sábado, 16 de novembro de 2019

REFLEXÃO SOBRE AS ALTERAÇÕES CLIMÁTICAS

Gostaria de estar a escrever sobre muitas outras coisas, mas o panorama global do planeta obriga-me alertar para a desastre que nos aguarda, já que os responsáveis por tal missão estão omitindo e mentindo, enganando o povo sobre o futuro.

O mundo atual encaminha-se para o caos. Somente novas formas de pensar, de organizar e fazer funcionar as sociedades poderão superar o anarquismo instalado. O estilo de vida consumista e individualista, que se fixou como padrão de comportamento e de pensar, precisa mudar.

A catástrofe global não acontecerá proximamente, mas em poucas décadas todos nós estaremos a enfrentar científicos sobre este assunto.

Vivemos num mundo que foi decidido no passado. Precisamos criar o futuro das novas gerações, responsavelmente, agora enquanto resta algum tempo. A questão ambiental não encontra a devida atenção de tal forma que possamos começar a estabelecer as medidas que poderão vir a salvar a humanidade.

A automatização está a conduzir-nos a um terrível dilema; não haverá empregos para todos. Robôs, inteligência artificial, substituirão seres humanos, só os mais capacitados, sobreviverão.

Nos últimos três séculos, o desnível na distribuição da riqueza gerada está a aumentar de forma moralmente inadmissível.  “Em algumas décadas uma divisão física determinará entre os que possuem e desfrutam dos cada vez mais sofisticados bens e serviços, e os que vivem do outro lado das muralhas sobreviverão com as esmolas que os governos deverão providenciar”. Com a atual dinâmica política não podemos sequer sonhar em propiciar uma pobreza digna para a maioria das pessoas marginalizadas.

É provável que as atuais configurações políticas conduzam a violentas confrontações físicas desordenadas, sem objetivos concretos a serem conquistados, apenas motivadas pela reação à intolerável forma cínica e injusta da convivência instalada, prestem atenção nas manifestações que já estão ocorrendo em vários países.

 A alternativa da ação política democrática, a saída humana disponível, encontra-se com instituições, leis e práticas que não mais funcionam como deveriam, por força das novas formas de atuar a comunicação social, da propaganda e da maneira como as pessoas se estão educando, informando e se comunicando, Informações superficiais e muitas vezes mentirosas, destinada a atender aos interesses da classe dominante.

Não há como o Estado, responsável pela promoção do bem comum, não passar a ter uma ação mais presente nas sociedades, ao lado da atuação dos mercados livres e socialmente regulados. 

 A supremacia da ética, nas relações humanas, não é instrumento de trabalho da economia ou da administração, mas sim da política. Os pressupostos éticos que conduziram a humanidade a patamares de convivência humana, esperançosa de um futuro mais justo na Civilização Ocidental, hoje paradigma do ideal político a ser alcançado por todos os povos. A recuperação de tais pressupostos, se aceitos pela maioria, passariam a permear a vida dos povos fundada no efetivo reconhecimento da dignidade inerente às pessoas e no seu destino transcendente, fazendo desabrochar a consciência da necessária solidariedade, possibilidade real de um novo começo para esta humanidade desequilibrada e desorientada.

Não é no silêncio que os homens se fazem, mas sim na palavra, trabalho, na ação-reflexão.

 

Ilídio Bartolomeu


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