sábado, 13 de março de 2021

DESCONFINAMENTO! E AGORA COMO VAI SER?

Depois de dois meses confinados, situação que a generalidade da população portuguesa aceitou e cumpriu de forma voluntária e responsável, quando se inicia o desconfinamento há muita gente que teme sair de casa. É uma reação normal.

Terminado o período de isolamento social, surge agora um novo desafio: o desconfinamento. Começam a surgir questões sobre como lidar com esta nova situação em que já podemos sair de casa, mas em que o vírus Covid-19 continua a propagar-se e a atacar em todas as frentes.

A nível psicológico, o desconfinamento traz-nos, por um lado, a sensação de liberdade, de que nos estão a restaurar a nossa autonomia e o nosso direito de circular livremente, mas sempre de forma consciente e segura. Assim, os níveis de stress e ansiedade face à obrigatoriedade do confinamento passam a estar reestabelecidos devido à transmissão da mensagem de segurança e confiança que são passados à população.

Por outro lado, surge o aumento de perturbações psicológicas a nível emocional, resultado do afastamento social prolongado e da necessidade do mesmo se manter. Ou seja o desconfinamento traz-nos ainda mais responsabilidade, obrigando-nos a adquirir novos hábitos diários de prevenção que podem vir a ser motivo do aparecimento de obsessões e compulsões, como forma de combater o medo do perigo eminente.

Vamos, então, entrar num momento onde se vivem os extremos, sendo necessário trabalhar para o estabelecimento de um equilíbrio social, psicológico e biológico, onde a prevenção é a palavra-chave. Será, assim, necessário criar uma resposta de intervenção psicológica especializada, com o objetivo de minimizar o impacto das alterações dos hábitos de vida, higiene e segurança, evitando o desconhecimento e o sofrimento psíquico.

Mais do que voltar à normalidade, temos de adaptar a normalidade aos tempos em que vivemos. Não é urgente voltar às atividades que concretizávamos antes do aparecimento do vírus, mas sim adquirir novas atividades diárias que nos levam à sensação de alívio, tranquilidade e segurança. É dotarmos capital humano de táticas, estratégias e dinâmicas que tragam quietude aos nossos dias, em que o vírus é o inimigo sim, mas não precisamos de viver em guerra permanente.

Sabemos bem que vamos todos morrer e que viver tem riscos, mas a vida do dia a dia permite-nos não estar sempre a pensar sobre isso. A questão é que neste momento temos uma ameaça que torna sempre presente a ideia de que a nossa vida e a das pessoas à nossa volta está em risco.

Se nós pensássemos todos os dias, quando saímos de casa, antes de existir covid-19, nos riscos que corremos, também não saíamos.

Ilídio Bartolomeu

1 comentário:

  1. Eu vou continuar a sentir-me mais "livre" em casa, onde há todas as regras para se evitar o contágio, porque vejo das minhas janelas (e desde o princípio da pandemia) a facilidade com que se ignoram os mais elementares deveres cívicos relativos à situação.

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