JOGOS TRADICIONAIS EM
ARGOSELO PELA PASCOA EM DESUSO?...
Porque estamos na "Semana Santa", um período muito
vivido na nossa terra, decidi recordar algumas das tradições populares argoseleiros,
tradições estas que tendem a desaparecer ou a entrar na fase do esquecimento.
Assim, no período da Páscoa, era costume as crianças (e não só) brincarem umas
com as outras aos jogos do pião, saltar à corda, do bilro, ”carrinho de linhas”, andar de arco,
ao saco, à barra com uma pedra, à relha ou ferro, à aguilhada, ao fito, ao
anel, e ao cântaro, este o mais interessante porque era um fartote de rir;
entre outros.
Os jogos tradicionais são muito importantes para o
desenvolvimento das crianças, e adultos porque há mais convívio entre elas (o
que não acontece nos dias de hoje) que assim vão criando laços de amizade
importantes para o processo de socialização na nossa sociedade. Os brinquedos
também eram importantes pois cada criança construía o seu e assim requeria
imaginação por parte delas. Os adultos jogavam outros jogos mais pesados
referidos acima. Velhos tempos que deixam saudades.
Particularizo alguns…
Jogo do pião-- é preciso ter um pião e um fio ou
guita. Depois de aprender a lançar entra-se em competição com os amigos. O
objetivo é acertar nos outros piões que estão a rodar "obrigando-os"
a saírem do círculo traçado previamente no solo.
O Jogo do anel-- consiste na organização de um grupo
de pessoas, em que uma delas tem um anel. O objetivo é passar o anel sem que ninguém
se dê de conta para assim os colegas adivinharem quem tem o anel. A pessoa que
descobrir quem tem o anel é quem recomeça o jogo.
Jogo da malha ou fito – São necessárias 2 malhas ou pedras redondas por cada
equipa de 2 elementos. Se as equipas forem mais numerosas será necessário uma
malha por pessoa. Num terreno plano colocam-se dois pinos a uma distância de
cerca de 15 metros e fazem-se 2 campos. Cada equipa fica de um lado do campo. O
objetivo deste jogo é atirar a malha e derrubar o pino, ou aproximar a malha ao
máximo, onde está a outra equipa. Quanto à pontuação contam-se 6 pontos por
cada derrube e 3 pontos (conforme o combinado) por cada malha que fique mais
perto do pino.
Jogo da corrida de sacos - São necessários sacos de serapilheira ou
plástico, um por participante. Marca-se um percurso no chão com uma linha de
meta e dá-se início à corrida. Ganha quem chegar primeiro à meta.
Jogo do cântaro – este consiste em fazer uma roda
com varias pessoas -- cântaros de barro, começa-se a jogar atirando com o
cântaro para um dos elementos que faz parte da roda, e ele ou ela tem que o
apanhar, e assim sucessivamente. Sempre que alguém não conseguir apanhar o
cântaro, cai ao chão o óbvio é partir-se, vai daí que todos começavam a rir, e
para continuar a jogar, lá tinha que vir mais um cântaro.
Toda a gente se divertia nesse tempo com qualquer coisa. O
prémio, por norma eram amêndoas, rosquilhas, figos passados ou tremoços. Aqui
todos ganhavam e passava-se bem o tempo. É claro! Eram nestes momentos que também
se arranjavam os namoricos.
Todos os outros jogos, os mais velhos sabem muito bem como se
jogavam, faziam-se torneios entre aldeias, e até muitas apostas.
Nos tempos atuais, os
jogos tradicionais estão a perder adeptos e dinamizadores, daí que seja
necessário preservar a identidade cultural da população, não esquecendo e
recuperando as tradições argoseleiras mais antigas. Queiram os nossos
representantes…
Ilídio Bartolomeu
Ilídio Bartolomeu
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