É, eu tenho um blog, mas não tenho um blog pretendendo ser uma celebridade nacional, eu simplesmente gosto de escrever, gosto de partilhar coisas, embora a maioria das pessoas não goste de uma boa conversa.
O Blog dá-me
voz, e posso ser ouvido e sei que de alguma forma, alguma coisa que escrevo para
alguém, isso motiva-me a continuar a escrever. Escrevo porque é durante esse processo
de criar que me sinto cheio de energia. Escrevo porque gosto de trabalhar
as palavras e porque é uma maneira de dividir os meus pensamentos e leituras.
Escrevo porque é uma paixão e coisas pelas quais temos paixão nos motivam
constantemente.
Uma das coisas
que mais me perguntam nos mails que me enviam é: tenho um blog, como é que
posso ter muitos leitores/ganhar dinheiro com ele/ fazer com que seja
conhecido?. Nunca respondi a nenhum destes mails, essencialmente por não saber
o que dizer. Quando criei o meu blog, não tinha nenhuma espécie de ambição com
ele. Basicamente, queria escrever as minhas parvoíces, fosse sobre o que fosse.
No ano 2000, já estava reformado do trabalho, apôs uns dias percebi logo que não ia ser fácil gastar tanto tempo
disponível sem fazer nada.
Ora como os
blogs estavam a dar os primeiros passos nessa altura em Portugal, achei que era
uma boa plataforma para os meus devaneios. Pouca gente ligava a blogs nessa
altura. Não havia nenhum interesse por
parte das pessoas. Não sei quantos leitores tinha por dia (só instalei o
contador de visitas uns quatro anos depois), só me guiava pelos comentários
deixados que foram crescendo. Ao longo destes anos o blog passou por altos e
baixos. Há alturas em que me apetece
escrever várias vezes por dia, e alturas em que perco a paciência e me apetece
mandar tudo para o inferno.
Eu tenho um
canal do Youtube e gosto de gravar vídeos, mas se me pedissem para escolher
entre blog e Youtube com certeza eu escolheria blog. Primeiro porque eu gosto escrever,
quem me acompanha desde há muitos anos atrás sabe que eu gosto da escrita e
segunda porque sei que muitas pessoas ainda gostam dos blogs e por mais que o
youtube seja legítimo, no blog a pessoa consegue muito mais informações.
Que me lembre encerrei
por uma vez o blog mas só por um tempo reduzido. Para quem, como eu, criou um
blog para escrever, é difícil fechar portas. Sente-se a falta. E para quem tem
a total liberdade de escrita (porque agora cai o Carmo e a Trindade se vem de
lá uma piada ou uma opinião mais polémica), o blog diverte-me mesmo muito,
porque me dá prazer. Dá, continua a dar. É apenas diferente.
Ninguém sabia
quem eu era, ninguém me conhecia a cara e, durante alguns anos, nem o meu nome
era conhecido. Mas, mesmo assim, chegavam
cada vez mais leitores. Ao mesmo tempo, iam aparecendo cada vez mais e mais
blogs. Arrisco dizer que, hoje em dia, toda a gente tem um blog. O que não é
uma coisa má. Eu sou um mau blogger. Mas sem dúvida que os blogs têm um papel
importante. Puseram as pessoas a escrever e a ler mais.
Há blogs para
todos os gostos. Agora... criar um blog para ter sucesso e ganhar dinheiro?
Isso, sinceramente, não sei como se faz. Porque não criei o meu blog para isso.
Não nos façamos de sonsos: um blog com muitos leitores atrai coisas boas (e
más, ui, tantas coisas más). E, para além do prazer da escrita e da partilha,
ter um blog proporcionou-me, efetivamente, coisas boas: experiências únicas.
Muita gente diz
que este blog está carregado de textos aborrecidos e longos; meus amigos - estou apenas a falar de coisas que gosto e acho giras (sem receber nadinha
por isso). Eu falo daquilo que gosto. E podem ter a certeza que nunca aqui
recomendei nada em que não acreditasse. Porque, para mim, só faz sentido se for
assim. E porque este continua a ser um blog pessoal. E acho que é precisamente
por ser um blog transversal que acaba por criar empatia. É o blog de uma pessoa
normal escrito para pessoas normais.
Tentar manter
um blog durante 20 anos. Tentar com que se mantenha interessante. Tentar
agradar a gregos e a troianos. Tentar abstrair-me para não mandar à "merda" diariamente os muitos idiotas que aqui vêm destilar ódio e frustrações. Tentar
escrever todos os dias. E, no meio disto tudo, tentar não perder a essência. E
não esquecer porque é que se começou. Não há truques para um blog ser
conhecido. Tirando o facto de que, nos dias que correm, facilmente se lança um
blog e se faz com que seja conhecido. Mas depois falta o resto. Que é aguentar.
E mantê-lo. E ter prazer com isso. Porque se for só uma obrigação, um meio para
se atingir um fim (sucesso), então podem esquecer. Começam a fartar-se, a
perder a paciência para as coisas chatas (que as há, e ao fim de meio ano o
blog já era).
Gosto de ser blogger. Gosto mesmo muito de ser
blogger. E de mandar nesta barraca há mais de 20 anos. Ah, e tal, é tão fácil
ter um blog, qualquer um tem. Aguentá-lo é que é mais difícil. Comecem um blog
porque acreditam que têm alguma coisa a dizer ao mundo (não importa se é sobre
o vosso cão, os progressos escolares ou a vossa tara por oculos). Há sempre
espaço para mais um. E se, pelo meio, conseguirem coisas boas, então espetacular.
Não pensem é que este é o caminho mais fácil para atingirem um fim. Porque,
muitas vezes, o caminho não é mesmo nada fácil.
“Eu cá não sou
nenhum Shakespeare” – mas na verdade a maioria
dos bloggers também não o são. No entanto, escrever regularmente irá
realmente melhorar estas suas capacidades de escrita. Além disso, hoje em dia
existem muitas ferramentas online que podem ajudá-lo a manter-se afastado dos
grandes erros dos blogs.
Quem ainda não
tem um objetivo na vida, perde muito tempo passando por caminhos cheios de
espinhos que não levam a lugar algum!...
Ilídio
Bartolomeu
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