Precisamos das
raízes: existe um lugar no mundo onde nascemos, aprendemos uma língua,
descobrimos como os nossos antepassados superavam os seus problemas. Num dado
momento, passamos a ser responsáveis por este lugar.
As raízes é a
base de um ser humano, mediante qualquer dificuldade na vida, ele enfrenta, porque
ele tem o equilíbrio, ele sabe até onde vai o seu voo: é por isso que
atualmente está tudo desestruturado, porque faltam o necessário as raízes (base)
as asas, é a fé, a coragem de como podemos enfrentar as adversidades do
dia-a-dia.
Chegamos a
certa altura das nossas vidas parece que
aquilo que estamos a viver já não faz mais sentido. É como se tivesse perdido o
significado. Olhamos para trás e sorrimos nostálgicos e saudosos. “Como era bom
aquele tempo, quando tudo tinha uma intenção”. Só que a vida é assim mesmo. Ela
continua. Ela prossegue. E nós prosseguimos com ela. De maneira que nos
transformamos, intimamente, profundamente, internamente. Chegamos a certa
altura das nossas vidas, olhamo-nos no espelho e, comparando-nos com quem um
dia fomos, chegamos à conclusão de que já não somos mais os mesmos. E se não
somos mais os mesmos de antes, pode ser que também não caibamos mais nas ordenações
de outrora. Quando os galhos já não nos pertencem. Só nos resta voar para novas
árvores.
A questão é que
não é tão fácil quanto possa parecer, principalmente quando nos sentimos tão fixados
àquilo sobre o qual insistimos. É como se, ao assumirmos para nós mesmos que já
não condiz com quem somos, estaremos definitivamente rasgando com o passado que
construímos. E se rompermos com o passado, precisaremos começar uma nova
história. E seres humanos, convenhamos, não são tão parciais às novidades da
vida.
Quem é livre
bate as asas e voa. Voa sorridente. Voa tranquilo. Voa disposto ao que quer que
seja que tenha à sua frente, porque sabe que, embora despedindo-se de tudo até
aquele momento que tinha importância, será recebido por tantas outras
experiências que se tornarão tão significativas quanto as coisas do passado.
Voa rumo a novas descobertas. Voa rumo a novos sentimentos. Voa rumo a um novo
significado para a vida. Voa para o universo de hipóteses existente, para
outras árvores por aí.
Agora, quem se prende,
quem sente que o galho já não é mais confortável como um dia fora, porém, mesmo
assim, insiste em fincar nele, pode acabar destruindo as boas lembranças. É o
que acontece quando insistimos em algo que já acabou. Pode ter sido a coisa
mais maravilhosa que vivemos. Podemos ter feito, em qualquer momento, com que
nos sentíssemos como os mais felizes do mundo vivendo aquela experiência. Mas
condenaremos à ruína os memoráveis instantes por insistirmos naquilo que não
combina mais com a pessoa que nos tornamos. Consigo ser claro? Podemos apagar
uma história tão linda por não sabermos como encerrá-la.
Precisamos das
asas. Elas mostram-nos os horizontes sem fim da imaginação, levam-nos até aos
nossos sonhos, nos conduzem a lugares distantes. São as asas que nos permitem
conhecer as raízes de nossos semelhantes, e aprender com eles.
Voe quando
chegar a hora. Bata as asas. Seja valente. Não se intimide. A vida é isso
mesmo. Nada é definitivo. Algumas coisas poderão durar para sempre. Mas outras
não. E as que precisarem chegar ao fim não precisam ter um fecho dramático,
traumático. Saiba encerrar os ciclos com a mesma grandeza com a qual eles foram
iniciados. Honre o que o fez feliz na vida.
Bendito quem
tem asas e raízes; e pobre de quem tem apenas um dos dois.
E permita-se às
novas etapas.
Ilídio
Bartolomeu
No local de minhas raízes onde hoje sou responsável, planto arvores e cuido da natureza como forma de agradecimento por tudo que me proporcionou. No local das minhas asas planto afeto agradecendo o muito que aprendi e o muito ainda que desejo aprender para me tornar melhor.
ResponderEliminarMuito boa esta abordagem. As suas raízes não são o que o limita, como alguns o têm citado, mas a sua identidade com um lugar, cultura e povo. As asas é a capacidade de buscar descobrir novas culturas para um aperfeiçoamento e gosto pessoal no meu entendimento. É fantástico conhecer outras culturas e outros povos, mas quando penso nos meus antepassados e na minha terra tenho muito orgulho e a emoção bate mais forte. Acho que é isso que o Ilídio quer dizer. Abraço
ResponderEliminarExcelente reflexão, pedagógica e actual. Parabéns Ilídio..
ResponderEliminarParabéns Ilidio. Gostei imenso do que escreveu .Deus lhe continue a dar forças e inspiração para continuar a sua obra.Grande abraço .Lena
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