Num país como
Portugal em que tanto se fala de corrupção e em que os jornais enchem páginas
com transcrições de escutas telefónicas a suspeitos de corrupção, em que as
televisões enchem telejornais com diretos à porta dos tribunais em dias de
julgamentos de processos de corrupção, lê-se o dossiê e fica-se com a sensação
de que “a montanha pariu um rato”.
Em Portugal os
vigaristas são como a erva daninha a rebentar por tudo quanto é sítio. Pena é
que a justiça não age de forma a que devolvam o que roubaram, e todos na
cadeia.
São inúmeros os
escândalos de corrupção que se sucederam nos últimos anos, alguns com enorme
repercussão na comunicação social. Os factos revelados, implicando empresas
conhecidas e personalidades públicas, estão a contribuir para a criação de um
clima de aparente impunidade que beneficia os mais ricos, que também ou
sobretudo por causa desses atos de corrupção são ricos.
É claro que
indigna o sacrificado cidadão comum, quando vê a sua contribuição ser desviada
de escolas, estradas e hospitais para encher os bolsos de maus indivíduos.
Igualmente danosa é a forma como a corrupção disfarça a capacidade do governo
de ajudar a economia a crescer de modo a beneficiar todos os cidadãos
A minha
perplexidade é saber-se quem são os prevaricadores nos principais casos de
corrupção, tráfico de influências e outros crimes de colarinho
branco. Conhece-se o paradeiro de pelo menos parte dos bens dos
responsáveis pelos buracos da banca e por outras fraudes no sistema financeiro,
sabe-se quem imaginou e beneficiou com os contratos e parcerias ruinosos para o
Estado. Já existe até legislação específica para recuperar os ativos
extorquidos pelos corruptos e vigaristas do regime, grande parte dos quais,
continuam em ambientes de grandes senhores e a passear-se por aí impunemente.
Então porque
não se resgatam os milhões de euros desaparecidos? Porque é que só os
Orçamentos prevê pagar milhões e mais milhões de euros para pagar prejuízos na
banca e noutras empresas destruídas pela corrupção e pela gestão danosa e nada
se faz para ir buscar este dinheiro, não ao bolso dos contribuintes, mas ao
património e às contas bancárias de quem o roubou?…
Que a
investigação a estes corruptos feche todas as Fundações que recebem dinheiro de
Estado. É tempo de atacar a corrupção. Os governos a administração central
acham que devem ficar fechados no escritório, e que não tem obrigação de
fiscalizar as entidades a quem atribuem milhões.
Agora mais um
caso Isabel dos Santos que não sabemos onde irá parar. É a hora de alterar o
paradigma. Como os prevaricadores, em cada caso, estão perfeitamente
identificados e são, sem exceção, multimilionários, o dinheiro está à mercê das
autoridades. Por um lado, porque a legislação sobre recuperação de
ativos permite “o congelamento e a perda dos bens do crime”; e por outro,
porque existe um Gabinete de Recuperação de Ativos, a funcionar no âmbito da
Judiciária, justamente com essa competência.
Agora é hora de
fazermos a nossa parte, denunciando todo indício de corrupção e fiscalizando
sempre aqueles que mexem com o dinheiro público.
Não existe
democracia onde impera a corrupção, a injustiça, a mentira e a hipocrisia.
Ilídio Bartolomeu
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