O
nome desta antiga, importante e populosa aldeia, aparece com as seguintes gráficas:
ULGOSELLO, ALGOSELLO E ARGOSELO_ o que o topónimo nos dá a entender que seria um
local onde as suas águas seriam em abundância.
Assim
parece que era. Com as primeiras chuvas corria água com fartura brotando nas
fontes, enchiam tanques e bebedouros para o gado, alagavam os “lameiros”,
corriam pelos regatos, enchiam os poços, havia água (em abundância em Argoselo).
Nesses
tempos ia-se buscar a água às fontes e poços carregava-se em Jarros e
cântaros para casa, para lavar a louça, cozinhar, lavar o corpo, dar de beber
aos animais e servia para quase tudo, já que a água é a fonte da Vida. Várias vezes
ao dia as pessoas faziam este vai e vem de Cântaro transportando-o no braço ou encostado
na anca.
Tempo
que não havia a necessidade de fazer furos ou escavações para obter água necessária
para regar as hortas, pois ela era tanta a brotar das nascentes, fontes e poços
naturais, que chegava naturalmente.
Como
é do conhecimento de todos, em Argoselo laborava umas ninas em profundidade,
onde se previa com as extensas galerias, o termo iria perder água nas nascentes
numa parte significativa do termo, ficando assim os proprietários das terras
onde tinham as suas hortas, privados de água abundante para a rega.
Mas lá diz o velho ditado: o que era bom
acabou-se…
Quando
os Argoselenses entendiam que nunca iria acabar a fartura de água, ninguém se
lembrou que a tendência seria uma seca, e assim veio acontecer. As minas para escoar
as águas das galerias para a Ribeira dos Inverniços, lembrou-se de abrir uma
galeria atravessando o povoado, dando origem a que realmente, todas as fontes
existentes, o povo ficasse sem resta de água sequer para beber, tanto para as
pessoas como para os animais.
Então deu-se o inevitável; a população não
podia estar sem água, vem daí que a mina, fez tratamento das águas no próprio complexo,
e canalizou água potável para a fonte da Espadana. Por alguns anos foi a fonte única
que abasteceu a população.
Era
claro que esta situação, não era sustentável para uma aldeia verdadeiramente
tão populosa, havia que fazer algo para resolver esta lacuna da falta do mais precioso
líquido para se sobreviver. De tanto reclamar o povo, eis que chegou a altura que
havia a extrema necessidade de a Camara de Vimioso, de se decidir fazer saneamentos
e canalizar a água do Rio Maçãs, para o povo de Argoselo e outras aldeias vizinhas,
evitando o carregamento desta até casa, com todo o esforço e salubridade que
isso acarretava. Onde logo a grande parte das casas da Aldeia meteu a água. Foi
um pequeno passo, mas grande para a população de Argoselo.
Assim se manteve estas
duas estruturas durante anos, mas ….
A
modernidade trouxe novas exigências, e logo um maior consumo de água doméstica,
conjugado com as ligações aos saneamentos, não estivessem sempre a rebentar ora
num sítio ora noutro. Só facto de a tubagem dos saneamentos, ainda serem de
amianto, a água toda barrenta ao ponto de não se poder beber, e ser prejudicial
á saúde. Mas também se fosse disponível de tal maneira suficiente, para todos
os usos, embora o planeamento fosse só para uso doméstico. Mas não. Enquanto
uns se dão ao luxo de poder regar à vontade as suas hortas de cultivo e lavar
os caros, há habitações que das suas torneiras não pingam água.
Esta
situação tem-se prolongado alguns anos, recorrendo-se a restrições fechando-se torneiras
durante um dois e três dias, especialmente no Verão, quando a população de Argoselo
triplica ou mais. É um autêntico martírio viver sem água numa Terra que se
denominava; Fartura de Água.
E
o que se tem feito? nada, ou melhor, enquanto as fugas das canalizações não são
reparadas corta-se temporariamente a água para alguns, para contrariar outros há
quem a tenha em abundância. Não há equidade. Têm sido anos de espinhos, ou não
há quem queira dar solução? Para que todos tenham água canalizada a qualquer
hora, seja Inverno ou Verão ´há que o povo exigir solução, e vem aí a altura
apropriada para resolverem esta situação.
Se
me é permitido emitir opinião: é um trabalho de Interesse público para a
população de Argoselo.
Se houve
soluções há anos para o abastecimento de água potável para todas as habitações
e uma rede de esgotos a toda a aldeia capaz, será que não haverá uma outra nova
solução para trocar as canalizações, e a água fundamental para que continuemos
a tê-la?
Estou convicto que haverá uma razoável maneira
de fazer chegar a fonte da vida, água, a todos que dela precisem.
Ilídio
Bartolomeu