terça-feira, 22 de setembro de 2020

PARA ALGUNS… A MEMÓRIA É CURTA…


Com razão, as pessoas costumam responsabilizar sempre o presidente da Câmara, por tudo o que acontece no Concelho. A falta, de empregos, qualidade de vida, industrialização, mobilidade, secas, recursos hídricos, buracos, lixo, ausência de contratos para a contratação de empregados para o Poder Público que deve ser precedida de concurso público, porque sem tal conduta implica ilegalidade, o colapso da natalidade - um problema mesmo com continuamento de estímulos dados aos cônjuges e a pandemia que exige da sociedade uma grande cooperação e responsabilidade. A culpa é do presidente.

Tudo, rigorosamente tudo, é com o presidente. Vale opinar que, como as pessoas não moram em abstrações políticas, do ponto de vista objetivo, a supervalorização da figura do presidente é mais que justificada. Não é sem razão que, ao ver um presidente esquivar-se de questionamentos sobre certos temas, os munícipes em variados graus de consciência cidadã, reagem, insistindo em responsabilizar o Presidente do Município.

No imaginário das pessoas, talvez pela proximidade com o governo, o presidente é a autoridade responsável por tudo o que ocorre ou influencia o concelho. Na prática, o presidente sabe da responsabilidade política que tem sobre todos os assuntos públicos no âmbito municipal. Se quiser ser bom governante, tem de contornar as restrições financeiras que dificultam a realização das tarefas próprias do cargo, e ir além dos limites estabelecidos pela Constituição na busca de soluções dos problemas que perturbam o bem estar das populações.

E nesta perspetiva, um presidente incapaz de fazer valer a força política do município que governa para superar os problemas que afetam a prosperidade e o bem estar dos conterrâneos, não merece o cargo que exerce.

A missão do Presidente da Câmara Municipal é promover a qualidade de vida de todos os cidadãos no município, gerindo de forma sustentável os recursos do território e praticando um serviço público de qualidade. Para isso, desenvolvem determinadas tarefas, em determinadas áreas, como por exemplo planear, gerir, investir, fiscalizar, licenciar dar a opinião e defender os direitos dos cidadãos que representa junto de outras entidades, como a Assembleia da República ou o Governo.

Por vezes, algumas das suas tarefas são realizadas pelas Juntas de Freguesia, delegadas através de contratos ou acordos, ajudando-o assim a cumprir a sua missão.

A Assembleia Municipal, é o órgão eleito diretamente pelos cidadãos, a quem compete aprovar certas decisões da câmara e fiscalizar a sua ação. Também fazem parte, por inerência, os presidentes das juntas de freguesia desse município, se estão presentes e não reclamam, será que a culpa é do presidente? Ou falta coragem de expor os problemas inerentes à sua Freguesia? Ou não sabem ao que vão?

Há memórias que parecem curtas, sim. Quando? Quando nos toca. Aí os remorsos que sentimos leva-nos a fugir da culpa por mais que, “à vista desarmada”, faça com que  pareçamos indiferentes a ela. Ou quando temos uma dificuldade fundamental de sermos sensíveis ou solidários com o mal estar da comunidade. Por outras palavras, as pessoas não têm a memória curta. Curta é acima de tudo a rapidez com que se ignora tudo o que se sente e se diz de alguém quando não nos convém, para depois na altura certa, dar continuidade dos disparates que se dizem aos Presidentes da Câmara e da Freguesia.

Há coisas que nunca deixarão de me surpreender.
A capacidade que as pessoas têm para eliminarem da sua memória tudo o que anterior a determinado acontecimento. É a tendência visível dos seres humanos para passarem uma esponja por cima de tudo o que não lhes convém no momento...

Mesmo quando fazemos por esquecer e tentamos recalcá-la, a memória reage, “engasga-nos”, gera sintomas e interpõe-se em relação a tudo aquilo de falso que pretendemos erguer à margem da memória.

Sejamos mais coerentes! Língua cumprida, memória curta…

 

Ilídio Bartolomeu 

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