terça-feira, 28 de janeiro de 2020

CORRUPÇÃO E O NOSSO DINHEIRO…


Num país como Portugal em que tanto se fala de corrupção e em que os jornais enchem páginas com transcrições de escutas telefónicas a suspeitos de corrupção, em que as televisões enchem telejornais com diretos à porta dos tribunais em dias de julgamentos de processos de corrupção, lê-se o dossiê e fica-se com a sensação de que “a montanha pariu um rato”.

Em Portugal os vigaristas são como a erva daninha a rebentar por tudo quanto é sítio. Pena é que a justiça não age de forma a que devolvam o que roubaram, e todos na cadeia.

São inúmeros os escândalos de corrupção que se sucederam nos últimos anos, alguns com enorme repercussão na comunicação social. Os factos revelados, implicando empresas conhecidas e personalidades públicas, estão a contribuir para a criação de um clima de aparente impunidade que beneficia os mais ricos, que também ou sobretudo por causa desses atos de corrupção são ricos.

É claro que indigna o sacrificado cidadão comum, quando vê a sua contribuição ser desviada de escolas, estradas e hospitais para encher os bolsos de maus indivíduos. Igualmente danosa é a forma como a corrupção disfarça a capacidade do governo de ajudar a economia a crescer de modo a beneficiar todos os cidadãos

A minha perplexidade é saber-se quem são os prevaricadores nos principais casos de corrupção, tráfico de influências e outros crimes de colarinho branco. Conhece-se o paradeiro de pelo menos parte dos bens dos responsáveis pelos buracos da banca e por outras fraudes no sistema financeiro, sabe-se quem imaginou e beneficiou com os contratos e parcerias ruinosos para o Estado. Já existe até legislação específica para recuperar os ativos extorquidos pelos corruptos e vigaristas do regime, grande parte dos quais, continuam em ambientes de grandes senhores e a passear-se por aí impunemente.

Então porque não se resgatam os milhões de euros desaparecidos? Porque é que só os Orçamentos prevê pagar milhões e mais milhões de euros para pagar prejuízos na banca e noutras empresas destruídas pela corrupção e pela gestão danosa e nada se faz para ir buscar este dinheiro, não ao bolso dos contribuintes, mas ao património e às contas bancárias de quem o roubou?…

Que a investigação a estes corruptos feche todas as Fundações que recebem dinheiro de Estado. É tempo de atacar a corrupção. Os governos a administração central acham que devem ficar fechados no escritório, e que não tem obrigação de fiscalizar as entidades a quem atribuem milhões.

Agora mais um caso Isabel dos Santos que não sabemos onde irá parar. É a hora de alterar o paradigma. Como os prevaricadores, em cada caso, estão perfeitamente identificados e são, sem exceção, multimilionários, o dinheiro está à mercê das autoridades. Por um lado, porque a legislação sobre recuperação de ativos permite “o congelamento e a perda dos bens do crime”; e por outro, porque existe um Gabinete de Recuperação de Ativos, a funcionar no âmbito da Judiciária, justamente com essa competência.

Agora é hora de fazermos a nossa parte, denunciando todo indício de corrupção e fiscalizando sempre aqueles que mexem com o dinheiro público.

Não existe democracia onde impera a corrupção, a injustiça, a mentira e a hipocrisia.

 Ilídio Bartolomeu


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