sábado, 2 de maio de 2020

ESCREVER É A MANEIRA MAIS AGRADÁVEL DE IGNORAR A TRISTEZA


Há algum tempo recorri à ajuda de dois amigos experientes na matéria, porque achei que aquilo que tinha de enfrentar era demasiado forte para a minha capacidade de luta e resistência. Lá fui, pois, fraco, vulnerável e totalmente disponível para encarar todas as críticas.
Porque gosto de escrever? Deve ser o facto de sentir a liberdade de expressar o que se quer, sem que haja interferência direta de outros. Pois, quando escrevo, só exponho uma opinião, um ponto de vista individual e as ideias.

Com a escrita, o ser humano criou uma forma de registar as suas ideias e de se comunicar. A linguagem escrita é especial porque permite que a vida que levamos hoje seja conhecida pelas gerações que virão depois de nós.
Gostar de escrever, é peça fundamental para a comunicação. O registo de ideias, foi a partir da escrita que o homem conseguiu superar o tempo e o espaço, deixando registado os seus pensamentos, leis, hábitos e cultura que circularão por inúmeros lugares e gerações.
Há crianças que naturalmente gostam das palavras e de se expressar escrevendo. Outras menos. Entretanto, é inegável a importância de saber escrever bem. Tanto para a vida escolar, quanto para a maioria das atividades profissionais e sociais.

O Português é a nossa língua, mas falar e escrever bem não é matéria fácil. As dúvidas são muitas, os erros constantes. Mais ainda com as novas regras do Acordo Ortográfico que alteraram a grafia de 3900 palavras. No “Bom Português” fazemos algumas correções.
Este é um assunto um tanto polêmico entre criativos, profissionais, e apreciadores de um bom texto. Escrever é mesmo um dom. Escreva aos seus amigos, escreva. Se está enfadado por estar em casa, nostálgico, desocupado, neutro, escreva. Escreva mesmo macacadas, palavras soltas.
Experimente fazer versos, artigos, pensamentos soltos. Escreva sempre, mesmo para não publicar. Não tenha a preocupação de fazer obras primas; que de há muito já perdeu, insista. Mas só e simplesmente escrever, se exprimir, desenvolver um movimento interior que encontre em si próprio fundamentado.

Na maioria das vezes, tudo começa na infância com a paixão pelos livros e por escrever nos diários e papeis perdidos. Depois com a tecnologia: nos blogs gratuitos. Mas escrever, principalmente quando se é principiante, tem o outro lado da moeda, ou será que vão gostar? isto tem interesse?
Aqui entra a minha divisão entre dons, vocação e preparação. Certa vez conheci uma pessoa famosa. E a fama vinha de um “dom” de que quase sempre acertava em tudo. Para admiração de muitos, por trás do dom, que sem dúvida ele tinha, havia muitos anos de estudo, preparação e experiência.
 Qualquer atleta que queira ser campeão pratica como louco. Dedica horas. Se o teu desporto é escrever, saibas que dá muito trabalho. (se fores um bom narrador) não vais contentar-te com um título apenas. Vais sim, fazer vários, vais rabiscar todos os papéis à tua frente e até nas paredes acabas a escrever.

Gosto de escrever; na maioria das vezes penso se devo ou não, mas depois do texto escrito, é possível apaziguar um pouco este mau raciocínio, eu digo um pouco… escrever pode ser uma espécie de vingança, às vezes fico a pensar sobre isso. Não sei se é vingança, talvez desafio, um modo de ferir o silencio imposto, ou ainda, executar um gesto de teimosa esperança. Gosto de dizer ainda que a escrita é para mim o movimento de dança-canto que o meu corpo não executa, é a senha pela qual eu entro no mundo.
Posso dizer sem exagero, sem fazer birra, que não sou propriamente um escritor. Sou uma pessoa que gosta de escrever, que conseguiu talvez exprimir algumas das suas inquietações, que os projeta no papel, fazendo uma espécie de psicanálise dos pobres, sem literacia, sem nada. Mesmo porque nunca vislumbrei um analista no meu tempo, em Argoselo.

Acho que para cada escritor há uma razão diferente. No meu caso, num certo sentido, é o desejo interior de dar um testemunho do meu tempo, aos leitores e principalmente de mim mesmo: eu existo, eu sou, eu pensei, eu senti e eu queria que soubessem.
E tu, já sabes por que escreves?

Ilídio Bartolomeu


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