrologista e deve ser acompanhada. Na maioria dos casos é uma reação
passageira, porém uma minoria necessita de tratamento específico e ajuda
psicológica para tratar melhor os diversos aspetos sobre a doença renal e suas
consequências na qualidade de vida.
A depressão e o medo podem ser ultrapassados; quanto mais
aprendermos sobre a doença, mais conscientes e confiantes ficaremos. A
confiança traz calma e segurança.
Por vezes sentimo-nos enervados
com as pessoas que nos rodeiam, irritados com nós mesmo e com a vida. Raiva
e sentimento de culpa são emoções típicas sentidas quando temos de encarar
uma doença crónica grave e um tratamento difícil. É muito fácil irritarmo-nos
com as pessoas que amamos e fazer com que elas, e nós, nos sintamos ainda piores.
Até nos podemos perguntar: por que eu? Muitas vezes não
há resposta e, se soubermos a causa da doença, ainda assim não devemos culpar-nos
ou descarregar esta ira noutros. Mesmo que nós, nos tenhamos descuidado com a
nossa saúde e pensar no passado, não irá alterar a nossa realidade atual,
exceto se for para corrigir erros que nos possam prejudicar ainda mais. Não
vamos agora cultivar este sentimento…
Sempre que há uma alteração nas nossas vidas, o stresse aumenta. Quando
estamos pressionados por problemas graves irritamo-nos mais facilmente. O
stress pode fazer-nos sentir tristes e cansados. Iniciar uma nova dieta, a
diálise, novos tratamentos, muitos exames e procedimentos pode aumentar o
stress. Mas tudo isto tem a função de nos ajudar a sentir melhor e a encontrar
um novo equilíbrio na vida.
Se estivermos a começar a
hemodiálise, saiba que o início é conturbado e duro para todos; é necessário um
bom acesso vascular (cateter ou fístula), novos remédios, nova dieta e muita calma
nas primeiras sessões de hemodiálise. Podemos não sentir nada neste início ou
ter alguns sintomas, porém o nefrologista, em pouco tempo, consegue tornar a
hemodiálise adequada às nossas necessidades e este início stressante irá
desaparecer.
Se nas cadeiras sentir algum
desconforto, convém recorrer imediatamente aos técnicos para solucionar o seu
problema.
As pessoas que nos amam podem ter emoções semelhantes à nossa, sentindo-se
inseguros e sem saber como nos ajudar. Podem sentir-se enervados e culpados
também, afinal podem perguntar-se a si mesmos: “o que é que deveria ter feito
para poupa-lo disso? Não dei a devida atenção? Faltou alguma coisa?” Sejamos
compreensivos com quem amamos e cuida de nós. Os nossos familiares também estão
a deparar-se com uma nova realidade e uma nova rotina. Este pode ser um
momento difícil para nós e para os nossos, por isso é importante falar e expor
todos estes sentimentos.
O apoio psicológico nesta fase pode ser muito importante não só para
entender e aceitar informações médicas, mas para evitar conflitos e maior
tensão para nós e para os nossos familiares.
Paciência e
calma!... Não é fácil tê-la diante dos que a têm em excesso!... mas não temos
outro remédio
Ilídio Bartolomeu