sexta-feira, 29 de agosto de 2014

EM DEFESA DA CULTURA E DAS TRADIÇÕES DE UM POVO!


Antes de mais nada, os meus agradecimentos pelo convite. A vida nem sempre é como a gente quer, muitas vezes impede-nos de dar colaboração e atenção ao que realmente vale a pena. Muito gostaria de ter participado nesse evento tão importante na área da cultura do “Peliqueiro Argoselense” promovido pelos meus amigos do Bairro de Baixo. Certamente será uma referência para todos aqueles que pretendem preservar a memória desta tradição, em nome dos ideais e da identidade cultural. Agradecer é uma das coisas que acabam ficando esquecidas no decorrer do dia-a-dia.
 Pode ser por um simples favor ou por uma grande atitude, mas o agradecimento nunca deve ser esquecido. Assim, endereço esta mensagem de agradecimento a todos em geral e em especial ao Manuel Barreira e ao Nuno Granjo; pode ser uma forma simples de vos dar algum alento para “criardes em Argoselo, por exemplo, o Museu do Peliqueiro”.
A identidade de um povo está na sua cultura. Podemos entender como tudo aquilo que é construído pelo ser humano. Inclui os mitos, símbolos, ritos, todas as crenças, todo o conjunto de conhecimentos e todo o comportamento etc. Portanto, conhecer e valorizar a nossa cultura Argoselense, são auto-afirmações do que somos.

Contudo, as gestões públicas locais, não se têm preocupado muito com os movimentos que mantém a chama acesa da identidade do povo… Talvez por acharem desnecessário manter viva esta identidade, cujo nascimento vem das classes mais desfavorecidas do nosso passado. É o que acham estes gestores; o que morreu esqueceu… mas vocês, com esse convívio, dizem: não!...

 “A alma de um povo é a sua cultura que todos devemos manter” …

 Ao contrário, poderemos ser conduzidos por qualquer outra tradição que chegue, desconsiderando os Valores Culturais de um Povo, já existentes e merecedores do nosso apoio.
Em relação à cultura, estes gestores não perguntam se o povo quer, eles ligam-lhe muito pouco e impõem a que eles querem. Por isso, não poderemos consentir que o Patrimônio Cultural de Argoselo seja esquecido ou trocado, mas sim manter sempre viva esta cultura popular Argoselense, não desvalorizando os grupos folclóricos e a arte das comédias.
A cultura é uma preocupação constante e permanente em qualquer Povo. Todos querem entender como é o modo de vida de uma sociedade onde nós vivemos, isto é, como as pessoas se relacionam entre si, de forma mais ou menos organizada, cooperando umas com as outras, na qual se manifestam por formas especificas e às vezes até divergentes. Os contatos entre os diferentes grupos marcaram a civilização Argoselense ao longo da história, promovendo transformações culturais tanto pelos movimentos internos, inter-bairros, como pelos movimentos externos, entre as várias localidades vizinhas. É assim que eu entendo a cultura.

 Há muito que o ser humano tem rebuscado de várias maneiras identificar-se, tomar consciência de si mesmo, orgulhosamente, nas crenças, costumes, tradições e experiências vivenciadas pelos seus antepassados, torna-se prudente preservar os bens que compõem a história vivida, individual ou coletivamente, considerando as expressões dessa diversidade, um suporte para a sustentação desta identidade cultural.
No instante em que as pessoas não perceberem que o passado não são só restos ou só histórias contadas através de monumentos materiais, que se relacionam com o tempo ou os fatos aqui ocorridos, nós não estamos a assumir um novo legado de descobertas e valores, associando o conceito de bens, tradições ou patrimônio, abrangendo as relações estabelecidas entres os nossos antepassados. Sendo assim, as manifestações culturais de um povo passam a ter elementos do passado que vinculados a técnicas do presente possibilitam a ligação entre a história e a vida atual.

Mas para que tenhamos de acautelar o rico património deixado pelos nossos antepassados, no cuidar desse Patrimônio deve-se considerar o restaurar e não simplesmente o derrubar e deixar desaparecer de vista. Os gestores na altura, tudo que era património deixado pelos nossos antepassados, foi destruído ou vendido a patacas, simplesmente para imporem a sua vontade. Hoje talvez não fosse bem assim, porque o estado dispõe de dispositivos legais para subsidiar a comunidade nas ações de integridade e preservação das propriedades culturais. Dirão algumas pessoas… estás bem enganado… estarei… compreendo-vos muito bem! Só quem está no convento, é que sabe o que lá vai dentro…

  Nas relações estabelecidas entre toda a comunidade deve-se evidenciar a urgência em preservar a herança patrimonial, pois só é possível dela usufruir quando se reconhece no modo que existiu e querem que continue, seria interessante vocês próprios fizessem uma sondagem aos familiares oriundas destes antepassados, se teriam alguns objetos inerentes desse tempo, se os podiam abdicar deles. Depois disto sim; os gestores locais que começassem a encaminhar algumas verbas para desterrar os pelames e recuperá-los para sedimentar um projeto de valor incalculável deste património inexplicável no respeito à história, à cultura e à natureza.
  Enfim, deve haver entre o patrimônio e a comunidade uma espécie de cordão umbilical onde o homem, ser social, estabeleça uma relação de vida preenchida de sentimentos, de valores e de cuidados que espontaneamente entrelaçam passado, presente e futuro.

Em Argoselo praticamente pouco se tem falado em conceito de “história e tradições familiares”. Mas quando uma pessoa nasce, ela começa a escrever uma história com as ações que vai praticando. Se pararmos e pensarmos bem, a história de cada membro das famílias Argoselenses encontrará semelhanças essenciais e objetivos comuns dos seus antepassados. Parece que cada um é um capítulo de uma história maior, seguindo as tradições ao longo de diferentes gerações.
 Para assegurar a permanência dos valores identificados. dos bens culturais advindos do modo de viver dos seres humanos, torna-se importante caracterizá-los considerando três grupos: natureza e meio ambiente, técnicas de saber fazer e conservar patrimônio material e imaterial, bem como respeito pelas tradições herdadas, e vocês sabem fazê-lo muito bem!... Força Amigos.

Viva a verdadeira identidade de um povo… A sua cultura popular!
Espero que no próximo ano a saúde me permita estar convosco.

Agradecimento, às pessoas do Bairro de Baixo, por reviverem as suas tradições.

 Um abraço a todos e um bem hajam.

Ilídio Bartolomeu

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