Aprendi com um amigo que normal é um sistema estabilizado. Ele não disse previsível, mas eu compreendi como algo sem anormalidades, dentro de um mesmo padrão. Daí veio o coronavírus e estabeleceu-se o caos. Criou-se a instabilidade generalizada, revirando tudo ao contrário a vida das pessoas e de empresas. Tudo ficou subitamente anormal.
Para
mim está bem claro que a crise causada pela pandemia vai provocar uma profunda
reestruturação econômica, social e organizacional. Hoje, as empresas estão
preocupadas com a sua sobrevivência imediata. É o instinto de sobrevivência que
fala mais alto. Vale para todas as espécies vivas, e claro, para as empresas.
Mas
as que vencerão na pós-crise serão as que, mesmo pairando dentro de uma nuvem,
sem instrumentos, como pensam no mundo que virá depois. Como será este novo
mundo e que papel poderei desempenhar nele?
Afinal,
a falta de racionalidade é incontestável nos dias de hoje. Vai do terraplanismo
ao negocionismo. Tudo isso me leva à mais absoluta incredulidade. Pior: leva-me
ao desalento, ao desencanto.
Aparentemente
tem lógica incontestável este meu raciocínio (matemático). Entretanto, desde
que as pessoas tirem alguma lição disso tudo e sejam capazes de mudar as suas posturas,
pensar e agir diferentes e que revejam muitos dos seus valores.
Logo,
para prevalecer essa tese, é imprescindível acreditar que o ser humano tenha a
capacidade de aprender com os seus próprios erros. De tirar lições da
realidade, da vivência e das experiências as quais está sendo submetido. Confesso,
nesse especto, todo o meu ceticismo em relação à nossa espécie humana não me
excluo.
Como
dizem as manchetes dos jornais: o que mais é preciso acontecer? Não é
minimamente razoável admitir o atual estado de coisas. Questiona-se a ciência
com a naturalidade de quem discute futebol na mesa de um café.
A
recuperação econômica é uma incerteza, pois nunca passamos por desligar o
planeta como fizemos desta vez. Alguns países e setores poderão ser reativados
mais rapidamente que outros. Por outro lado, alguns setores não têm procura
reprimida e, portanto, o máximo que poderão chegar em determinado tempo é
atingir a sua antiga capacidade de produção.
Como
podemos classificar o ambiente de negócios numa era antes e depois da Internet,
que gerou muitos negócios e empresas, que já estão a valer na casa de milhões,
impensáveis há duas décadas atrás, devemos imaginar que o Covid-19 vai provocar
esta mesma situação: teremos a era antes e depois da pandemia. Acho que
pós-pandemia será bem diferente do de antes.
Por
mais boa vontade que se possa ter, não vejo no horizonte representação de bom
senso. Queria eu ambicionar um novo normal. Bastava ser normal. Só isso!
Ilídio
Bartolomeu
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