sábado, 27 de setembro de 2014

DOIS PADRES...

Padre  Manuel
                                         

Quem eram, o que fizeram, como foram…

Ninguém é igual a ninguém!

Falar de uma pessoa com bons modos, é socialmente aceitável e respeitosa, demostra respeito, cuidado e consideração pelos outros. Seria injusto não falar de uma individualidade eclesiástica que de certo modo deixou as suas marcas na Freguesia de Argoselo, tanto pela positiva, como pela negativa.

O Padre Manuel, quando chegou a  Argoselo na década  50 encontrou uma gente acolhedora de coração e porta  aberta. Se ainda bem me lembro a Freguesia carecia de um Pároco e por isso as pessoas achavam a grande importância que o padre poderia trazer à comunidade, como de facto veio a acontecer. Assistimos assim a uma caminhada do Padre Manuel, verdadeiramente de grandes modificações em curso na vida religiosa e cultural na igreja; por um lado, ele não teve dificuldades em impor a sua autoridade e não hesitava no papel de líder espiritual. 

Padre Manuel

Perante tudo isto a população da aldeia sempre o recebia bem facilitando- lhe ação pastoral. O Povo nessa altura não tinha dúvidas que o Padre Manuel era muito interventivo quanto ao chamamento de cada vez mais paroquianos à igreja, como também era grande mobilizador da Juventude estimulando cada vez mais o rumo a seguir à Sociocultural do Povo.

Neste contexto o Padre Manuel formou dois grandes movimentos: a Ação Católica Geral e a Prejac. A Ação Católica Geral congregava adultos de ambos os sexos que se organizavam em departamentos específicos cada um com o objetivo de uma ação determinada. Já a Prejac congregava os mais jovens e tinha como objetivo promover o reforço dos laços de amizade e valores morais e cívicos para a iniciação de uma vida ativa no seio da comunidade católica.
Se trazermos à memória, nessa altura o Padre Manuel, traçou nove grandes objetivos que estabeleceu durante 10, 12 anos não mais, uma vivência religiosa o cultural que troce bons momentos à população, refiro-me a vários eventos, por exemplo: os teatros de rua, as comédias, andava com os jovens em retiros entre outras iniciativas culturais.

Padre Manuel

Foram estes duma maneira geral os objetivos:

 

·    Ajudar as pessoas na cultura, tempos livres;

·  Aumentar a solidariedade e melhorar a Ação Social da população;

·    Revalorizar as famílias;

·  Integrar e corresponsabilizar os jovens;

·  Promover iniciativas de desenvolvimento;

·  Iniciar os adolescentes nos princípios da Acão Católica;

·  Recuperar os valores ético-morais;

· Ajudar a transformar a paróquia em espaço de comunhão e    corresponsabilidade;

·  Fazer com que os fiéis assumam os seu direitos e cumpram os seus deveres;  Estas foram as nove diretrizes durante muito tempo, principalmente os primeiros 15 anos, o Padre Manuel foi realmente preponderante no desenvolvimento Sociocultural e recreativo em Argoselo. Desde então foi como um edifício se desmoronasse, e tudo se dissolveu no tempo. Praticamente a partir daqui, começou a desenhar-se algum afastamento da sua criatividade e por outras razões óbvias.Mesmo assim, admirado por uns e repudiado por outros: de um lado sendo atacado de radicalismo por quem não lhe reconhecia nenhum valor; de outro lado sendo exaltado com exagero por quem lhe conferia muitas qualidades.

Padre Conego João

De qualquer maneira pode-se dizer que o Padre Manuel até ao fim do seu apostolado em Argoselo foi um padre pró ativo, deu um importante contributo para a dignificação do centro cívico religioso e recreativo. Sem dúvida foi para Argoselo uma imagem que não deve ser apagada, deixou a sua marca, e não entendo porque até hoje os do lado que lhe conferiam tantos atributos ainda não foram capazes através duma simples homenagem, expressar-lhe um apreço de reconhecimento como fizeram ao Cónego João…

Quando da saída do Padre Manuel, o Cónego João assumiu a Paróquia, é verdade que a maioria da gente de Argoselo já o conhecia, porque ainda no tempo do Padre Manuel, já ia celebrar as Missas. Desde então quando a população soube que o Cónego João ia substitui-lo, depositaram muita espectativa nele, e receberam-no muito bem, como é prática do nosso Povo.

De princípio, o Cónego João, de certa forma também não teve grandes dificuldades em impor a sua autoridade e até alguma disciplina de rigor nas tradições religiosas, logo criou nas pessoas uma ideia, de que iria retomar o rumo do Padre Manuel, mas não foi isso na verdade…

Na realidade é que por iniciativa da Comissão Fabriqueira e do povo em geral, reclamavam obras urgentes na igreja paroquial. O Cónego João, mostrou-se recetivo, a Comissão Fabriqueira onde fazia parte o João “Carreché” membro muito ativo nesta iniciativa na reparação da igreja, fizeram um peditório pelo povo e noutros sítios do País, onde se encontravam Argoselenses.


Assim começaram as obras no ano de 1987, graças às ajudas da população, da Camara de Vimioso e Junta de Freguesia de então, todos colaboraram. A intervenção representou um relevante investimento na melhoria da principal Igreja da Freguesia e constitui um importante contributo para a sua dignificação. Lembro que a Igreja Paroquial já não sofria obras de grande envergadura desde o tempo do Prior Miranda Lopes. Para além do trabalho pastoral em Argoselo, o Cónego João tinha várias localidades por si paroquiadas. Também desenvolveu um trabalho muito relevante sócio caritativo através do Centro Social e Paroquial no apoio aos idosos, no Lar Nossa Senhora das Dores.

Altares

Costuma-se dizer: quando se começa bem, acaba mal… O Cónego João como toda a gente sabe, estava ligado à Catedral de Bragança e aos Cursilhos de Cristandade, sendo o seu Diretor Espiritual da Diocese, hoje não sei, o facto é que as dificuldades, tornaram-se muito evidentes da sua parte para conseguirem o consentimento e vontade para  qualquer iniciativa de caracter recreativa religiosa, ou recetividade para intervenções de pequenas obras nas capelas muitas vezes necessárias, sendo que a preferência dele, era que o dinheiro fosse encaminhado primeiro para acabar as obras da Sé Catedral de Bragança. Mas não só… acho que o Cónego João, lá com os seus bitaites disparados na assembleia dominical, atingiam um grau de dureza entristecedor, que só serviam mais para afastar as pessoas.  

De qualquer modo, também era repudiado por alguns por ser tão relutante, outros porque o admiravam muito, tanto que lhe chegaram a fazer uma homenagem manifestando estima carinho e gratidão.

 Lembro que eu nunca estive relacionado nem com o Padre Manuel, nem com o Cónego João, saí muito cedo de Argoselo e só praticamente assistia a uma ou duas missas deles por ano quando vinha de férias.  Não tenho dúvidas  que o Padre Manuel, foi mais Sociocultural Recreativo entre muitas iniciativas.

Era merecedor de uma homenagem.

 

Ilídio Bartolomeu









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