Afinal o que o
burro tinha mesmo era sede. E pelo que dizem ao animal não serve uma água
qualquer. Tem de ser cristalina e calma e mesmo assim é conveniente incitá-lo
com uma forma de assobio própria. Daí que quando uma pessoa bebia água, por
vezes atrombando em rio ou presa, e se lhe queria eufemisticamente chamar burro
se lhe assobiava a dita melodia ao que o visado respondia: Nunca a água me
amargou quando o diabo me assobiou. E o outro retorquia-lhe: Não fosses tu
marrano da pia que já ninguém to dizia.
Era assim
mesmo: Para andar: arre e para parar: xó.. O exemplar que
vemos na imagem terá acabado a sua jornada. Cabisbaixo tem um ar cansado.
Talvez tenha passado a manhã a tocar a roda, dado trazer a melena. Também pode
acontecer que olhe o chão em que se vai espojar. Quem poderá entender a vida
profunda de um burro?
Sem comentários:
Enviar um comentário