sábado, 19 de abril de 2025

ALMA VIVA!!!


 

Argoselo é um povo cheio de história e tradições, com uma cultura enraizada que reflete séculos de várias influências. Desde os artesanatos até à gastronomia. Os costumes argoselenses são um reflexo dessa herança, que mistura o antigo e o contemporâneo de diversas formas.

Em cada lugar do povo, há algo que remete ao passado, seja em festas no jeito de acolher as pessoas ou nos hábitos quotidianos, expressando a essência do povo argoselense. Há uma forte conexão entre as suas tradições, transmitidas de geração em geração, o que mantém vivas as raízes culturais. Conhecer essa cultura é mergulhar em uma forma diferente de ver o mundo.

Por isso, criei este artigo para entenderem um pouco mais sobre o povo de Argoselo, e algumas curiosidades! Vamos lá?

Judeus

Em 1492, o concelho de Vimioso viu chegar grande afluência de judeus expulsos dos reinos de Leão e Castela. Os judeus foram autorizados a estabelecerem-se em várias aldeias e vilas da região (Carção, Argozelo, etc.). Convertidos à força à religião católica, constituíram nessas localidades comunidades importantes que pouco se misturaram com o resto da população até meados do século XX. Os judeus, assim chamados até hoje – distinguiam-se dos lavradores pelos ofícios exercidos, ligados aos curtumes, artesanato e comércio. Os costumes judeus foram bastante influentes para a história do nosso povo e da região. Entre suas tradições tem desde comidas, hábitos, símbolos, literatura e festas.

Agricultura antiga

Este povo de Argoselo, foi muito vincado pela agricultura. Eram tempos em que o trabalho era feito a braços. Tempos em que se trabalhava de sol a sol, tempos da pobreza do avio para o farnel, tempos das mãos calosas, tempos de verão, quando o calor lhe queimava o corpo, transformando as suas roupas em farrapos, encharcadas em suor, deixando a sua indumentária branca de salitre, tempos de Inverno, tudo coberto de geada, e tempos da chuva, que inundava os campos e não se trabalhava e logo não havia pão na mesa.... Antigamente, no tempo dos nossos avós, os agricultores lavravam a terra desde o amanhecer ao anoitecer. Tinham uma vida muito dura visto trabalharem muito! A não ajuda de máquinas ou de adubos e substâncias químicas não ajudavam na rapidez da produção dos alimentos e nem facilitava a vida ao agricultor. A nossa alimentação era muito mais saudável, pois todos os produtos que consumíamos eram naturais e não eram prejudiciais à nossa saúde. Assim se perpetua a memória de um povo, que com o seu trabalho vai contribuindo para a manutenção e sobrevivência das atividades dos seus antepassados, de quem herdaram todo o saber e arte de trabalhar com as mãos.

Depois das colheitas

Argoselo é um povo com muitas festas e romarias, de origem sobretudo religiosa. Entre as mais conhecidas, estão as festas: Senhor do Bonfim, São Roque, Senhora Das Dores e São Bartolomeu. Assim, durante o mês de agosto, determinam convivência em comunidade, celebrando o conhecimento popular, capital humano da nossa gente. E porque não basta ver e sentir, convido a saborear as míticas e indescritíveis iguarias que os Restaurantes possuem, no seu vasto e precioso património gastronómico. Saliento ainda a tradicional Posta Mirandesa e o Bacalhau Assado na brasa. Uma cozinha rica e variada, exemplo da verdadeira essência da alma transmontana. Região essencialmente conhecida pelos seus enchidos regionais. Desde o fumeiro às divinas alheiras, desde o salpicão ao butelo, o viajante é obrigado a saborear estas inigualáveis iguarias.

A verdadeira tradição de Natal

Uma árvore enfeitada, um presépio trabalhado e fitas brilhantes espalhadas pela casa fazem o cenário. Estamos na época em que as cozinhas se enchem de aromas e sabores. Em Argoselo, onde as receitas têm como principais ingredientes o polvo, o bacalhau e o peru também se obedece às tradições de Natal. “A consoada é com polvo, o bacalhau, couve e rabas. As sobremesas são filhós, rabanadas e aletria” E feita a ceia de consoada, o espírito não acaba por aqui, depois desembrulham-se as prendas, conversa-se e está-se em comunhão. No entanto, presentes sempre os houve. Se, antes, era o Menino Jesus que os trazia, hoje é o Pai Natal quem os traz. O Pai Natal (ao que creio, foi uma figura inventada pela Coca-Cola ). Memórias que o tempo foi esboroando, e que, hoje, apenas são relíquias de uma era que se recorda, com alguma nostalgia.

Tradição resiste

Ao longo da Semana Santa, em especial entre Sexta-feira Santa e o Domingo de Páscoa, há manifestações culturais e religiosas em Argoselo, para as quais vale a pena chamar a atenção, por demonstrarem devoção e empenho na recriação dos últimos passos de Cristo.

Um dos maiores sinónimos de Páscoa é ter folar à mesa.

Noutros tempos, por esta altura, eram muitas as portas dos fornos que se abriam na aldeia, para fazer o folar. Antigamente rara era a família que não tinha forno e também rara era a casa onde o folar, as rosquilhas, os económicos, e os frutos secos que fosse para a mesa não tivesse sido ali feito. Apesar de ser bastante comum o consumo de cordeiro, borrego e cabrito assado no forno a lenha. Por aqui, este verdadeiro manjar é feito com os melhores ingredientes transmontanos. Ainda que com menos gente reunida, as festividades não deixam de ser assinaladas e as pessoas continuam a procurar os produtos que são característicos de cada celebração.

Durante o século XX, vários surtos migratórios levaram grande parte da população para o Brasil até à década de 1960 e para a Europa (principalmente para França), provocando a desertificação da freguesia.


Blog Freixagosa


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