Quando comecei a escrever sob o título de “lembranças” da minha terra, o que não deixava de refletir a motivação maior que me levou a enfrentar o desafio que era inteiramente novo para mim. Escrever artigos logo deixou de ser um simples exercício de memória, para significar algo mais profundo.
Casa dos Quinas Rua Principal |
Ao remexer nas lembranças da infância e da juventude, eu não restaurava o passado, nem buscava lá refugiar-me. Como disse em certa ocasião, ao rememorar as coisas que já se foram, ao lembrar o passado, eu o estou revivendo, pois esse passado mora em mim. É admitir que guardo na lembrança os momentos que vivi ou que presenciei, as pessoas com quem convivi e que foram importantes ao longo da minha vida.
Casa e Capela da Menina Judite |
Casa da Dona Arminda na Praça |
Por que negar que tenho saudade das vagabundagens de menino? Situações especiais passadas podem aumentar a nossa resiliência, ou seja a capacidade de enfrentar situações difíceis do nosso quotidiano. Por outro lado, as lembranças negativas podem ter o efeito contrário. Raiva, mágoa e tristeza, podem-nos deixar mais vulneráveis.
Casa do Sr. Abiel na Praça |
A minha intenção, como disse, é apenas de revisitar o passado, fazendo com que ele, que continua vivendo em mim, reapareça em toda sua magia, sem que, com isso, eu perca contacto com as realidades do dia a dia. E para isso, nem é necessário que aquele lugar específico, aquele facto ou aquelas pessoas, tenham tido um papel determinante no passado.
Casa no Bairro de Baixo |
A solidariedade e a união entre as pessoas eram notórias e foi isso que me deu vontade para escrever sobre o passado. “Havia uma proximidade muito grande, as pessoas como eram muito pobres estavam sempre disponíveis a ajudar: era uma pitadinha de sal, um bocadinho de azeite que se ia buscar ao vizinho para fazer o caldo… e se a vizinha estava doente ia-se logo levar uma sopinha e um pão”.
Casa do Tio Muxa Bairro de Baixo |
Casa do Tio Namora Bairro de Baixo |
No entanto, as dificuldades eram esquecidas quando nos juntávamos para brincar. “No meio de toda a dificuldade havia de facto uma grande solidariedade entre as pessoas. Quando vínhamos para a rua, fazíamos uma bola de trapos e tudo isso era esquecido momentaneamente”, “As crianças eram pobres, mas ao mesmo tempo felizes e sonhávamos. Esses sonhos, essa liberdade de sonhar e de pensar ninguém nos arrancava”.
Casa do Tio Toucinho Bairro de Baixo |
Enquanto estive na Minha Aldeia, foi uma lição de vida muito grande, e por isso decidi que as memórias escritas nos meus textos fiquem registados também como um “documento social importante para as novas gerações”.
Blog Freixagosa
A diversão dessas brincadeiras segue viva na memória dos adultos e nos recintos das escolas, mas bem que poderia estar mais presente na rotina da meninada, concordam? Por isso, este texto é um convite para iniciar esse resgate tão importante para o desenvolvimento infantil quanto para a própria comunidade. Vamos nessa? abraço
ResponderEliminarOlá Amigo
ResponderEliminarQue atire a primeira pedra quem nunca fez um comentário saudoso, relembrando o tempo em que era criança, dizendo que as brincadeiras antigas eram muito mais divertidas!
abraço
Um passado onde as pessoas eram ou foram felizes com muito pouco . Mas um presente cheio de hipocrisia e invejas . Infelizmente .
ResponderEliminarOlá amigo
ResponderEliminarHoje falam de barriga cheia; mas nós sabemos o que passamos. Não passes cartão amigo a estes que nada sabem o que era a vida naquele tempo. Continua a escrever: o que fomos e oque hoje somos
Um grande abraço
Aos amigos anónimos o blog freixagosa, não dá respostas sem saber para quem...
ResponderEliminarBom dia
ResponderEliminarNão sei se me daria bem a viver definitivamente numa aldeia assim tão calma, mas é bem verdade que hoje dou muito mais valor a estes ambientes do que dava há uns anos atrás. Mas hoje em dia sabe-me pela vida ir lá passar uns dias. Aquela calma, aquele ar, aquela paisagem... Enfim. É pena que atualmente seja preciso pagar um dinheirão em portagens para lá chegar - ou o equivalente em gasóleo - e não dê para ir lá com a regularidade que gostaria.
Sou uma sortuda por viver num lugar assim... Trabalho na cidade mas o meu refúgio é no sossego da aldeia... A viagem diária é uma chatice mas assim que chego ao nosso cantinho compensa tudo!
ResponderEliminarEu sou precisamente o contrário... desde pequena que me diziam "quando fores mais velha vais ver se não queres é o campo/aldeia"... hoje tenho 24 e não sinto esse apelo de forma alguma, nem para viver nem para férias. De todo. Preciso de ter pessoas, barulho, movimento de noite e dia à minha volta e gosto mais de cidades efervescentes 365 dias por ano em vez da pasmaceira e das sestas à tarde :) (não sou do contra, é só uma opinião
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