Quem passasse
na aldeia de Argozelo há umas décadas atrás assistia a um povoado com
movimento, muito comércio, uma “terra cheia de vida e de gentes”. E tudo por
causa da mina. Nessa época empregava cerca de duzentos e cinquenta trabalhadores,
oriundos de vários sítios do país.
As minas de
Argozelo contribuíram para que muita gente enriquecesse. Não só o volfrâmio
dava lucro, como também outros serviços foram crescendo.
As mercearias e comércios abundavam, os
barbeiros, alfaiates, serrilharias, padeiras, os talhos e outros lucravam.
Também os particulares se governavam bem à custa dos mineiros e famílias.
António da Veiga contava que, naquele tempo, vendia muito dos seus produtos:
“eu vendia aquilo que colhia. Azeite, vinho e assim. Vinha aqui muita gente
comprar coisas”. E Maria acrescentava: “ele ia para a mina e eu ia para o
campo. Fabricávamos batatas, cebolas, feijão, vinho e lá íamos vendendo tudo.
Agora não! Agora não há quem compre nada!”.
Com o
encerramento das minas, muitos foram os que tiveram que abandonar a vila, rumo a
outras paragens em busca de trabalho e melhores condições de vida. Uns partiram
para Espanha, mas a grande maioria das gerações mais jovens foi em França que
fixou raízes e, ainda hoje, por lá se encontra. Também os filhos do casal Veiga
tiveram igual destino.! Depois, a mina fechou e foi tudo
embora. Agora, o povo fugiu todo e está tudo para o estrangeiro. Eu tenho
oito filhos e só tenho cá uma rapariga. Nunca pensei que, cheia de filhos,
ficasse sozinha! Estão todos fora, porque aqui não há futuro. Estão quase todos
em França e vivem melhor do que se estivessem aqui. Todos têm a sua casinha!”,
contava Maria da Veiga.
Ilídio
Bartolomeu
Creio ser chegado o tempo de, ainda que "contra ventos e marés", fazermos tudo quanto estiver ao nosso alcance para ajudarmos a inverter a situação: receber e acolher, em condições de dignidade, todos quantos foram forçados a deixar a sua terra para procurar melhores e condignas condições de vida no estrangeiro e em outras localidades de Portugal. É de mínima justiça e mais que tempo de, a uns e a outros, facilitarmos o regresso à terra que os viu nascer e que, por falta de condições, os forçou a (e)migrar. Nem que seja apenas para poderem usufruir o merecido "descanso do guerreiro". Para além do mais, a vila de Argozelo, como qualquer uma das mais localidades do concelho de Vimioso, carece e merece. Espero que os autarcas tenham suficiente visão para proporcionar aos naturais do concelho os incentivos que os motive a regressar ao seu "torrão natal".
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