Gostaria de
estar a escrever sobre muitas outras coisas, mas o panorama global do planeta
obriga-me alertar para a desastre que nos aguarda, já que os responsáveis por
tal missão estão omitindo e mentindo, enganando o povo sobre o futuro.
O mundo atual
encaminha-se para o caos. Somente novas formas de pensar, de organizar e fazer
funcionar as sociedades poderão superar o anarquismo instalado. O estilo de
vida consumista e individualista, que se fixou como padrão de comportamento e
de pensar, precisa mudar.
A catástrofe
global não acontecerá proximamente, mas em poucas décadas todos nós estaremos a
enfrentar científicos sobre este assunto.
Vivemos num
mundo que foi decidido no passado. Precisamos criar o futuro das novas
gerações, responsavelmente, agora enquanto resta algum tempo. A questão
ambiental não encontra a devida atenção de tal forma que possamos começar a estabelecer
as medidas que poderão vir a salvar a humanidade.
A automatização
está a conduzir-nos a um terrível dilema; não haverá empregos para todos.
Robôs, inteligência artificial, substituirão seres humanos, só os mais
capacitados, sobreviverão.
Nos últimos
três séculos, o desnível na distribuição da riqueza gerada está a aumentar de
forma moralmente inadmissível. “Em algumas décadas uma divisão física
determinará entre os que possuem e desfrutam dos cada vez mais sofisticados
bens e serviços, e os que vivem do outro lado das muralhas sobreviverão com as
esmolas que os governos deverão providenciar”. Com a atual dinâmica política
não podemos sequer sonhar em propiciar uma pobreza digna para a maioria das
pessoas marginalizadas.
É provável que
as atuais configurações políticas conduzam a violentas confrontações físicas
desordenadas, sem objetivos concretos a serem conquistados, apenas motivadas
pela reação à intolerável forma cínica e injusta da convivência instalada,
prestem atenção nas manifestações que já estão ocorrendo em vários países.
A
alternativa da ação política democrática, a saída humana disponível,
encontra-se com instituições, leis e práticas que não mais funcionam como
deveriam, por força das novas formas de atuar a comunicação social, da
propaganda e da maneira como as pessoas se estão educando, informando e se
comunicando, Informações superficiais e muitas vezes mentirosas, destinada a
atender aos interesses da classe dominante.
Não há como o
Estado, responsável pela promoção do bem comum, não passar a ter uma ação
mais presente nas sociedades, ao lado da atuação dos mercados livres e
socialmente regulados.
A
supremacia da ética, nas relações humanas, não é instrumento de trabalho da
economia ou da administração, mas sim da política. Os pressupostos éticos que
conduziram a humanidade a patamares de convivência humana, esperançosa de um
futuro mais justo na Civilização Ocidental, hoje paradigma do ideal político a
ser alcançado por todos os povos. A recuperação de tais pressupostos, se
aceitos pela maioria, passariam a permear a vida dos povos fundada no efetivo
reconhecimento da dignidade inerente às pessoas e no seu destino transcendente,
fazendo desabrochar a consciência da necessária solidariedade, possibilidade
real de um novo começo para esta humanidade desequilibrada e desorientada.
Não é no silêncio
que os homens se fazem, mas sim na palavra, trabalho, na ação-reflexão.
Ilídio
Bartolomeu
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