Apesar das
Minas terem sido o verdadeiro polo da empregabilidade em Argoselo, também
foram, na verdade o causador da dramática falta de água nas fontes da aldeia e
campos agrícolas, prejudicando severamente as pessoas e os seus terrenos.
Como diz o
velho ditado, "o Povo é sempre o último a saber"...
Aqui não estiveram em causa as Minas, mas a instituição Junta de Freguesia de
Argoselo nessa altura que nunca era ouvida nem achada em matérias como esta.
Lamento a
cada dia que passa a prepotência que foi aplicada nesta decisão de abrir uma
galeria atravessando a povoação até leitarães.
As
instituições ou as localidades não são propriedade de ninguém, são do povo,
povo esse, que felizmente não dormia. Esteve atento à decisão tomada pela Junta
de Freguesia e o coloborador autoritário bem conhecido das pessoas mais velhas,
que só visou atingir Argoselo e a sua população.
O povo
não queria esta galeria que tanto prejudicou Argoselo, deixando-o sem água nas
fontes, nos campos, e um rasto de doença, incapacidade e mesmo a morte.
Infelizmente
nessa altura o povo era suprimido pelos seus próprios representantes. Alguém
quis enganar os Argoselenses com promessas vãs, em interesse próprio, em
detrimento do bem comum da aldeia.
Isto foi um
facto que ficou caro a Argoselo! Mas vai ficar certamente para a memória das
novas gerações no Centro interpretativo de Argoselo.
Desde o seculo
19 que a história das minas se confunde com a historia do território.
Argoselo é
terra de mineiros, entre 1913 e 1986, centenas de famílias trabalharam para a
extração comercial de volfrâmio e estanho.
As minas de
Argoselo deixaram de funcionar na segunda metade da década de 80. Mas
felizmente Argoselo conseguiu construir um Centro Interpretativo para expor as
memorias desses tempos.
Hoje os
Argoselenses revêm-se porque têm muito ali da memória do que é esta terra
ligada às minas de volfrâmio, o que fez parte da história da identidade de
Argoselo em particular e de todo o concelho de Vimioso em geral.
O sofrimento
passado não apaga o orgulho que estes homens e mulheres sentem na memória, ao
olharem para o Novo Centro Interpretativo, onde estão lá os objetos que fizeram
parte das várias gerações, e que naturalmente, terão interesse para as gerações
vindouras.
Este centro
interpretativo, tem uma sala com várias peças e fotografias do que foram as
minas de Argoselo, mas obviamente este espaço pode receber outro tipo de
exposição que tenham interesse para o concelho.
Atendendo que a dinâmica da gente de Argoselo e a sua apetência pela cultura,
obviamente queremos trazer mais exposições a este espaço, no sentido de trazer
gente para ver o espólio aqui ligado às minas, e outro tipo de exposições.
O espaço pode
ter fins diversos e conta com um auditório.
O Centro
Interpretativo das minas de Argoselo custou 260 mil euros, foi financiado com
fundos comunitários, e pode ser visitado gratuitamente todo o ano.
Esta era já uma
aspiração muito antiga por parte de todos os habitantes da localidade, que
agora a vêem concretizada num edifício que foi implantado na cortinha do
Calvário, um espaço situado à entrada da povoação de quem vem de Vimioso.
Fica assim
desta maneira uma ação em conjunto muito significativa de artefactos
industriais utilizados na exploração deste minério e uma história que ainda
está na memória das pessoas mais idosas da Vila de Argoselo
Os
argoselenses, dirão agora: a mina e a galeria, prejudicaram ou beneficiaram o
povo de Argoselo? Cada um tire as suas ilações!
Ilídio
Bartolomeu
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