quinta-feira, 18 de novembro de 2021

COMO DEVEMOS PROCEDER QUANDO ESTAMOS A FAZER DEALISE?


 Quando nos acontece algo de inesperado e desconhecido ligado à função renal é natural termos medo e nos assustarmos, pois estamos a enfrentar algo novo e desconhecido.

A insegurança e o medo na sua maioria entra num quadro depressivo, uma grande tristeza toma conta do nosso ser... E agora?

São muitas as perguntas, turbilhões de pensamentos... Em muitos podem  gerar sentido de culpa, por nunca ter feito exames de rotina, devido a sedentarismos... e fica perdido nos seus pensamentos.

Quando da admissão à clínica, os pacientes e a família têm acompanhamento psicológico. Depois de todos os passos importantes após o diagnóstico terem sido atendidos, há que  habituar a nossa vida com a diálise. E à medida que os sentimentos iniciais de confusão e medo acabarem, é hora de assumir o controlo regularmente.

O medo, e sentirmo-nos deprimidos quando se descobre e se inicia o tratamento da doença crónica é natural. Este sentimento pode atingir os seus familiares e amigos próximos. A depressão aparece pelas incertezas, pela perda da autonomia e liberdade em certos aspetos da vida, por sintomas físicos e por nos sentirmos sozinhos muitas vezes. A depressão deve ser tratada com o seu nefrologista e deve ser acompanhada. Na maioria dos casos é uma reação passageira, porém uma minoria necessita de tratamento específico e ajuda psicológica para tratar melhor os diversos aspetos sobre a doença renal e suas consequências na qualidade de vida.

A depressão e  o medo podem ser ultrapassados; quanto mais aprendermos sobre a doença, mais conscientes e confiantes ficaremos.  A confiança traz calma e segurança.

Por vezes sentimo-nos  enervados com as pessoas que nos rodeiam, irritados com nós mesmo e com a vida. Raiva e sentimento de culpa são emoções típicas sentidas quando temos de encarar uma doença crónica grave e um tratamento difícil. É muito fácil irritarmo-nos com as pessoas que amamos e fazer com que elas, e nós, nos sintamos ainda piores.

Até nos podemos perguntar: por que eu? Muitas vezes não há resposta e, se soubermos a causa da doença, ainda assim não devemos culpar-nos ou descarregar esta ira noutros. Mesmo que nós, nos tenhamos descuidado com a nossa saúde e pensar no passado, não irá alterar a nossa realidade atual, exceto se for para corrigir erros que nos possam prejudicar ainda mais. Não vamos agora cultivar este sentimento…

Sempre que há uma alteração nas nossas vidas, o stresse aumenta. Quando estamos pressionados por problemas graves irritamo-nos mais facilmente. O stress pode fazer-nos sentir tristes e cansados. Iniciar uma nova dieta, a diálise, novos tratamentos, muitos exames e procedimentos pode aumentar o stress. Mas tudo isto tem a função de nos ajudar a sentir melhor e a encontrar um novo equilíbrio na vida.

Se estivermos a começar  a hemodiálise, saiba que o início é conturbado e duro para todos; é necessário um bom acesso vascular (cateter ou fístula), novos remédios, nova dieta e muita calma nas primeiras sessões de hemodiálise. Podemos não sentir nada neste início ou ter alguns sintomas, porém o nefrologista, em pouco tempo, consegue tornar a hemodiálise adequada às nossas necessidades e este início stressante irá desaparecer. 

Se nas cadeiras sentir algum desconforto, convém recorrer imediatamente aos técnicos para solucionar o seu problema. 

As pessoas que nos amam podem ter emoções semelhantes à nossa, sentindo-se inseguros e sem saber como nos ajudar. Podem sentir-se enervados e culpados também, afinal podem perguntar-se a si mesmos: “o que é que deveria ter feito para poupa-lo disso?  Não dei a devida atenção? Faltou alguma coisa?” Sejamos compreensivos com quem amamos e cuida de nós. Os nossos familiares também estão a deparar-se com uma nova realidade e uma nova rotina. Este pode ser um  momento difícil para nós e para os nossos, por isso é importante falar e expor todos estes sentimentos.

O apoio psicológico nesta fase pode ser muito importante não só para entender e aceitar informações médicas, mas para evitar conflitos e maior tensão para nós e para os nossos familiares.

Paciência e calma!... Não é fácil tê-la diante dos que a têm em excesso!... mas não temos outro remédio

Ilídio Bartolomeu

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