O Dia de Todos os Santos deve-se ao Papa Bonifácio IV. A
celebração deste dia, pretende lembrar Todos os Santos Mártires, conhecidos ou
não. Este dia surgiu assim, com o objetivo de suprir quaisquer faltas dos fiéis,
em recordar os Santos nas celebrações das festas ao longo do ano.
Em Argoselo as celebrações de 1 de novembro, perderam-se um
pouco ao longo dos anos, mas mesmo assim, ainda hoje esta tradição continua com
algum vigor.
Então era e é assim em Argoselo o Dia de Todos os Santos:
pela manha, ou da parte da tarde, as crianças saem à rua e juntam-se em
pequenos grupos para pedir o ‘Pão por Deus’ de porta em porta: recitam versos e
recebem como oferenda pão, bolos, frutas, castanhas, figos, nozes, amêndoas ou
dinheiro que colocam dentro dos seus sacos de pano; noutros pontos do País,
chama-se a este dia o ‘Dia dos Bolinhos’
Esta oferta destina-se a sufragar as almas das obrigações dos
donos da casa, pelo que, as crianças a pedem referindo-se a essa intenção:
Dêem-me uma esmolinha por alma das suas obrigações, ou por alma de quem lá têm.
Enquanto esperam a oferta, ou no fim de a receberem, rezam um
Pai-Nosso e uma Avé-Maria, pelas mesmas intenções, em sinal de reconhecimento.
Era hábito também os padrinhos oferecerem aos afilhados uma prenda, hoje não
sei se é assim ou não.
À tarde ao cair da noite desse dia de Todos os Santos,
é essencialmente dedicada aos “Fiadeiros”, durante todo o dia, as pessoas
devotas vão ao cemitério visitar os seus familiares e amigos rezando por todos
eles e por todos os Fiéis Defuntos. Outras, vão mais à noite até dez horas mais
ou menos, e colocam uma vela arder nas sepulturas dos familiares. Mas, também
havia ou há ainda pessoas, que até se chegava a fazer apostas para quem tivesse
a ousadia de ir às tantas da noite entrar dentro do cemitério. É claro que
estas apostas traziam algumas partidas assustadoras.

Faz parte do “Fiadeiro” um magusto e algumas partidas
tradicionais, consistindo uma delas em mandar as castanhas para a fogueira.
Quando as castanhas estão quase assadas, os rapazes começam a dar mocadas nos
troncos, para pretexto de alguém se atrever tirar as castanhas espantar ou que
elas estoirarem nas mãos.
Outra maldade, é enfarruscarem-se todos uns aos outros,
procurando que não escape ninguém. Para isso, enquanto se vão descascando as
castanhas, escurecem as mãos, quando se pode, esfregam-se na cinza. Há, por
vezes, correrias loucas para apanhar algum mais esquisito que não queira
sujeitar-se a este costume.
É assim que se divertem enquanto comem as gostosas e quentes
castanhas, ainda a estalar, e vão bebendo a deliciosa jeropiga ou vinho,
durante a noite.
Já no dia 2 de novembro tem lugar a ‘comemoração de todos os
fiéis defuntos’, que remonta ao final do primeiro milénio:
Em contraste com esta festa católica está o ‘Halloween’,
vindo dos Estados Unidos da América e agora muito celebrado também na Europa,
no dia 31 de outubro.
Ilídio Bartolomeu
Sem comentários:
Enviar um comentário