Ora, aqui temos a "escola velha" caiada de branco e,
embora seja com o dobro do tamanho (pois sofreu um aumento há alguns anos atrás
para G.N.R. e um Salão de Festas. Lembro-me que
a escola tinha carteiras para dois alunos e tinham ao centro um tinteiro e escrevíamos com aparos. . A escola
tinha três salas, começava às 09h00 e terminava às 05h00, pois não havia eletricidade.
A aldeia teve luz muito tarde, no princípio anos sessenta perto da festa de
São Bartolomeu, é que foi inaugurada a
luz elétrica. Foi uma festa. Mas uma grande festa...
Em Junho de 1968
tinha sido inaugurada, maior, novinha, bem apetrechada e cheia de crianças, a
escola nova, mas já tudo mudou, tanto que a escola nova também já passou à
história, as crianças acabaram e fechou portas em 2012. Resta o edifício em
degradação.
As salas de
aula eram muito frias. O nível de ensino era baseado em decorar a matéria. Sabíamos
os rios e os seus afluentes de cor, os transportes ferroviários, as serras de
Portugal, e a tabuada. A aprendizagem, apesar de reduzida e decorada, era
tratada com mais profundidade.
Com o aumento
do número de alunos houve uma necessidade de aumentar as turmas, passando
portanto a existir seis turmas com as mesmas professoras, em horário de regime
duplo. As aulas do primeiro começavam às 8h30 e terminavam à 13h00, depois das
13h30 às 17h00, sendo que três turmas tinham aulas da parte da manhã e as
outras três da parte de tarde. Frequentada por rapazes e raparigas separados, quase
todos nos deslocávamos para ali permanecer de pé descalço.
As professora
eram más, quando não sabíamos a matéria. Por tudo e por nada, à mais pequena
falha, asneira ao ler ou a fazer uma conta era no mínimo duas reguadas, sempre
dadas com força, parecia ter-nos ódio. Até a régua, pesada e grossa, com
buracos, tinha cor amarela encardida do suor das nossas mãos. Com
a dor chorávamos, soluçávamos com descrição senão levávamos mais. Púnhamos as
mãos doridas entre as pernas, com o calor aliviava. Mas a dose de reguadas
podia-se repetir durante o dia.
Por vezes os
nossos pais diziam ao professor sobre o filho, quando o encontravam na rua casque-lhe
que ele é mandrião só quer é jogar à bola na eira, é um bardino, dê-lhe, só se
perdem as que caiem no chão.
Éramos felizes!...
Ilídio
Bartolomeu
Sim, pelo menos da vida escolar de há 50 e tal anos onde se educava com violência. Talvez houvesse exceções, mas poucas!
ResponderEliminarEm Argozelo é sabido que os professores afirmava-se sobre os seus alunos através da violência, pensando eles que era uma forma de educação, então havia na escola um artefacto chamado palmatória para castigar os alunos; eu apenas conheci uma vulgar régua, mas de tanto ouvir falar da palmatória, ela fazia parte do meu imaginário.
Não é fácil educar os miúdos de hoje, mas não há necessidade de educar com violência.
Bom dia
ResponderEliminarO ensino, a educação são fundamentais sempre! Gostei do seu artigo, bastante importante saber de coisas passadas e como foram sendo modificadas...
É saudável ver mudanças de maneira crescente e aperfeiçoadoras, não é mesmo?!
É de facto preocupante o fecho de tantas escolas, mas ainda é mais preocupante a redução do número de crianças, que foi o que originou a partir de 2006 o encerramento de muitas escolas (novas e velhas ) no início desse ano letivo.
ResponderEliminarAs escolas, ano após ano, foram fechando as suas portas, por falta de crianças e os espaços de recreio silenciaram. Paralelamente foram nascendo por quase todas as aldeias dos concelhos do interior "Centros de Dia",
Mas como estarão as nossas aldeias daqui por 10/12 anos? Haverá idosos? Ou será que os Centros de Dia começarão a fechar, tal como as escolas?
Olá!
ResponderEliminarÉ bom saber que ainda há jovens a recordar com saudade as suas origens, ao contrário do que muita gente diz. Ter saudades da nossa terra, é para mim, indicio de humildade e dignidade!... Continue a pensar assim!... Obrigado a todos pela visita que têm feito!