Corrupção e
maldade parecem fazer parte do nosso dia a dia. Ansiamos por um modelo social
onde essa sinistra visão de podridão moral seja abolida. Mas não haverá mudança
no comportamento ético e moral do nosso povo e consequentemente dos nossos
empresários, políticos e governantes, se os modelos internos que informam o nosso
comportamento também não forem modificados. Esses modelos são as nossas
crenças, os nossos valores de comportamento.
Não é o mundo
em que vivemos que é pobre e cheio de dificuldades. E não é nele que se
encontra a verdadeira causa da pobreza, da infelicidade e das desgraças que
atingem a vida das pessoas. A razão de termos de conviver com esses hóspedes
indesejáveis está no modelo de mundo que nós construímos nos nossos
pensamentos. As pessoas que parecem não encontrar nenhum caminho na vida fora
do vício e do crime são aquelas que têm dificuldade de ver, ouvir, ou sentir as
possibilidades de sucesso, agindo com ética e nobreza de caráter.
Os seus modelos
de mundo são tão pobres em opções de resposta que tudo nos seus entendimentos
conseguem formular como formas de ganhar a vida são maneiras de enganar,
iludir, enriquecer sem custo nem esforço e usufruir do mundo sem dar a ele nada
em troca. Um mundo melhor exige que aprendamos a construir os nossos modelos
mentais de acordo com pressupostos onde a ecologia do sistema encareça de forma
especial a questão ética e moral, de forma que tanto o ambiente interno do
indivíduo as suas crenças e valores, o ambiente social, não sejam
desequilibrados pela corrupção e pela filosofia do ganho fácil.
Os nossos
atuais modelos de inteligência contemplam o velho pressuposto marxista segundo
o qual a forma pela qual ganhamos a vida determina a forma pela qual pensamos e
sentimos. Isso pressupõe que é a matéria que cria o espírito e não o contrário.
Conclui-se que quanto mais podre o nosso ambiente externo estiver, mais
deteriorado se apresentarão os indivíduos com caráter. É o hábito que faz o
monge e não o monge dando qualidade ao hábito.
É preciso
abandonar essa crença se quisermos sair desse círculo vicioso. Se não acreditarmos
que podemos ser melhores do que somos, então estaremos de facto perdidos. E aí
só nos restará pedir a Deus um novo dilúvio para acabar com o que existe
hoje e tentar começar tudo de novo.
Tenho comigo que o velho Marx estava errado. Creio estar mais que provado que o
espírito humano pode ser construído independentemente das condições a que a
matéria que o acomoda é submetida. Ninguém é corrupto por natureza. Se todo
vício é resultado de uma má virtude também pode ser aprendida com um bom
programa de educação. Só acreditando nisso é que podemos ter esperança num
futuro melhor para a humanidade.
Ilídio
Bartolomeu
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