domingo, 7 de janeiro de 2018

ARGOSELO ASSIM NA MESMA! NÃO PODE CONTINUAR!…

Gosto de Argoselo. terra dos meus pais e onde eu nasci. Terra de boa gente, gente simples, humilde, honesta e trabalhadora. Foi em Argoselo que passei parte da minha infância e férias de verão na companhia dos meus pais. Lembro-me do reboliço do mês de agosto, juntos com amigos e os demais.  Tenho saudades desses tempos, mas tenho ainda mais saudades dos meus queridos pais.

Nesta terra linda, onde o tempo passava devagar, fascinava-me ver as portas sempre abertas, francas como as suas gentes, onde ainda vive um dos meus irmãos, amigos e primos que não se deixaram seduzir pelo encanto das cidades.

Ontem ao ler um artigo dum amigo vieram-me à memória estas recordações. Boas recordações…

Mas este mesmo artigo transportou-me para um outro mundo que nos parece tão distante no tempo, mas que continua a ser uma realidade passados 50 anos. É verdade. “Algumas coisas continuam iguais”.

Os argoselenses estão fartos de apresentar reclamações. Fizeram-no várias vezes, sempre sem sucesso, junto das mais diversas entidades e instituições,

Todos ouvimos apelos à necessidade de investimento no interior do País de modo a que diminuam as assimetrias entre o litoral e o interior, em nome de uma coesão territorial.

No largo da praça, no centro da Vila de Argoselo, quatro homens lembram os 50 anos de ditadura e os tempos em que não se podia dizer que se ganhava pouco ou que se tinha fome. Quem dissesse isso, se chegasse aos ouvidos das autoridades, que nessa altura eram os Regedores ou a Guarda Republicana, ia logo preso para interrogatório, explicavam para surpresa de três jovens que contestavam a situação da sua vida. A gente aqui não tem emprego. Isto está muito mau, diziam os rapazes com os seus 20 anos de idade que passam os dias na rua à espera de um emprego que tarda em aparecer. O desemprego é uma das maiores preocupações da freguesia que continua a ser difícil encontrar, a criação de um polo de desenvolvimento industrial com pequenas oficinas, era uma necessidade imediata para travar as famílias, mas não a única.

 O presidente da junta, o “Tio Carilhas” na altura e os que lhe sucederam até aos anos 50, sublinhavam a renovação das acessibilidades municipais uma ponte do Rio Maças e a continuação da estrada Carção Vimioso, eram fundamentais, porque para ir de carro nesse tempo a Vimioso tinha-se que ir por Outeiro Pinelo, dava-se uma grande volta 55 quilómetros para tratar de algum documento.

Precisávamos de vias, referiam os presidentes de junta de freguesia, dessa altura, mas nada podiam fazer, pelas circunstâncias e outros fatores designadamente autoritárias. Argoselo era a maior freguesia do que a própria Sede de Concelho Vimioso, e a do distrito de Bragança.

Hoje, o que verdadeiramente seria muito importante para Argoselo era a continuação do troço Outeiro Vimioso, que como se sabe certas pessoas absolutistas se opuseram em que hoje estivesse feita. Populares e juntas de freguesia, depois do 25 de Abril, têm reconhecido que quem decide tem sido bastante prejudicial à freguesia, mas então não deixaram de ser até à data a mesmíssima coisa, um desinteresse total pela sua Terra...

Durante muitos anos as famílias da maioria dos mil e quinhentos habitantes, várias gerações trabalharam nos campos em culturas de sequeiro e outros. As Minas também deram trabalho e alimentavam algumas famílias, porque o desespero morava na freguesia, outros dedicaram-se aos negócios das peles e tudo que lhes aparecia, porque “ninguém era feliz sem trabalho”.

Hoje a população a maior parte está envelhecida e, por isso, o Lar, foi bem-vindo. É acolhedor, mas já não é suficiente. Os mais jovens reclamam ocupações e a descentralização de iniciativas por parte da autarquia. Espaços de lazer como a tão prometida em leitarães pelo Francisco Lopes, ficou só na promessa. Uma das maiores riquezas de Argoselo, é a sua gente trabalhadora, honesta e hospitaleira. Duas associações dão vida à freguesia com atividades desportivas e culturais.

Os casais mais jovens que têm resistido à desertificação saem de manhã e regressam à noite, trabalham em Vimioso e Bragança.

Para mudar este cenário, é preciso ocupar a mente com outras atividades que tragam boas energias e o bem comum, além de se apoiarem em pessoas de confiança que poderão mostrar outras visões sobre o que fazer por Argoselo.  Ficar sozinhos nunca é uma boa opção, ainda mais neste período onde o clima com a mesma concordância tem prevalecido.

De certa forma não posso acreditar que hajam tantas barreiras que não possam ser intensificadas pelas pessoas que sabem os segredos de como tornar os sonhos realidade. Esses segredos podem ser resumidos em quatro questões: curiosidade, confiança, coragem e perseverança. O maior de todos eles é a Confiança. Quando acharem que acreditam que uma nova mudança pode ser possível experimentem-na…

A chegada de um novo ano pode-nos trazer uma grande diversidade de sentimentos. Aos que tiveram um bom ano, o otimismo pode ganhar mais força, com a expectativa de que o próximo continue no mesmo caminho. Já os que atravessaram muitas dificuldades, recebem uma nova chance de deixar os problemas no passado e renovar a esperança para um futuro mais agradável.

Passar por um ano difícil não é exclusividade de poucas famílias. Seja qual for o motivo, as adversidades acompanham a vida de muita gente, e não é uma tarefa muito fácil abraçar a positividade quando estamos passando por tantas adversidades.

Mas talvez se pensarmos como é bom viver livre de problemas, nossas forças aumentem e o otimismo faça parte de uma porção maior do nosso tempo, vamos todos os argoselenses entrar no ano novo com a esperança renovada, com espaço livre para a felicidade, afastando-nos cada vez mais de tudo que trouxer tristeza ou atrapalhar as nossas prosperidades!

A continuação de um Bom Ano Novo para todos os Argoselenses

 Ilídio Bartolomeu

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