quinta-feira, 14 de setembro de 2023

MUITA GENTE AINDA SE LEMBRARÁ DO ENXERGÃO DE PALHA!

Enxergão de Palha

Assim eram as camas nesta aldeia no meu tempo, como em tantas de Trás-os-Montes.

O centeio dava o pão para comer, mas também a palha para mais comodamente descansar e dormir nos “enxergões”, assentes sobre travessas de ferro ou de madeira. Eram as camas que se podiam ter e "ai...ai...".

Já havia notícias de colchões de mola que iam aparecendo, mas andavam arredados destas vidas.

O tecido de que eram feitas era resistente, tipo lona, por norma com padrão de riscas grossas e pouco claras, comprado para o efeito. No centro tinha um buraco através do qual seria cheio, sempre pela altura das malhas do pão e a sua palha fresca iria substituir a velha e moída do ano anterior.

Havia para o efeito que lavar o pano, secar e voltar a lavar e com a ajuda do sol quente de verão, libertá-lo do cheiro das mijadelas das crianças e das marcas repelentes dos percevejos que nas noites quentes por vezes apareciam sem terem sido rogados.

Encher o enxergão com palha


Com pequenos fachos de palha centeia escolhida, através do buraco e de modo meticuloso, esta era introduzida e espalhada no seu interior, com a ajuda de uma pequena forquilha de madeira em forma de fisga para encher bem os  cantos e finalmente o buraco cozido com uma agulha grossa e curva e linha grossa.

E estava pronto o “enxergão”, era assim que nós lhe chamávamos, apesar de inicialmente dura, a receber os lençóis e mantas; com o tempo e o peso iria amaciando, sendo que de vez enquanto, haveria que remexê-la para não ficar acamada e pronta para acolher aqueles corpos que vinham de um dia de lavoura, "modinhos que nem palhas".

Coisas que agora na distância do tempo se "enxergam" com nostalgia

Blog Freixagosa

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