Penso que 2020 será lembrado como o ano em que o mundo parou… mas
cada um à sua maneira. Uns sentiram um grande abalo na vida profissional;
outros um grande desconforto na socialização. Porém, houve um fenômeno que
tocou a todos: ninguém escapou à reflexão sobre o estado das coisas e,
principalmente, sobre a sua própria vida
De repente, estamos a viver o nosso próprio filme-catástrofe. O
vírus ainda continua à solta no planeta, uma boa parte do mundo continua fechada em
casa. A pandemia chama-se covid-19 e, quer queiramos quer não, mudou o nosso
modo de vida, e de que maneira.
O simples ato de sair de casa inverteu quase uma
questão de vida ou morte. Aulas suspensas, bares e restaurantes fechados.
Festas, nem pensar. Quem diria que em 2020 a máscara de proteção seria
acessório obrigatório.
Os efeitos do confinamento forçado, do distanciamento social e de
outras medidas impostas durante a pandemia de Covid-19 foram evidentes em todos
os lugares. Mas como esse cenário afetou a si, especificamente? Já parou para
pensar se os seus valores e as suas prioridades permanecem os mesmos? Do que
sente mais falta?
Um ano e meio de isolamento social e distanciamento físico. A
“quarentena” que ainda teima não acabar trouxe profundas transformações que
serão permanentes para toda a sociedade. As “sequelas” serão levadas para as
próximas gerações como fruto das experiências vividas durante a pandemia.
Não é segredo para ninguém o quanto a Covid-19 trouxe um grande
impacto nas vidas em nível global, chamando a atenção pelo alcance que teve e
pela velocidade com a qual se disseminou.
Diante deste contexto, a pandemia terá impactos significativos e
ainda não completamente dimensionados sobre a sociedade. Trata-se de um evento
inédito na história, dado que, no passado, epidemias parecidas se desenvolveram
num cenário de muito menor integração entre países e pessoas, divisão do
trabalho e densidade populacional.
Por se tratar de uma doença e de uma situação nova, as lacunas de
informação e conhecimento ainda são muito grandes: taxas de letalidade,
potencial de transmissão, tratamento, existência de outros efeitos ou sequelas
no organismo dos que foram infetados, todas essas informações ainda são
preliminares.
Mas há esperança. Afinal, a vacina é a melhor aposta para controle
da disseminação, a observação, análise dos dados seguem em franca pesquisa para
posterior cruzamento de informações, no sentido de criar mecanismo que possam
deter o futuro aparecimento de novas estirpes. Impedindo assim novas ondas de
transmissão.
Passado ano e meio de isolamento social. Já é possível afirmar que
houve uma mudança profunda no comportamento humano. A forma de se relacionar,
de consumir (vender e comprar), na maneira de trabalhar e estudar. Tudo ganhou
nova configuração. Os problemas domésticos e a falta de harmonia familiar veio
à tona, tornando urgente a procura por uma reconciliação, muitos casais separam-se
durante a pandemia e tantos outros se casaram. Muitos lares foram desfeitos!...
De tudo vivido durante este período, todos nós temos uma certeza de
que essas mudanças ficarão para sempre: A verdade é as transformações
promovidas pela contingência da vida, no cenário pandêmico foram de caráter
estrutural e entraram de forma definitiva para a história humana. O que for bom
permanecerá e o que se tornar obsoleto ou inadequado, sofrerá novas mudanças.
Porque assim é a vida, dinâmica, urgente nas suas vicissitudes.
Ilídio Bartolomeu