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Enxergão de Palha |
Assim eram as camas nesta aldeia no meu tempo, como em tantas de
Trás-os-Montes.
O centeio dava o pão para comer, mas também a palha para mais comodamente
descansar e dormir nos “enxergões”, assentes sobre travessas de ferro ou de
madeira. Eram as camas que se podiam ter e "ai...ai...".
Já havia notícias de colchões de mola que iam aparecendo, mas andavam
arredados destas vidas.
O tecido de que eram feitas era resistente, tipo lona, por norma com padrão
de riscas grossas e pouco claras, comprado para o efeito. No centro tinha um
buraco através do qual seria cheio, sempre pela altura das malhas do pão e a
sua palha fresca iria substituir a velha e moída do ano anterior.
Havia para o efeito que lavar o pano, secar e voltar a lavar e com a ajuda
do sol quente de verão, libertá-lo do cheiro das mijadelas das crianças e das
marcas repelentes dos percevejos que nas noites quentes por vezes apareciam sem
terem sido rogados.
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Encher o enxergão com palha |
E estava pronto o “enxergão”, era assim que nós lhe chamávamos, apesar de inicialmente dura, a receber os lençóis e mantas; com o tempo e o peso iria amaciando, sendo que de vez enquanto, haveria que remexê-la para não ficar acamada e pronta para acolher aqueles corpos que vinham de um dia de lavoura, "modinhos que nem palhas".
Coisas que agora na distância do tempo se "enxergam" com
nostalgia
Blog Freixagosa
Eram bem bons
ResponderEliminarEU por acaso Ainda usey
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