Sei que o ponto
onde partimos na vida, condiciona muito o ponto onde chegamos. Hoje, aos 74
anos, sei que não escreverei tudo o que gostaria de escrever, que não irei a
todos os lugares onde gostaria de ir. Por vezes, mesmo gostando da vida que
tive, da vida que tenho, sinto que uma vida não me chega para fazer tudo o que
gostaria de ter feito nesta vida. Não a trocaria por outra, mas sei que, hoje,
aos 74 anos, tenho aspirações que não tive aos 15 e que, se calhar, deveria ter
tido!
Aos 15, estava
simplesmente, a fazer o caminho que me tinha sido destinado. Hoje tenho consciência
do esforço que representava para os meus pais deixarem-me ir, abdicar do pouco
trabalho que eu fazia.
Não somos
apenas aquilo que queremos ser. Somos aquilo que a vida fez de nós. Por vezes,
penso que alguns se esquecem disso, quando apelidam o outro de preguiçoso,
porque não tem emprego, certamente porque não estudou. Por vezes julgamos o
ponto de chegada sem olhar ao ponto de partida. Julgar os outros é fácil,
muitas vezes ignorando a sua história.
Todos temos a
nossa história e todos vivemos com ela. É, no entanto, muito fácil julgar
depressa demais, exigir que todos estejam alinhados num determinado ponto, sem
perceber que nem todos partiram do mesmo lugar!
Por vezes,
sinto que uma vida não me chega e, mesmo assim, agradeço a vida que tive, a vida
que tenho e penso que muitos, ainda hoje, demorarão uma vida inteira a chegar
ao ponto de onde eu parti!
Não há
transição que não implique um ponto de partida, um processo e um ponto de
chegada. Todo amanhã se cria num ontem, através de um hoje. De modo que o nosso
futuro baseia-se no passado e se corporifica no presente. Temos de saber o que
fomos e o que somos, para sabermos o que seremos.
O segredo para
ser feliz, é aceitar o lugar onde estamos hoje na vida, e dar o melhor de nós
todos os dias.
Ilídio
Bartolomeu
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