sábado, 10 de fevereiro de 2018

HOMENAGEM A TODOS BEM MERECIDA...

Humberto do Fundo

É com imensa alegria que dedico em nome do meu Projeto, este meu artigo a dois amigos mais conhecidos em Argoselo. Ao saudoso Sr. Humberto do Fundo, com a carinhosa alcunha “Tio Limpa Chaminés,” possivelmente o último peleiro de Argoselo. Ao Sr. José Fernandes, com afetuosa alcunha “Tio Conde,” que se encontra ainda entre nós, provavelmente um dos melhores atores e organizadores de comedias em Argoselo. Quero expressar os meus sinceros agradecimentos e gratidão pelo trabalho solidário, interativo e por todo apoio que deram a este evento, o filme Tradições, Usos e Costumes de Argoselo. Tenho pela memória do Sr. Humberto do Fundo, um carinho muito especial, na verdade ele partilhou comigo aquilo que tinha de mais precioso, a memória do Seu Povo, as Tradições, e o gosto de ser negociante, além de peles, o ferro velho, nunca esquecendo também a sua terna mas firme religiosidade… um homem sempre pronto quando o chamavam para ajudar a colocar o Senhor do Bonfim no andor para os dias das Festas, nos dias hoje, já não acontece  bem assim, se por vezes não houver alguma contra partida. 
 Vi, comovido, quase as lágrimas de saudade a escorrerem pela sua face quando me falava do seu tempo de mocidade, e do tempo dos velhos marranos, rosto curtido por muitos Invernos, mais parecia um velho pergaminho…Que Deus esteja sempre consigo, Tio Humberto, no lugar onde estiveres, e quando fizeste a tua última viagem finalmente para junto dos teus antepassados, do Povo de Deus, do Teu Povo, sei que foste acompanhado por tantas Luzes como aquelas que tu acendestes na Igreja muitos dias, e à noite as velhas candeias de azeite puro a ELE, com as torcidas rezadas (como o Tio Humberto o bem sabia rezar), como quem desfia um rosário. (Ano 2014 em que prematuramente, faleceu). 

O Sr. José Fernandes “Tio Conde”, é um homem pragmático, é-lhe fácil analisar tempos passados, Tradições e Costumes do Seu Povo, e do modo como narra, tem a ver com a sua personalidade. Certamente é uma figura carismática de Argoselo, com um vasto conhecimento a explicar os Usos e Costumes, é tarefa fácil sintetizar quem é o “Tio Conde “em meia dúzia de palavras, um sonhador. Uma pessoa fora do tempo, imaginário do que pretende esclarecer à sua maneira, mas que se entende perfeitamente. “O Tio Conde “carpinteiro de profissão, também nunca esqueceu a sua afetuosa e frequentemente a religiosidade…

Estas duas personalidades estiveram desde que os conheço, sempre em contato com ritos, costumes e culturas, uma experiência engrandecedora e, ao mesmo tempo, algo desafiador, na medida em que nos colocam frente a frente com outras formas de ver e interpretar o mundo e as próprias relações humanas. Nesse sentido, mergulhar no universo do outro, compreendê-los nos seus contextos, sem julgamentos e expectativas, pode tornar-se tarefa árdua, especialmente num tempo de urgência na busca por respostas e definições. Assim, a linguagem audiovisual torna-se, também, ferramenta de aproximação das diferenças e de estímulo para novas perceções.

É este o convite que regista os rituais de uma aldeia, que estas duas pessoas nos deixam e que levanta questões atuais deste povo, como a preocupação dos mais novos em manter as tradições, e mudanças nos hábitos, revelaram-me um dia, estes dois amigos.
Património cultural: é o conjunto de todos os bens, que, pelo seu valor próprio, devem ser considerados de interesse marcante da nossa identidade, neste caso, de uma região. As tradições falam mais alto na Vila de Argoselo, um local em que os hábitos têm passado ao lado de todos os responsáveis, que tinham o dever de estimular a população, para a relevância em preservar os hábitos deixados pelos antepassados.

 Estas duas pessoas, reconhecidos pelo povo como grandes atores, com os seus saberes, experiências, tradições e cultura, davam vida e alma às comédias de rua, fazendo rir e alegrando as pessoas. Também as festas religiosas e populares dão vida a essa memória. A aldeia agora Vila, embelezava-se para festejar os seus Santos Padroeiros especialmente no período de Verão. As feiras, outrora espaços privilegiados de convívio e comércio, hoje, numa mostra de atividade reduzida.
José Fernandes
As manifestações culturais são tradições de cada região, que são recriadas coletivamente pelos próprios habitantes, mas nos dias de hoje, torna-se difícil para recriar uma comédia com tantos figurantes precisos, para que elas se mantivessem de geração em geração, de modo a que não fosse esquecida a cultura deste Povo Argoselo.

Outros Amigos, que com o seu trabalho solidário prestado a este projeto, também me merecem ser lembrados com carinho e ternura. O saudosismo sempre é válido tratando-se de amigos que nos marcam para sempre. Também quero expressar os meus sinceros agradecimentos e gratidão pelo apoio, demonstrado, logo que os abordei, puseram-se imediatamente ao dispor, com o seu tempo de trabalho solidário e à vontade para levar avante as filmagens da Segada, pelos ensinamentos que colhi, na certeza da contribuição árdua destes amigos, quero manifestar aos que já faleceram os meus pêsames, saudades e a minha homenagem. Aos que ainda estão entre nós os meus agradecimentos e a merecida homenagem.

 Passo a cita-los; como é óbvio alguns vou trata-los pelas carinhosas alcunhas: Sra. Maria da Glória, Sra. Balbina, Sr. Alfredo Oliveira, tio Salazar, Sr. António Vermelho, Sr. Fernando Checas, Sr. Júlio Tomé, tio Peixe, Sr. Nataniel Bartolomeu, Sr. Carlos Oliveira, Sr. João Fernandes, Maria do Carmo Oliveira, Justina Oliveira, Sofia Bartolomeu e Maria do Carmo Santos. Todos eles e elas foram simplesmente amavelmente maravilhosos. Por isso, estejam lá onde estiverem, um especial agradecimento a todos que patrocinaram com a sua contribuição,  um bem ajam por ser viabilizado este meu projeto, com valor patrimonial que vai ser de todos os Argoselenses: 

Ao Sr. Humberto do Fundo, deixo a minha mais profunda homenagem. Amizade não é sobre quem vem primeiro ou quem vem por último. É sobre quem vem e nunca vai embora.

Ao Sr. José Fernandes, os meus sinceros agradecimentos. Um dia, perguntaram-me: quanto vale um amigo? Respondi: não sei, os que eu tenho, ganhei… Não estão à venda e não tem preço.

À querida comunidade de Argoselo. Quero desejar a todos muita saúde e prosperidade. Que todos possam realizar todos os vossos sonhos e que possam desfrutar de toda felicidade que houver neste mundo.

Ilídio Bartolomeu 

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