Muitas pessoas fazem
confusão entre nostalgia e saudade, não são sentimentos iguais. Somos atravessados
por saudades, já que ao longo da vida vamos deixando experiências, pessoas e
prazeres para trás. A diferença dos nostálgicos, diz que além de sentirem
saudade, entendem que o que tinham ou viviam no passado, era melhor do que o
que têm e vivem no presente.
A nostalgia às vezes é
vista como algo sentido apenas por quem tem um presente pobre de alegrias. Ela
tem a sua importância. Tem a ver com a memória de um tempo que passou. Porque
se as pessoas não puderem ter memória de tempos passados, das suas experiências
e relações, acabam ficando como um arquivo vazio.
Todos nós estamos
sujeitos a sentir essa mistura de tristeza e saudade quando deixamos para trás
uma fase muito boa ou somos obrigados a fazer renúncias. Afinal, se nos abrirmos
para outras novas situações não é fácil. Leva um tempo para nos adaptarmos às
mudanças. Sempre que fazemos algum processo de transformação, por mais simples
que seja, ou por mais que pretendamos esta alteração, experimentamos algum tipo
de sofrimento.
A nostalgia é saudável
quando traz lembranças de um passado bem vivido e ajuda a entender o presente.
Mas se for muito intensa, pode até paralisar a vida, o que prejudica a memória
que faz a pessoa ficar presa ao passado.
Portanto é necessário
virar a página para vislumbrar o brilho do presente. Para isso, precisamos
lidar com o que guardamos dentro de nós sobre a pessoa ou situação que perdemos.
A saudade encanta-nos
porque funciona como uma máquina do tempo. Ela leva-nos ao encontro de pessoas,
mesmo que não possamos mais revê-las, transporta-nos a lugares e épocas
distantes. Para nós, a saudade tem um relógio próprio, que não obedece a
qualquer cronologia. É isso o que causa a impressão de que ela é eterna e a faz
brilhar no coração de todas as ausências.
Não é por acaso que gostamos
de sentir saudade, mesmo que ela nos deixe tristes, com uma ponta de solidão.
Existe uma tendência humana de repetir vivências prazerosas. Quando isso
acontece, reativamos experiências infantis muito primitivas de completude,
satisfação e felicidade, apesar de nos permitir reviver tempos felizes, é
importante não nos deixar envolver demais por esse sentimento, pois, dependendo
da intensidade, ele pode fechar os nossos olhos para o presente. “Saudade é um
suave fumo do fogo do amor que qualquer breve ausência basta para alimentar”.
Se está enfadado por
estar em casa, nostálgico, desocupado, neutro, escreva. Escreva mesmo
macacadas, palavras soltas. Experimente fazer versos, artigos, não tenha a preocupação
de fazer obras primas; que de há muito já perdeu, insista.
Ilídio Bartolomeu
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