terça-feira, 11 de junho de 2019

A INDIFERENÇA É IMPIEDOSA…


No mundo, somos iguais e diferentes, porém não temos o direito de ser indiferentes.

A indiferença iguala-se com o egoísmo e com o medo, impedindo o alongar da vida. Desenvolvimento e crescimento implicam envolvimento, o que é um ato de coragem de viver. A indiferença cria um abismo de aparência intransponível para quem poderia redimir-se do erro ou, simplesmente, conquistar oportunidades de construir um caminho individual que dê sentido à vida.

A indiferença é o instrumento dos frágeis e dos que temem perder as minguadas reservas que conseguiram acumular. O pouco que se tem com a angústia de perder, torna-se ainda menos, porque tende a desaparecer pela falta de uso. Nas relações de afeto, o uso não desgasta, ao contrário, amplia, transforma e diversifica.

O envolvimento, atitude antagônica à indiferença, pede-nos aproximação, aconchego e intimidade com as pessoas com quem convivemos. A intimidade requer coragem porque o risco é inevitável. Não é possível saber logo de início, de que forma o relacionamento nos afetará. Crescerá, transformando-se em autorrealização, ou nos destruirá. A única coisa certa é que, se nos entregarmos totalmente para o bem e para o mal, não sairemos ilesos.

A coragem de amar coloca-nos frente a frente com duas formas de temor: o medo da vida e o medo da morte. Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o medo mais avassalador das pessoas não tem a ver com a morte, apesar de ser uma experiência de caráter irreversível e aterrador, mas sim o medo da vida, que nos coloca a todo o momento em situações de decisão e envolvimento.

Na vida, a indiferença é o posterior do medo de usufruir as suas surpresas. É o medo de viver que impede as pessoas de viver sem medo. Há pessoas que vivem morrendo, ainda que não morram a todo o instante, são as angústias desnecessárias. Medo de viver uma relação de amor se assemelha ao medo de perder a pessoa amada e viver a dor do vazio e das angústias do abandono. Significa também, o temor de perder a sua identidade e autonomia, como se o amor fosse uma ameaça à destruição da vida. Amor que impede a independência, não é amor, é possessão. Amor que descaracteriza a identidade não é amor, é tirania. Amar é ter a coragem de banir esses fantasmas que tentam transformar-se de monstros aterradores para dificultar o processo de viver com simplicidade e prazer.

Estaremos nós contribuindo para reduzir as desigualdades aterradoras que se vê no mundo?

A vida está cheia de momentos e circunstâncias nas quais optar pela indiferença nem sempre é a melhor opção. Podemos importar-nos muito ou pouco, mas nunca podemos deixar de sentir. Esse é um recurso que nos permite escolher alguns estímulos para então senti-los, ou simplesmente afastá-los de nós. Portanto, a indiferença absoluta nunca é possível

Sem qualquer sombra de dúvida. Somos os autores do livro da nossa vida. Da maneira como vamos chegar às etapas finais, dependerá da maneira como vivermos as etapas anteriores, eis que a única coisa certa na nossa vida, é que ela teve um princípio e terá um fim, e certamente o que acontecer no intervalo entre essas duas etapas, ficará por nossa conta, por conta do nosso livre arbítrio...

Ilídio Bartolomeu


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