Existe um
conjunto de pensamentos que parecem “perseguir-nos” ao longo do tempo e que, na
prática, “nos acorrentam” pela mera necessidade de os cumprir. “O casamento é
para a vida”, e “os amigos são para sempre” são dois grandes exemplos disso
mesmo que, para além da teórica beleza que encerram, não passam de frases
feitas que nos remetem ao sofrimento e à dificuldade em evoluir, em seguir a
vida com mais naturalidade e liberdade.
Ter amigos é
uma das melhores coisas da vida, mas com o passar do tempo, algumas
experiências e por vários outros motivos, é possível que um amigo mude de ideia
e o relacionamento acabe. Não é tão fácil perceber isso, é necessário prestar
atenção em certos sinais para descobrir se esse é o caso. Se há algo errado,
podemos tentar reverter a situação ou repensar se vale a pena lutar por essa
amizade.
Todos sabem
que, os colegas da primária, seguem o seu percurso à procura duma vida melhor,
tal como os do secundário e os da universidade. São aquelas pessoas que
gostamos de saber que estão bem, que seguiram o seu caminho, mas que
dificilmente permanecem nas nossas vidas, pois se o fizessem, é porque seríamos
todos “fingidos” uns com os outros!
Os Almoços Convívio dos
Amigos de Argoselo, eram um bom tónico de aproximação à Amizade dos bons
Amigos. Porque a Amizade tem sempre a capacidade de uma conversa poder ter um
intervalo de dez ou quinze anos e, no reencontro, ser continuada de onde tinha
parado. Estes Almoços convívio, eram um contributo fundamental para levarmos o nosso
objetivo principal mais longe. Infelizmente acabaram há 12 anos, mas continua a
mexer com os sentimentos de todos aqueles que participavam e se reuniam nesta iniciativa
que pretendia realmente juntar amigos que muitas vezes só se encontravam nesta
ocasião para recordar os velhos tempos.
Para recuperar estes
Almoços Convívios, com baile cantadores locais e, acima de tudo, muita
animação, era preciso que esta nova juventude que se dizem gostar tanto de
Argoselo, tivessem eles a iniciativa através de uma das Associações existentes
na Vila, que pretendesse devolver Argoselo e à população as tardes domingueiro de alegria e convívio entre gerações, recuperando hábitos culturais e
reforçando laços sociais e níveis de participação. Ao contrário do que possa
parecer, estes não são convívios para “velhos”, mas, sim, para todos aqueles
que querem dançar, tocar um instrumento, representar uma tradição, socializar
e, acima de tudo, divertir-se.
Em Argoselo outrora
viveram-se tardes domingueiro fantásticos, com muita diversão e convívio entre
gerações, numa aldeia que, por norma, tinha domingos com muita gente e muita
atividade. Era óptimo ver a alegria das pessoas, que dançavam até não poderem
mais ao som de realejos, acordeão, rádio e até guitarra portuguesa do
(Pisbilar). Nem era preciso o gira-discos, também não os havia.
Então porquê
esperar esta nova juventude para se organizar como um grupo informal, e
pretender integrar os cidadãos seniores ou pessoas inativas de modo a estimular
a sua participação e (re)integração na sociedade e nas dinâmicas da Vila,
reforçando o envelhecimento ativo e a autonomia dos seniores, bem como a
elevação da sua autoestima e do seu sentimento de utilidade para os outros e
para a sociedade, podendo até desenvolver atividades de transferência de
conhecimento para os mais jovens e para a comunidade.
Façam da vossa
inspiração, a força de vontade e sacrifício por uma vez em prol de uma comunidade…
e não cada um só olhe para o seu umbigo.
A atitude
de reclamar de tudo e de todos, como se alguma mudança devesse vir de fora
é, em geral, muito confortável, mas não ajuda em nada. Que tal reflectirmos e mudarmos-mos
nós mesmo?
Este ensinamento
pode ser colocado em prática com (grandes) pequenas atitudes, que fazem a nossa
vida ficar melhor.
Ilídio
Bartolomeu