sábado, 16 de janeiro de 2021

A MINHA VOCAÇÂO É ESCREVER!

 

Depois de ter passado por momentos muito delicados relacionado à minha saúde, a cirurgia a duas das vertebras da coluna, foi um êxito. Não direi que já estou aqui para as curvas, mas havemos lá chegar. Está de parabéns a ciência médica!

Como é meu atributo escrevo simplesmente para deixar para o futuro as memorias duma passagem dum tempo de alegrias, tristezas, grandezas e miséria, denuncias e enaltecer o que está bem. Foi, assim que nasceram os meus textos, artigos e crónicas.

Eu, tive desde a infância várias vocações que me chamavam ardentemente. Uma das vocações era escrever. E não sei porque foi tão tarde que me apercebi que era esta a vocação que tinha de seguir. Talvez porque para as outras vocações eu precisaria de uma longa aprendizagem, enquanto que para escrever o aprendizado é a própria vida, vivendo em nós e ao redor de nós. Distrai-me  até aos meus 55 anos de idade, para que um dia eu tivesse a mão em meu poder. E, no entanto, cada vez que vou escrever, é como se fosse a primeira vez. Cada texto, artigo ou crónica, é uma estreia penosa e feliz. Essa capacidade de me renovar à medida que o tempo passa, é o que eu chamo de viver a escrever desde que me reformei.  É assim que o meu tempo vai passando.

O meu ponto de partida é sempre um sentimento de sectarismo, uma sensação de injustiça. Quando me sento para escrever um texto , não digo a mim mesmo: ”Vou produzir uma obra de arte”. Escrevo porque existem mentiras que pretendo expor, um facto para o qual pretendo chamar atenção, e a minha preocupação é atingir um publico local.

Mas não conseguiria escrever um texto, nem um longo artigo para uma revista, Não sou capaz de abandonar por completo a visão de um mundo que adquiri na infância, nem quero. Enquanto viver e estiver com alguma saúde, continuarei a ter um forte apego ao meu estilo de conversa, a amar a superfície da Terra, a sentir prazer com objetos sólidos e fragmentos de informações inúteis. De nada adianta tentar reprimir esse meu lado. O trabalho é conciliar os gostos e os desgostos enraizados com as atividades essencialmente locais, não individuais, que esta época impõe a todos nós.

Porque a criação só pode encontrar o seu acabamento na leitura; porque o artista deve confiar a outro a tarefa de concluir o que ele começou; porque somente através da consciência é que ele pode ter como essencial a sua obra. É um apelo.

Acho que para cada escritor há uma razão diferente. No meu caso, num certo sentido, é o desejo interior de dar um testemunho do meu tempo, da minha gente e principalmente de mim mesmo: eu existi, eu sou, eu pensei, eu senti e eu queria que todos soubessem. No fundo, é esse o grito do escritor, de todo artista. Creio que o impulso de todo artista é esse. Eu existo, olhem para mim, escutem o que eu quero dizer: tenho sempre uma coisa para contar. Creio que é por isso que  eu escrevo.

Escrever é apelar ao leitor para que ele faça passar à existência objetiva o descobrimento que empreendi por meio da linguagem.

Espero que todos tenham um bom dia.

Ilídio Bartolomeu

18-1-2021


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