Argoselo
é um povo cheio de história e tradições, com uma cultura
enraizada que reflete séculos de várias influências. Desde os
artesanatos até à gastronomia. Os costumes argoselenses são um
reflexo dessa herança, que mistura o antigo e o contemporâneo de
diversas formas.
Em
cada lugar do povo, há algo que remete ao passado, seja em festas no
jeito de acolher as pessoas ou nos hábitos quotidianos, expressando
a essência do povo argoselense. Há uma forte conexão entre as suas
tradições, transmitidas de geração em geração, o que mantém
vivas as raízes culturais. Conhecer essa cultura é mergulhar em uma
forma diferente de ver o mundo.
Por
isso, criei este artigo para entenderem um pouco mais sobre o
povo de Argoselo, e algumas curiosidades! Vamos lá?
Judeus
Em
1492, o concelho de Vimioso viu chegar grande afluência de judeus
expulsos dos reinos de Leão e Castela. Os judeus foram autorizados a
estabelecerem-se em várias aldeias e vilas da região (Carção,
Argozelo, etc.). Convertidos à força à religião católica,
constituíram nessas localidades comunidades importantes que pouco se
misturaram com o resto da população até meados do século XX. Os
judeus, assim chamados até hoje – distinguiam-se dos lavradores
pelos ofícios exercidos, ligados aos curtumes, artesanato e
comércio. Os costumes judeus foram bastante influentes para a
história do nosso povo e da região. Entre suas tradições tem
desde comidas, hábitos, símbolos, literatura e festas.
Agricultura
antiga
Este
povo de Argoselo, foi muito vincado pela agricultura. Eram tempos em
que o trabalho era feito a braços. Tempos em que se trabalhava de
sol a sol, tempos da pobreza do avio para o farnel, tempos das mãos
calosas, tempos de verão, quando o calor lhe queimava o corpo,
transformando as suas roupas em farrapos, encharcadas em suor,
deixando a sua indumentária branca de salitre, tempos de Inverno,
tudo coberto de geada, e tempos da chuva, que inundava os campos e
não se trabalhava e logo não havia pão na mesa.... Antigamente,
no tempo dos nossos avós, os agricultores lavravam a terra desde o
amanhecer ao anoitecer. Tinham uma vida muito dura visto trabalharem
muito! A não ajuda de máquinas ou de adubos e substâncias químicas
não ajudavam na rapidez da produção dos alimentos e nem facilitava
a vida ao agricultor. A nossa alimentação era muito mais saudável,
pois todos os produtos que consumíamos eram naturais e não eram
prejudiciais à nossa saúde. Assim se perpetua a memória de
um povo, que com o seu trabalho vai contribuindo para a manutenção
e sobrevivência das atividades dos seus antepassados, de quem
herdaram todo o saber e arte de trabalhar com as mãos.
Depois
das colheitas
Argoselo
é um povo com muitas festas e romarias, de origem sobretudo
religiosa. Entre as mais conhecidas, estão as festas: Senhor do
Bonfim, São Roque, Senhora Das Dores e São Bartolomeu. Assim,
durante o mês de agosto, determinam convivência em comunidade,
celebrando o conhecimento popular, capital humano da nossa gente. E
porque não basta ver e sentir, convido a saborear as míticas e
indescritíveis iguarias que os Restaurantes possuem, no seu vasto e
precioso património gastronómico. Saliento ainda a tradicional
Posta Mirandesa e o Bacalhau Assado na brasa. Uma cozinha rica e
variada, exemplo da verdadeira essência da alma transmontana. Região
essencialmente conhecida pelos seus enchidos regionais. Desde o
fumeiro às divinas alheiras, desde o salpicão ao butelo, o viajante
é obrigado a saborear estas inigualáveis iguarias.
A
verdadeira tradição de Natal
Uma
árvore enfeitada, um presépio trabalhado e fitas brilhantes
espalhadas pela casa fazem o cenário. Estamos
na época em que as cozinhas se enchem de aromas e sabores. Em
Argoselo, onde as receitas têm como principais ingredientes o polvo, o bacalhau e o peru também se obedece às tradições de Natal. “A
consoada é com polvo, o bacalhau, couve e rabas. As sobremesas são
filhós, rabanadas e aletria” E feita a ceia de consoada, o
espírito não acaba por aqui, depois desembrulham-se as prendas,
conversa-se e está-se em comunhão. No entanto, presentes sempre os
houve. Se, antes, era o Menino Jesus que os trazia, hoje é o Pai
Natal quem os traz. O Pai Natal (ao que creio, foi uma figura
inventada pela Coca-Cola ). Memórias que o tempo foi esboroando, e
que, hoje, apenas são relíquias de uma era que se recorda, com
alguma nostalgia.
Tradição
resiste
Ao
longo da Semana Santa, em especial entre Sexta-feira Santa e o
Domingo de Páscoa, há manifestações culturais e religiosas em
Argoselo, para as quais vale a pena chamar a atenção, por
demonstrarem devoção e empenho na recriação dos últimos passos
de Cristo.
Um
dos maiores sinónimos de Páscoa é ter folar à mesa.
Noutros
tempos, por esta altura, eram muitas as portas dos fornos que se
abriam na aldeia, para fazer o folar. Antigamente rara era a família
que não tinha forno e também rara era a casa onde o folar, as
rosquilhas, os económicos, e os frutos secos que
fosse para a mesa não tivesse sido ali feito. Apesar
de ser bastante comum o consumo de cordeiro, borrego e cabrito assado
no forno a lenha. Por
aqui, este verdadeiro manjar é feito com os melhores ingredientes
transmontanos. Ainda que com menos gente reunida, as festividades não
deixam de ser assinaladas e as pessoas continuam a procurar os
produtos que são característicos de cada celebração.
Durante
o século XX, vários surtos migratórios levaram grande parte da
população para o Brasil até à década de 1960 e para a Europa
(principalmente para França), provocando a desertificação da
freguesia.
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