Com razão, as
pessoas costumam responsabilizar sempre o presidente da Câmara, por tudo o que
acontece no Concelho. A falta, de empregos, qualidade de vida,
industrialização, mobilidade, secas, recursos hídricos, buracos, lixo, ausência
de contratos para a contratação de empregados para o Poder Público que deve ser
precedida de concurso público, porque sem tal conduta
implica ilegalidade, o colapso da natalidade - um problema mesmo com
continuamento de estímulos dados aos cônjuges e a pandemia que exige da
sociedade uma grande cooperação e responsabilidade. A culpa é do presidente.
Tudo,
rigorosamente tudo, é com o presidente. Vale opinar que, como as pessoas não
moram em abstrações políticas, do ponto de vista objetivo, a supervalorização
da figura do presidente é mais que justificada. Não é sem razão que, ao ver um presidente
esquivar-se de questionamentos sobre certos temas, os munícipes em variados
graus de consciência cidadã, reagem, insistindo em responsabilizar o Presidente
do Município.
No imaginário
das pessoas, talvez pela proximidade com o governo, o presidente é a autoridade
responsável por tudo o que ocorre ou influencia o concelho. Na prática, o presidente
sabe da responsabilidade política que tem sobre todos os assuntos públicos no
âmbito municipal. Se quiser ser bom governante, tem de contornar as restrições
financeiras que dificultam a realização das tarefas próprias do cargo, e ir
além dos limites estabelecidos pela Constituição na busca de soluções dos
problemas que perturbam o bem estar das populações.
E nesta perspetiva,
um presidente incapaz de fazer valer a força política do município que governa
para superar os problemas que afetam a prosperidade e o bem estar dos
conterrâneos, não merece o cargo que exerce.
A missão do
Presidente da Câmara Municipal é promover a qualidade de vida de todos os
cidadãos no município, gerindo de forma sustentável os recursos do território e
praticando um serviço público de qualidade. Para isso, desenvolvem determinadas
tarefas, em determinadas áreas, como por exemplo planear, gerir, investir, fiscalizar,
licenciar dar a opinião e defender os direitos dos cidadãos que representa
junto de outras entidades, como a Assembleia da República ou o Governo.
Por vezes,
algumas das suas tarefas são realizadas pelas Juntas de Freguesia, delegadas
através de contratos ou acordos, ajudando-o assim a cumprir a sua missão.
A Assembleia
Municipal, é o órgão eleito diretamente pelos cidadãos, a quem compete
aprovar certas decisões da câmara e fiscalizar a sua ação. Também fazem parte,
por inerência, os presidentes das juntas de freguesia desse município, se estão
presentes e não reclamam, será que a culpa é do presidente? Ou falta coragem de
expor os problemas inerentes à sua Freguesia? Ou não sabem ao que vão?
Há memórias que
parecem curtas, sim. Quando? Quando nos toca. Aí os remorsos que sentimos leva-nos
a fugir da culpa por mais que, “à vista desarmada”, faça com que
pareçamos indiferentes a ela. Ou quando temos uma dificuldade fundamental
de sermos sensíveis ou solidários com o mal estar da comunidade. Por outras
palavras, as pessoas não têm a memória curta. Curta é acima de tudo a rapidez
com que se ignora tudo o que se sente e se diz de alguém quando não nos convém,
para depois na altura certa, dar continuidade dos disparates que se dizem aos
Presidentes da Câmara e da Freguesia.
Há coisas que
nunca deixarão de me surpreender.
A capacidade que as pessoas têm para eliminarem da sua memória tudo o que
anterior a determinado acontecimento. É a tendência visível dos seres humanos
para passarem uma esponja por cima de tudo o que não lhes convém no
momento...
Mesmo quando
fazemos por esquecer e tentamos recalcá-la, a memória reage, “engasga-nos”,
gera sintomas e interpõe-se em relação a tudo aquilo de falso que pretendemos
erguer à margem da memória.
Sejamos mais
coerentes! Língua cumprida, memória curta…
Ilídio Bartolomeu
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