BRASÁO DE ARGOSELO |
Argozelo é
uma freguesia do extremo noroeste do concelho de Vimioso, situada a cerca de
onze quilómetros da freguesia-sede. É delimitada a ocidente pelo vizinho
município de Bragança, sede de distrito, e a norte pela Espanha. O povoamento
da área da atual freguesia remonta ao período pré-Nacional. De resto, Argozelo
é uma das freguesias do concelho com um maior número de vestígios
arqueológicos. O povoado fortificado de S. Bartolomeu, ou Freixagosa, começou a
ser utilizado na Idade do Ferro e prolongou-se até ao período romano. Seria
composto por duas linhas de muralha. Entre o espólio recolhido nas diferentes
escavações, hoje conservado numa casa pertencente à Confraria de S. Bartolomeu,
contam-se fragmentos de mós, uma cruz em xisto de especto bastante arcaico, uma
fíbula de bronze e uma pequena estela funerária romana. Do mesmo período é o
povoado fortificado de Terronha / Geada, conhecido também como Castro dos
Mouros. Localizava-se num cabeço rodeado por pequenas linhas de água afluentes
do rio Sabor, com uma excelente posição estratégica e razoáveis condições de
defesa natural. Tinha uma única linha de muralha. No interior, foram recolhidos
alguns fragmentos de cerâmica.
SERRO DE ARGOSELO |
O Castro
do Serro Grande, no lugar do mesmo nome, data também da Idade do Ferro, embora
tenha sido ocupado até à Idade Média. Sobranceiro ao rio Maçãs, está localizado
no ponto mais elevado da crista quartzítica do Serro Grande, facto que lhe
permitir uma ampla visualização sobre as terras em redor. O sistema defensivo
era constituído por duas linhas de muralha. Foram detetados no interior do
recinto fragmentos cerâmicos. Há ainda referências ao aparecimento de vários
objetos metálicos, entre os quais um fragmento de fíbula de bronze. A Bocarra
de Argozelo é uma mina explorada pelos romanos aquando da sua passagem por
Portugal. Apareceram aí duas moedas desse período, uma do imperador Tibério e a
outra do último quartel do século II. Aliás, no termo da freguesia, a norte da
sede da freguesia, foram encontrados vestígios de galerias de exploração de
minério, nomeadamente estanho e prata. Na parede de um forno de cozer pão da
aldeia, foi encontrada uma estela funerária do período romano, conservada hoje
em Bragança. A inscrição diz o seguinte: CLOVTINA / TRITI AN / XXXV.
Inicialmente denominada Ulgoselo, esta freguesia surge na documentação medieval
desde 1187. Nesse documento, os monges de Castro de Avelãs dão ao rei a sua
herdade de Benquerença, no local que é atualmente Bragança. Em troca, a coroa
dava aos referidos monges a igreja de S. Mamede e as suas vilas de Santulhão,
Pinelo e Argozelo, à época Ulgusello. Ao contrário do que parece, o topónimo
Argozelo não é uma variante de Arcozelo, nome relativamente vulgar no norte do
país. Ao invés, provém do latim vulgar "Ulgosello", "terreno
pequeno onde abunda a Ulrica", sendo "urica", no latim clássico
"ulex", uma variedade de rosmaninho. É, pois, um topónimo de origem
vegetal. Em 1290, D. Dinis deu carta de foro à freguesia, que a partir daí
ganhou uma independência administrativa relativa. A partir de 1317, Argozelo
foi integrada no concelho de Miranda do Douro. Passou para o de Outeiro em
1530, mas com a extinção deste, em 1839, integrou de forma definitiva o de
Vimioso. A 19 de Abril de 2001, Argozelo foi elevada à categoria de vila pela
lei número 42/2001, de 12 de Julho de 2001. Esta elevação deveu-se certamente
ao desenvolvimento económico que registou ao longo dos finais do século XX e
inícios do século XXI.
IGREJA MATRIZ DE ARGOSELO |
Hoje em
dia, estamos em presença de uma freguesia que aproveita a sua excelente
localização geográfica, entre o rio Sabor e o rio Maçãs. Em Argozelo, são
produzidos cereais, vinho amêndoa, azeitona e azeite de alta qualidade e há
criação de gado bovino (raça mirandesa), ovino e caprino. Outras atividades são
a extração de cortiça, a construção civil, a serralharia e a indústria de
transformação de madeiras. Em termos de património edificado, a Igreja
Paroquial de S. Frutuoso foi construída na primeira metade do século XVIII.
Templo de características neoclássicas, nela sobressai, no interior, o
retábulo-mor em talha dourada. A Capela do Senhor do Bonfim está situada no
centro da povoação. Foi construída em 1780, conforme inscrição na verga do
portal. É um templo de planta longitudinal, de interior indiferenciado com
cobertura de madeira. A fachada principal termina em empena truncada por
sineira. Exteriormente, é marcado pela sobriedade. A decoração concentra-se
essencialmente na sineira, que trunca a empena sobrelevada da fachada
principal. A decoração é geometrizante e envolve o arco e as pilastras. No
interior, salienta-se o retábulo-mor em talha policroma de planta reta e três
eixos, de inspiração rococó. A tribuna foi fechada por pintura sobre tábua, de
perfil inferior recortado, e carácter naif, com a Virgem e São João Baptista
ladeando Cristo na cruz. Apesar de muito adulterado por obras ao longo dos
séculos, este interior continua a ser muito interessante. De acordo com o
parecer emitido nos termos da Lei n.º 53/91, de 7 de Agosto, pela Comissão de Heráldica
da Associação dos Arqueólogos Portugueses, a ordenação heráldica da freguesia é
a seguinte: Escudo de prata, com uma vagonete de mina, de negro, guarnecida de
ouro, entre dois ramos de rosmaninho de verde, floridos de púrpura, com os pés
passados em aspa; em chefe, pelica de vermelho e, em campanha, ponte de um arco
de vermelho, lavrada do campo e movente dos flancos. Coroa mural de prata de
quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ARGOZELO”. Bandeira:
esquartelada de verde e branco. Cordão e borlas de prata e verde. Haste e lança
de ouro.
Publicado por
Blogue São Bartolomeu
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