Terminado o
período de isolamento social, surge agora um novo desafio: o desconfinamento.
Começam a surgir questões sobre como lidar com esta nova situação em que já
podemos sair de casa, mas em que o vírus Covid-19 continua a propagar-se e a
atacar em todas as frentes.
A nível
psicológico, o desconfinamento traz-nos, por um lado, a sensação de liberdade,
de que nos estão a restaurar a nossa autonomia e o nosso direito de circular
livremente, mas sempre de forma consciente e segura. Assim, os níveis de stress
e ansiedade face à obrigatoriedade do confinamento passam a estar
reestabelecidos devido à transmissão da mensagem de segurança e confiança que
são passados à população.
Por outro lado,
surge o aumento de perturbações psicológicas a nível emocional, resultado do
afastamento social prolongado e da necessidade do mesmo se manter. Ou seja o desconfinamento
traz-nos ainda mais responsabilidade, obrigando-nos a adquirir novos hábitos
diários de prevenção que podem vir a ser motivo do aparecimento de obsessões e
compulsões, como forma de combater o medo do perigo eminente.
Vamos, então,
entrar num momento onde se vivem os extremos, sendo necessário trabalhar para o
estabelecimento de um equilíbrio social, psicológico e biológico, onde a
prevenção é a palavra-chave. Será, assim, necessário criar uma resposta de
intervenção psicológica especializada, com o objetivo de minimizar o impacto
das alterações dos hábitos de vida, higiene e segurança, evitando o desconhecimento
e o sofrimento psíquico.
Mais do que
voltar à normalidade, temos de adaptar a normalidade aos tempos em que vivemos.
Não é urgente voltar às atividades que concretizávamos antes do aparecimento do
vírus, mas sim adquirir novas atividades diárias que nos levam à sensação de
alívio, tranquilidade e segurança. É dotarmos capital humano de táticas,
estratégias e dinâmicas que tragam quietude aos nossos dias, em que o vírus é o
inimigo sim, mas não precisamos de viver em guerra permanente.
Sabemos bem que
vamos todos morrer e que viver tem riscos, mas a vida do dia a dia permite-nos
não estar sempre a pensar sobre isso. A questão é que neste momento temos uma
ameaça que torna sempre presente a ideia de que a nossa vida e a das pessoas à
nossa volta está em risco.
Se nós
pensássemos todos os dias, quando saímos de casa, antes de existir covid-19,
nos riscos que corremos, também não saíamos.
Ilídio
Bartolomeu
Eu vou continuar a sentir-me mais "livre" em casa, onde há todas as regras para se evitar o contágio, porque vejo das minhas janelas (e desde o princípio da pandemia) a facilidade com que se ignoram os mais elementares deveres cívicos relativos à situação.
ResponderEliminar